Wednesday, March 19, 2008

em nome do pai...

Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai (Sigmund Freud)
Havia de surgir o momento em que usufruiria do blog para me enternecer com o dia do pai. Enquanto progenitor estou rendido desde o 5.º dia do mês de Maria do ano de 1993, não obstante as idiossincrasias que um adolescente, um belo rapaz devo realçar, sempre acarreta na tensão sanguínea parental. Como filho, aqui confidencio que não despendi mais atenção que a essencial ao homem meu pai, por circunstâncias várias a que os viajantes deste espaço virtual são e vão permanecer alheios. Mas este meu pai está agora infelizmente remetido ao silêncio do juízo final depois de uma minguada vida que, não tendo sido nem boa nem nefasta, foi, apesar de tudo, empreendimento que valeu a pena ser vivido. Um homem meigo. Uma boa pessoa. O seu perfume não deixou de suavizar a minha vida e uma saudadezinha escondida estará sempre latente em mim! No entanto, muito esteve por dizer, algumas coisas por corrigir. Depois de ter sido pai, no mesmo ano em que deixei de ser filho, descobri que não tendo conhecido nada melhor para fazer com a minha existência, ficou ela comprometida com o olhar o meu filho, nem que fosse por uma questão de compromisso místico em nome do (meu) pai.

17 comments:

João Roque said...
This comment has been removed by the author.
João Roque said...

Meu caro Luís
linda a forma como através da tua visão de pai, chegas à homenagem (pois é disso que se trata) ao teu progenitor, que pese embora tenha partido sem que os vossos assuntos estivessem completamente arrumados, e a morte, nestes casos, chega sempre cedo de mais, tu recordas com saudade e emoção.
A mesma com que eu recordo o meu e a enorme vontade de lhe retribuir um muito especial abraço que ele me deu quando lhe abri o coração...
Infelizmente, não poderei rever-me hoje na condição de pai, como tu, e ainda bem, podes fazer.
Parabéns por este teu dia, meu bom Amigo.
Forte abraço.

Maria P. said...

Excelente forma de homenagear um Pai, sendo um bom Pai!

Beijinho*

adouro-te said...

Pois é, Luís...
Os pais, os filhos e as mulheres amam-se com fome faminta.
Ontem... eles!
Hoje... nós!
Amanhã... os nossos!
A vida!
Abraço.

C Valente said...

Parabens a todos os pais, dignos desse nome
Saudações amigas e Pascoa Feliz

avelaneiraflorida said...

Sente-se o sentir...isso é que conta!

Caxuxita said...

Parabéns por este dia...

Bonita homenagem que fizeste ao teu Pai...


Beijinho

Anonymous said...

Parabéns pelas palavras e pela música.

MJ

As Tertulías said...

uma mensagem forte. bonita. parabéns também para voce!
Ricardo

BlueVelvet said...

Ainda que entrecortada com alguma mágoa, não deixa de ser uma linda homenagem ao seu pai.
Beijinhos e veludinhos

Maria P. said...

Feliz Páscoa Luís.
Beijinhos*

Outonodesconhecido said...

http://jasmimdomeuquintal.blogspot.com/ e outono desconhecido desejam-te Boa Páscoa e deixam-te este poema:

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épitrági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.
José Régio

Kalinka said...

PARABÉNS PELO DIA DO PAI

(um pouco atrasada, reconheço...)

pin gente said...

há sempre um certo misticismo nas boas relações pa(ma)ternais

abraço

Maria Clarinda said...

Bela, bela a maneira como chegaste à homenagem ao teu pai.
Jinhos e continua a ser sempre um PAI!!!!!

Ana Paula Sena said...

Muito bonita esta homenagem, Luís!

Eu adorava o meu pai! :)

Gostei de ler.

Anonymous said...

Gostei muito do teu texto, mas tive de me esconder por detrás do ecrã, para não me verem... A morte do meu pai ainda continua demasiado recente e este Dia, celebrado por tantos, faz-me sentir, ainda mais do que as saudades, o vazio que ficou.
Beijos