Annie Silva Pais, filha única do último director da PIDE, o Major Fernando Silva Pais, o mais alto responsável da polícia política de Salazar, é casada com um diplomata suíço, destacado em Havana. A estada em Cuba e um encontro com Che Guevara mudarão a vida de Annie, que, saturada de uma existência em função das aparências, condicionada pelo regime ditatorial português, se entregará à revolução cubana e aos seus ideais. Desaparecida durante algum tempo, Annie abandona o marido, a família e o país. No Portugal de Salazar, todos temem que tenha sido raptada e utilizada no contexto da guerra colonial. Mas Annie envolve-se numa luta de convicções, só regressando a Portugal após o 25 de Abril para ir visitar o pai à prisão. A coragem será uma das principais marcas desta mulher, que protagoniza uma peça onde o drama, a traição, os afectos, a morte e os combates políticos se cruzam naquela que é uma história de vida singular.
A história da filha do director da polícia política que, de esposa burguesa dum diplomata, passa a revolucionária - encandeada pela aura heróica de Che Guevara, na Cuba dos anos 60 - foi primeiro contada no Expresso, por José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz. Da versão agora em cena assiste-se a flashes das reviravoltas pessoais e políticas de Annie. A recuperação realista deste acontecimento lateral da nossa memória recente justifica-se num país em que episódios da história de Portugal contemporânea são quase inexistentes. Uma história de pessoas e de países, de países que mudam e de pessoas que se mudam de armas e bagagens, levando a alma atrás, quando se cansam de os outros as tomarem como territórios já conquistados. Os ritmos latino-americanos e os ícones musicais da revolução de Abril, que contrastam com a mudez do Portugal salazarista, constituem um ponto muito agradável desta peça. Vi e ouvi, ontem, no Teatro Nacional D. Maria II e ainda estou a digerir…
A história da filha do director da polícia política que, de esposa burguesa dum diplomata, passa a revolucionária - encandeada pela aura heróica de Che Guevara, na Cuba dos anos 60 - foi primeiro contada no Expresso, por José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz. Da versão agora em cena assiste-se a flashes das reviravoltas pessoais e políticas de Annie. A recuperação realista deste acontecimento lateral da nossa memória recente justifica-se num país em que episódios da história de Portugal contemporânea são quase inexistentes. Uma história de pessoas e de países, de países que mudam e de pessoas que se mudam de armas e bagagens, levando a alma atrás, quando se cansam de os outros as tomarem como territórios já conquistados. Os ritmos latino-americanos e os ícones musicais da revolução de Abril, que contrastam com a mudez do Portugal salazarista, constituem um ponto muito agradável desta peça. Vi e ouvi, ontem, no Teatro Nacional D. Maria II e ainda estou a digerir…
A propósito ouvir Nathalie Cardone
15 comments:
Narrativa fantástica! Curiosa.
Uma boa semana, beijinho*
E eu tenho o livro do José Pedro Castanheira e do Valdemar Cruz a caminho...
Mas agora fiquei tão curiosa, que acho que vou programar uma ida ao Teatro...
Obrigada por este post.
Um beijo
Gostei do teu blog...
www.rochasuave.blogs.sapo.pt
A tantas veces que os filhos tornan a ser rebeldes por causas que aparentemente não têm que ver com causas familiares ou pessoais mas simplesmente ideológicas... O tema toca-me forte, porque eu proprio vivo muitas vezes na luta interna de ter um passado familiar que detesto em muitos aspetos. é duro... é triste...
um abraço
Também fiu ver a peça e confesso que em certa medida me desiludiu, pois esperava mais "garra" dos artistas sobretudo dos mais novos que me pareceram um pouco naquela linha muito "clean and cool" qua agora está na moda, sem trnsmitirem verdadeiramente a emoção que estaria naturalmente presente naquela época, contexto político e local...ou seja, um desempenho asséptico e sem grande envolvimento emocional, o que é pena, pois o tema é susceptível de ser utilizado até para uma produção cinematográfica...
Tenho a certeza que a dita "Annie" deve ter sido uma mulher muito exuberante, apaixonada e emotiva...como todos os verdadeiros revolucinários o são!
A vida por vezes que pensamos nos fazer felizes tem abismos que só em determinado momentos reconhecemos, e aí é deitar tudo para o alto e ganhar a coragem para lutar por aquilo em que acreditamos.
Olá Dr. Luís Galego
Espero que tenha uma Santa Páscoa, assim como a sua família.
Já estive a espreitar o seu blog e é bastante interessante, está de parabéns.
Cumprimentos
Sílvia Mendes
Vê lá se convidaste!
lololol
Abraço
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Feliz Páscoa !!
Estou ansiosa por, pelo menos, comprar e ler o livro!
Uma Santa Páscoa!
:)
Como sempre um bom artigo de uma pessoa que ama e sabe o que é a arte com A grande...
Uma boa Páscoa
Não são poucas as pessoas especiais de que nos dás notícias, Luís! Sempre enriquecedor vir aqui.
Beijinho :)
Desculpa não poder estar tão presente como antigamente, mas a minha vida agora não me permite ver com frequencia os blogues.
Não busques para lá.
O que é, és tu.
Está em ti.
Em tudo.
A gota esteve na nuvem.
Na seiva.
No sangue.
Na terra.
E no rio que se abriu no mar.
E no mar que se coalhou em mundo.
Tu tiveste um destino assim.
Faze-te a margem do mar.
Dá-te à sede das praias
Dá-te a boca azul do céu
Mas foge de novo à terra.
Mas não toque nas estrelas.
Volve de novo a ti.
Retoma-te.
Cântico XXII, Cecília Meireles
Uma Santa Páscoa.
Beijos:)
Até parece um romance do Jonh L. Carré, mas foi uma história bem verdadeira. O amor é assim, não há barreiras que se lhe oponham
Na altura desses acontece cimentos falou-se nisso à boca pequena. Muito pouca gente dele teve conhecimento
A crítica, porém não disse muito bem desta peça
Um abraço e BOA PÁSCOA
Acompanhei a história quando foi contada no Expresso, e achei muito bom que a tivessem transposto para o teatro.
Um abraço!!!
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