Let me sleep on your breast
Till the airport
Till the airport
SEAMUS HEANEY
guarda-me
adormecida para sempre no teu peito
ou deixa-me voar uma vez mais sobre esta
terra de ninguém onde morro
por qualquer coisa que me fale de ti
há noites assim em que o silêncio
se transforma ao de leve numa lâmina
que minuciosamente rasga os lençóis
onde ficou esquecido o corpo que habitámos
em provisórias madrugadas felizes
depois é só abrir os braços e acreditar
que ainda faltam muitas horas para a partida
e que à toa pelos corredores ainda escorre
uma razão primeira a trazer-me de volta
e eu adormecida para sempre
no teu peito
e de novo entre nós aquele choro de quem
não teve tempo de preparar a despedida
com as palavras certas
porque as palavras certas estavam todas
em histórias erradas
que outros escreveram em lugares transparentes
e fluidos
que nem vale a pena tentar desculpar
muito ao longe uma voz desgarrada
estabelece o fim do verão
e eu adormecida para sempre
no teu peito
e eu acorrentada para sempre
no teu peito
ALICE VIEIRA
Dois corpos tombando na água
Valeu a pena vir na Fertagus, atravessar a ponte, lendo o JL, embalado pela poesia de Alice Vieira (p. 25), « uma jornalista que também escreve livros».
guarda-me
adormecida para sempre no teu peito
ou deixa-me voar uma vez mais sobre esta
terra de ninguém onde morro
por qualquer coisa que me fale de ti
há noites assim em que o silêncio
se transforma ao de leve numa lâmina
que minuciosamente rasga os lençóis
onde ficou esquecido o corpo que habitámos
em provisórias madrugadas felizes
depois é só abrir os braços e acreditar
que ainda faltam muitas horas para a partida
e que à toa pelos corredores ainda escorre
uma razão primeira a trazer-me de volta
e eu adormecida para sempre
no teu peito
e de novo entre nós aquele choro de quem
não teve tempo de preparar a despedida
com as palavras certas
porque as palavras certas estavam todas
em histórias erradas
que outros escreveram em lugares transparentes
e fluidos
que nem vale a pena tentar desculpar
muito ao longe uma voz desgarrada
estabelece o fim do verão
e eu adormecida para sempre
no teu peito
e eu acorrentada para sempre
no teu peito
ALICE VIEIRA
Dois corpos tombando na água
Valeu a pena vir na Fertagus, atravessar a ponte, lendo o JL, embalado pela poesia de Alice Vieira (p. 25), « uma jornalista que também escreve livros».
8 comments:
Brla escolha!
Quanto a Pistoia fica a cerca de 80km de Florença onde estive a passar o mês de Março. Pistoia é uma cidade linda com um centro histórico impressionante; contudo, esta estátua moderna lembrou-me a viajante empedernida que eu sou.
Estimado Luis,
são sempre surpresas agradáveis as dicas que vais "dicando".
E e eu continuo às voltas destas 80 páginas que nunca mais largo....
Bom trabalho e um excelente fim de semana,
Maria Joao C
E mora muito bem.
Sabe brincar com as palavras e com sentimentos lidas e entendidos por todas as idades...
Tempo bem passado :-)
E como é bom encontrar a Alice aqui, deve ter sido uma excelente viagem.
Boa noite.
A Alice Vieira e as suas espectaculares viagens ao mundo da aventura,do romance ou de uma simples história para a criançada.
Bjs zita
Olá Luís! Que surpresa! Muito bonito o poema da Alice Vieira! Para mim será sempre, também, uma das escritoras da minha infância... p. ex. "Rosa minha irmã Rosa" :) entre tantos... com os quais eu viajava, me deliciava... q devorava! :) bom fim semana! beijocas
Lindo, lindo!...
Bom fim-de-semana!
:)
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