Sunday, December 10, 2006

a música é o idioma de Deus...


“E a Música nunca mais será a mesma…”

“Corrigindo Beethoven”, de Agnieszka Holland, é um filme sobre os três últimos anos da vida de Ludwig van Beethoven onde realidade e ficção se encontram.

O argumento integra Anna Holtz, copista do mestre e a aluna mais brilhante do Conservatório da metrópole cultural europeia: Viena. A jovem compositora é introduzida para captar a atenção do público e tornar a história mais apelativa já que é uma personagem ficcionada, uma vez que o compositor só teve copistas masculinos, ou não fosse a época ainda castradora para a emancipação feminina. O travestismo é comercial, funciona para permitir a guerra dos sexos entre copista e o compositor aqui apresentado como um homem rabugento e agressivo, com um comportamento bipolar, presume-se consequência da surdez que o vitima e impede de ouvir a própria música. A tarefa de Anna é “simples”: copiar a partitura da Nona Sinfonia para que possa ser publicada. Isto, a quatro dias da Estreia perante a comunidade intelectual austro-húngara.

É quando o titã da música apresenta a grande obra da sua vida: a Nona Sinfonia (de que faz parte a magnifica Ode à Alegria) que assistimos ao momento forte do filme, a breve recriação, em palco, da estreia desta peça. São dez minutos de êxtase, observar os músicos como se estivéssemos em 1827, na primeira vez em que a sinfonia foi tocada. Somos transportados para outra dimensão e não conseguimos desviar os olhos do ecrã para observar quer o grupo coral a elevar as vozes num cantar que arrepia quer as expressões dos rostos de Ed Harris (no papel de Beethoven, a semelhança física é notável) e da lindíssima Diane Kruger (como Anna Holdz).

É irrelevante, pois, se a história é banal porque não podemos deixar de apreciar instantes como quando Ed Harris diz que «a música é o idioma de Deus» (tendo como ambiente de fundo acordes de piano e violino), ou, em sofrimento, destilando a sua revolta contra o todo poderoso senhor do universo: «Deus infestou-me a cabeça de sons para, depois, me fazer surdo»... Também nos confrontamos com situações que nos abanam e decorrem sem palavras: por exemplo, a direcção de orquestra sobre a batuta segura nos dedos de um homem surdo. Apesar de não ser uma grande obra, este filme é sobre uma grande obra. E, se de repente, ficamos com o peito apertado... isso só pode ser a Nona Sinfonia de Beethoven. Vale a pena assistir e ouvir.

24 comments:

Telejornalismo Fabico said...

*


poucos filmes dela têm chegado ao Brasil, mas gosto muito de alguns em particular, como The secret Garden, Olivier, Olivier e Europa, Europa.
espero que e 'Corrigindo' chegue.



*

Anonymous said...

... por vezes sente-se Deus... em muita coisa, é preciso que a alma saiba acolher o que lhe é dado observar em luz!


{{coral}}

Bela said...

Aguçou-me a curiosidade e a vontade. Tenho de ver este filme.
Boa semana

silvia said...

Não sou muito de ver filmes, alias raramente vejo, por isso não sei do que se trata mas a verdade é que gosto de te ler porque fico a saber o genero e um pouco da historia.
Se me chamar a atenção, acabo por vê-lo senão fica na espectativa de um dia... quissa.

Um boa semana para ti.
Beijo e um:)

Maria Romeiras said...

Está agendado. Beethoven, a prova que a música se sente fora dos sentidos. Se algo há de divino...

Jonice said...

Comungo com a frase título de teu post, Luis. Aaaaaaaaadoro cinema e uma das razões está tão bem aqui descrita por ti, a recriação de uma realidade de quase duzentos a nos envolver como se alí estivéssemos então. E tuas linhas neste trecho da primeira apresentação têm a capacidade de envolver-me como o próprio cinema. Obrigada :)

Maria P. said...

Também este excelente texto prende a atenção ao ecrã, criando uma expectativa deliciosa, para quem ainda não teve possibilidade de assistir a esta obra. Só falta mesmo o só do violino...

Boa semana.

sem-comentarios said...

Muito interessante, a minha curiosidade ficou bem aguçada :)
Obrigada :)**

Pyny said...

Quero imenso ver esse filme. Sou fã incondicional de Beethoven, último clássico e primeiro romântico. Retribuo o desejo de uma boa noite;)

Tino said...

Escolheste frases poderosas e olha que até fiquei curioso... :)

Grande abraço!

Anonymous said...

Amigo ...
Neste Post colocas questões de grande profundidade:
- a questão do travestismo (associado à eterna questão do género...)
- a questão da perda de um dos sentido (não raras vezes maximizadora dos outros) ... como disse alguém "um pássaro cego, canta melhor" ...
- a questão da bipolaridade (esta última, finalmente reconhecida entre nós)...
Sim «a música é o idioma de Deus» . Direi, em complemento que Deus está no detalhe, na forma como se nos revela em cada olhar, em cada som que nos possibilita ...

O filme ... pois, não vi (ainda)...mas passou para a Agenda ...
Beethoven? É um dos meus "amantes" ... dos tais que dormem na minha cama, entram por todos os meus poros ...
**
Belo Post, "brother" ...
O "Oscar" vai para ... "Infinito Pessoal"... (por unanimidade e aclamação).

Bjs
Mel

Vulcano Lover said...

Não sei se lembras que eu escrevi depois de ver o filme... Tambén não gostei muito, mas o tratamento da musica e do personagem valem a pena... Este é o link ao meu texto:
http://elamantedelvolcan.blogspot.com/2006/10/claroscuros.html
Beijos

Amaral said...

Leio os teus posts e sacio-me com cada um.
Tudo aqui tem conteúdo e faz crescer-nos em saber.
Continua!

Anonymous said...

Tive oportunidade de conhecer este blog pela visita que foi feita à Sé Catedral de Évora através da minha Praia da Claridade, que agradeço.
Aproveito para endereçar os meus votos de um FELIZ NATAL.
Uma boa semana.
Abraço

rui-son said...

Conseguiste deixar-me curioso. O paradoxo da vida de Beethoven sempre me fascinou.

Obrigado pela visita ao meu espaço, aparece mais vezes.

Luís said...

Pela descrição que fazes também me parece: deve mesmo valer a pena ver e ouvir.

Patrícia Pêra said...

estou convencida,
vou ver
:)

Anonymous said...

Não podia concordar mais contigo... vai ficar na minha agenda

Anonymous said...

vim aqui por acaso, ainda não vi o filme, mas para dizer apenas que nasci e cresci num ambiente de musica...ainda hoje não consigo viver sem musica. obrigada pela sugestão sofia

TARCIO OLIVEIRA said...

Como sou desafinado
e não tenho ouvido musical,
Deus na sua imensa bondade
- e poliglota que é -
permite
que eu me comunique com ele
pelo meu português errado
e pensamentos mundanos.
-
Mas sei que um dia vou evoluir.
-
Abraços, de pernambuco.

Al Cardoso said...

Embora goste de quase todos os classicos, pra mim nao ha como o "grande Vivaldi" a alegria da sua musica contagia-me.

um abraco serrano.

Anonymous said...

Obrigado

Anonymous said...

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Anonymous said...

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