O prémio literário Dom Dinis, instituído pela Casa de Mateus, foi atribuído este ano ao poeta Fernando Echevarría, pelo livro «Epifanias». Echevarría, um dos mais destacados nomes da poesia portuguesa nasceu em 1929 em Cabezón de la Sal, Santander, filho de pai português e mãe espanhola, estudou em Portugal e em Espanha e reside actualmente no Porto. Logo com o seu livro de estreia atraiu a atenção da crítica, mas foi com o segundo, «Tréguas para o Amor», que a qualidade da sua escrita se afirmou. Nos anos seguintes, manteve uma produção poética regular, várias vezes objecto de estudo e distinguida com prémios literários.
Dos seus mais recentes títulos destacam-se «Sobre os mortos», Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, «Uso da Penumbra», «Geórgicas», Prémio de Poesia do Pen Clube, Prémio António Ramos Rosa e Prémio Fundação Luís Miguel Nava, e «Introdução à Poesia», Prémio Teixeira de Pascoaes.
Articulava-se no verbo. E vinha
desenvolver seu movimento claro,
precisamente na superfície lisa
onde inscrevia o eco só de espaço.
Os músculos escritos instruíam
simulações, vazios simulacros
que, contudo, rumava por um dia,
muito mais do que concreto, abstracto.
Mas, o mais admirável era ainda
a luminosidade de os seus passos
ir assentar naquela terra viva,
que vive em si. E esquece o tempo nado
da lucidez acústica da escrita
para impor outro que refunda o espaço.
*
Dos seus mais recentes títulos destacam-se «Sobre os mortos», Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, «Uso da Penumbra», «Geórgicas», Prémio de Poesia do Pen Clube, Prémio António Ramos Rosa e Prémio Fundação Luís Miguel Nava, e «Introdução à Poesia», Prémio Teixeira de Pascoaes.
Articulava-se no verbo. E vinha
desenvolver seu movimento claro,
precisamente na superfície lisa
onde inscrevia o eco só de espaço.
Os músculos escritos instruíam
simulações, vazios simulacros
que, contudo, rumava por um dia,
muito mais do que concreto, abstracto.
Mas, o mais admirável era ainda
a luminosidade de os seus passos
ir assentar naquela terra viva,
que vive em si. E esquece o tempo nado
da lucidez acústica da escrita
para impor outro que refunda o espaço.
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Certo silêncio sedimenta. Quase
se lhe confunde a extensão de olvido.
De ambos, às vezes, surde a frase
com tão intensa exactidão de brilho
que sabemos que vem. Mas ninguém sabe
de que se fez o antes de ter vindo.
O que é claro, contudo, é que vem dar-se
quando, o negrume exterior extinto,
o tempo fica a sustentar a frase.
E a frase punge o seu esplendor mais vivo.
se lhe confunde a extensão de olvido.
De ambos, às vezes, surde a frase
com tão intensa exactidão de brilho
que sabemos que vem. Mas ninguém sabe
de que se fez o antes de ter vindo.
O que é claro, contudo, é que vem dar-se
quando, o negrume exterior extinto,
o tempo fica a sustentar a frase.
E a frase punge o seu esplendor mais vivo.
FERNANDO ECHEVARRÍA
dois poemas
(in Epifanias, Afrontamento, 2006)
"[...] Echevarría é um poeta sem concessões nem modismos, comprometido com as palavras e as ideias, algumas das quais só existem plenamente quando alcançam uma expressão poética exigente. / [...] Uma poesia que é mais concreta que as coisas concretas, porque delas retira a sua essência [...]." - PEDRO MEXIA in 6ª/DN, 14/4/06
A saborear, independentemente dos prémios…
dois poemas
(in Epifanias, Afrontamento, 2006)
"[...] Echevarría é um poeta sem concessões nem modismos, comprometido com as palavras e as ideias, algumas das quais só existem plenamente quando alcançam uma expressão poética exigente. / [...] Uma poesia que é mais concreta que as coisas concretas, porque delas retira a sua essência [...]." - PEDRO MEXIA in 6ª/DN, 14/4/06
A saborear, independentemente dos prémios…
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