Saturday, February 17, 2007

o grande silêncio...

Die Groesse Stille
O realizador alemão Philip Gröning esperou 17 anos para ser autorizado a entrar num mosteiro cartuxo, em França, e filmar o dia-a-dia dos monges. "O Grande Silêncio", documentário que esgotou as salas de cinema em Espanha e Itália, está agora no Nimas.

Há uma passagem na Bíblia que diz que Deus não está no ruído, no vento, nas trovoadas, naquilo que assusta. Está na brisa suave, afirma Frei Bento Domingues. Deus está também no silêncio da Grande Chartreuse, no topo dos Alpes franceses. A casa-mãe da ordem dos Cartuxos foi fundada no século XIX. Homens, depois monges, escolhem a solidão e a ausência de ruído para procurar e contemplar Deus.
Desde a década de 80 que Philip Gröning queria filmar o interior da Cartuxa, mas o acesso era-lhe sempre negado, como o é a toda a gente. Em 2001, a Ordem dos Cartuxos permitiu a realização do filme, mas impôs algumas condições: Gröning deveria ir sozinho para o mosteiro, não poderia usar luz artificial nem adicionar música ao filme. Esta é a primeira vez, em 10 séculos de existência, que os Monges Cartuxos se mostram ao mundo. O resultado é um documentário quase mudo, com mais de duas horas e meia, interrompido pelo barulho dos objectos e alguns momentos de canto gregoriano, mas que mostra o menos óbvio do dia-a-dia da Cartuxa. Uma meditação silenciosa sobre a vida monástica na sua forma mais pura. O realizador entra assim na intimidade dos solitários de Deus

“O Grande Silêncio” é um filme documental, mais do que religioso. É um filme sobre a presença do absoluto e a vida de homens que dedicam a sua existência a Deus. Um momento único de meditação, um mergulho no coração do mistério dos Cartuxos. É preciso entrar no filme como se se recolhe em oração. As imagens conduzem-nos a uma viagem à fronteira do absoluto, a uma misteriosa peregrinação interior. Não saí do Nimas com vontade de ser cartuxo, não, mas com vontade de interpelar as coisas simples e sem artifícios, talvez.
Sentir aqui Die Grosse Stille.

6 comments:

Tino said...

Parece muito interessante,amigo! Grande abraço para ti, e começa bem a semana!!! :)

Elsa Sequeira said...

Olá!!
Ó filme deve ser espectacular...assim algo complestamente diferente do usual...onde o sil~encio deve ser mesmo a abase de todo o filmr, fiquei curiosa!

Tudo de bom!
:))

Anonymous said...

Um documentário excepcional! O silêncio e a ascese são a porta que nos podem ajudar a viver a experiência de Deus: uma experiência maravilhosa ! Uma experiência que nos demonstra toda a futilidade que rege o nosso mundo do dia a dia, materialista e hedónico, em que virtudes como respeito e amor ao próximo são cada vez mais motivo de vergonha.
Recolhermo-nos ao silêncio, ouvirmos a voz de Deus é uma possibilidade de vermos o mundo a partir de uma outra perspectiva, ou seja, do cimo da montanha.

A ABADIA

In memoriam Pierre Reverdy

O atalho escava uma garganta na floresta.
Insectos vêm ao nosso encontro. O meu
Relógio bebe da luz matinal. Algures,
Algures, o tempo parou; Algures, entre
Estalidos e rumores vegetais.

Ei-la, ela lá está! Encostada ao quadril do
Rio, a abadia que o teu coração procurou.
Os olhos maravilham-se com aquele corpo
Ágil e austero. Pelos seus corredores,
Deambula a presença de deus.

Luís said...

Assim que abri o teu blog sorri: publiquei no meu ultimo post uma foto do Eduardo gageiro subordinada ao mesmo tema!

É, sem dúvida, o mistério que envolve uma vida de silêncio a questionar o coração do homem do século XXI...

Um abraço

Anonymous said...

Os dois "Luíses" silenciaram-me.

A ti Luís Galego ao escreveres "Deus não está no ruído, no vento, nas trovoadas, naquilo que assusta. Está na brisa suave.."... deixas-me aqui a pensar, nesta mensagem extraordinária.

Hoje de amanhã, nesta orla de Mar, tudo estava envolto num silêncio profundo. O Mar estava quieto, plasmado... nem sequer os pássaros ousaram acordar-me...
Dormi como raramente durmo até às 10.30H. Acordei com a sensação de leveza de espírito, de clarividência.
Poucas coisas me importavam, para além de ir até ao Mar, comungar dessa hóstia suprema: a maresia ...

A ti Luís Costa, por este poema belíssimo, o meu obrigada.

A ambos, pelo silêncio da Paz.

O filme? Não vi não senhor... estou curiosa.
Um beijo
***
PS: Deixou de haver silêncio, chove a cântaros lá fora ...
Mas encontro a Paz nestes espaços e gosto dos sons da Natureza. Ouço Nigel Nort, Barroque Lute
(Bach, Vivaldi, Weiss...).

Erótika said...

HOLA GRACIAS POR TU VISITA..REGRESA PRONTO. E.