Dos bairros de lata de Paris até às luzes da ribalta, a vida de Edith Piaf foi uma batalha para cantar e sobreviver, viver e amar. Educada num ambiente de pobreza, a sua voz, os seus romances ardentes e as amizades que tinha com grandes nomes da época - Yves Montand, Jean Cocteau, Charles Aznavour, Marlene Dietrich, Marcel Cerdan e outros – fazem de Edith uma celebridade. Mas numa tentativa ousada em domar o seu destino trágico, o “Rouxinol de Paris” voou tão alto que não conseguiu evitar queimar as suas asas. “Para aqueles que cresceram a ouvir as transformações mágicas de Piaf (...) ‘La Vie en Rose’ vai certamente conquistar os corações – para aqueles pouco familiarizados com a carreira de Edith Piaf, pesquisem, porque não se pode perder a performance de Marion Cotillard...”, escreveu alguém sobre o filme (cf. www.cinematical.com). Não é uma obra sublime, mas expõe uma mulher que viveu sempre em situação limite, desde a infância à glória, das vitórias às derrotas e aos sofrimentos, de Belleville a Nova Iorque. "La Vie en Rose" é a história do percurso excepcional de Edith Piaf. Um filme que tenta desvendar a vida e a alma de uma artista e de uma mulher frágil, intensa, indestrutível e com uma voz imortal. Estamos diante de uma personagem maior que a vida, uma Piaf mítica, predestinada ao sucesso, à solidão e ao sofrimento, uma Piaf que é curada por milagre de uma cegueira e tem epifanias com Santa Theresa. O filme assume essa mistificação como parte de sua estrutura – trata-se, afinal, de um dos grandes monumentos da cultura francesa -, mas não renega a sua personalidade difícil, a sua carência ou a sua dependência à morfina. Não se espere um retrato definitivo da sua vida, e a sua edição não-cronológica, repleta de flashbacks e flashforwards, confirma esse retrato parcial, fragmentado, subjectivo e incompleto.
Mas se há uma razão de ser para o filme, algo que compense o seu excesso de sentimentalismo e a sua duração por vezes longa, ele está no trabalho de Marion Cotillard. Mais do que interpretar, ela somatiza Edith Piaf, num trabalho de corpo e gestos que trazem a cantora francesa à vida na tela de maneira impressionante. Verdade que por vezes se sente que a actriz está à deriva num filme que nem sempre está à sua altura, mas encontramos na tela uma actriz disposta a tudo, uma irreconhecível Marion Cotillard, que literalmente desaparece dentro da personagem, deixando-se habitar pela presença da "môme Piaf". Registo o filme sobretudo como a tentativa de recriar a vida do ícone francês, desde a sua infância miserável em plena I Guerra Mundial, até à sua morte, aos 47 anos, em 1963 e sublinho a notável interpretação da protagonista.
Mas se há uma razão de ser para o filme, algo que compense o seu excesso de sentimentalismo e a sua duração por vezes longa, ele está no trabalho de Marion Cotillard. Mais do que interpretar, ela somatiza Edith Piaf, num trabalho de corpo e gestos que trazem a cantora francesa à vida na tela de maneira impressionante. Verdade que por vezes se sente que a actriz está à deriva num filme que nem sempre está à sua altura, mas encontramos na tela uma actriz disposta a tudo, uma irreconhecível Marion Cotillard, que literalmente desaparece dentro da personagem, deixando-se habitar pela presença da "môme Piaf". Registo o filme sobretudo como a tentativa de recriar a vida do ícone francês, desde a sua infância miserável em plena I Guerra Mundial, até à sua morte, aos 47 anos, em 1963 e sublinho a notável interpretação da protagonista.
La Vie en Rose - trailer
11 comments:
Esta é a cantora favorita ~da minha mãe!
Como lá em casa música era presença habitual, claro que Edith Piaf me conheceu ainda de fraldas...:).
Quanto ao filme tenho uma certa curisidade pois ainda há pouco tempo vi uma biografia dela num canal da TV Cabo.
Não posso mesmo perder este filme...
Tinha idéia que a Piaf tinha morrido com mais idade (uma forma subtil de dizer mais velha...) e mais tarde, não em 1963.
Nem percebo como é que me lembro tão bem de um concerto dela no Olympia e do seu último amor, o Théo Sarapo..
Devo estar a ficar mesmo... antiga...
Bom domingo
Edith Piaf...uma voz inconfundível... para qualquer geração!
Curiosidade...também vi a biografia dela num canal da Tv Cabo... e recordo que as minhas filhas... ficaram silenciosas e mostraram todo o interesse em saber o percurso dessa grande Voz da música Francesa!
Obrigada mais uma ves Luis..
Temas que nunca fazem esquecer o nosso passado...
Um Bom Domingo
Beijos da
Maria
Com certeza um bom filme!
Tive o privilégio de conhecer o poeta, que te é desconhecido, com ele só poemas à flor da pele...
Abraço
Belo texto boa escolha.Que nunca lhe doam as mãos.Um verdadeiro serviço público.
A leitura que fazes das películas que vês, dos títulos que lês, é muito preciosa para quem te lê. Já escreveste alguma recensão na imprensa?
Abraço,
FMOP
a vida de edith piaf tem momentos muitos tristes... uma vez fiz um programa de rádio a respeito dela e minha colega que narrava chorou enquanto lia trechos do "Hymne al'amour"
Lindo... fui ver o filme no feriado. Mexeu tanto comigo...
Não vou perder este filme, Luís. Adoro Edith Piaf. Conheces a atriz Bibi Ferreira? Na década de 80 ela fez Piaf no teatro. Foi magnífico!
Agora quero ver!!!
:)
Só fui conhecê-la depois que a Cássia Eller regravou Non, Je ne Regret Rien no seu acústico..
Quando ouvi aquela música na voz da Cássia achei espetacular e fui procurar saber de quem era...
Aí descobri que tenho um amigo que é fascinado por ela, que ele já havia me falado dela e que eu não tinha prestado muita atenção...
Vou me informar com ele se já conhece esse filme,,,
Obrigado pela dica..
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