Saturday, April 28, 2007

La vie en rose...

Dos bairros de lata de Paris até às luzes da ribalta, a vida de Edith Piaf foi uma batalha para cantar e sobreviver, viver e amar. Educada num ambiente de pobreza, a sua voz, os seus romances ardentes e as amizades que tinha com grandes nomes da época - Yves Montand, Jean Cocteau, Charles Aznavour, Marlene Dietrich, Marcel Cerdan e outros – fazem de Edith uma celebridade. Mas numa tentativa ousada em domar o seu destino trágico, o “Rouxinol de Paris” voou tão alto que não conseguiu evitar queimar as suas asas. “Para aqueles que cresceram a ouvir as transformações mágicas de Piaf (...) ‘La Vie en Rose’ vai certamente conquistar os corações – para aqueles pouco familiarizados com a carreira de Edith Piaf, pesquisem, porque não se pode perder a performance de Marion Cotillard...”, escreveu alguém sobre o filme (cf. www.cinematical.com). Não é uma obra sublime, mas expõe uma mulher que viveu sempre em situação limite, desde a infância à glória, das vitórias às derrotas e aos sofrimentos, de Belleville a Nova Iorque. "La Vie en Rose" é a história do percurso excepcional de Edith Piaf. Um filme que tenta desvendar a vida e a alma de uma artista e de uma mulher frágil, intensa, indestrutível e com uma voz imortal. Estamos diante de uma personagem maior que a vida, uma Piaf mítica, predestinada ao sucesso, à solidão e ao sofrimento, uma Piaf que é curada por milagre de uma cegueira e tem epifanias com Santa Theresa. O filme assume essa mistificação como parte de sua estrutura – trata-se, afinal, de um dos grandes monumentos da cultura francesa -, mas não renega a sua personalidade difícil, a sua carência ou a sua dependência à morfina. Não se espere um retrato definitivo da sua vida, e a sua edição não-cronológica, repleta de flashbacks e flashforwards, confirma esse retrato parcial, fragmentado, subjectivo e incompleto.

Mas se há uma razão de ser para o filme, algo que compense o seu excesso de sentimentalismo e a sua duração por vezes longa, ele está no trabalho de Marion Cotillard. Mais do que interpretar, ela somatiza Edith Piaf, num trabalho de corpo e gestos que trazem a cantora francesa à vida na tela de maneira impressionante. Verdade que por vezes se sente que a actriz está à deriva num filme que nem sempre está à sua altura, mas encontramos na tela uma actriz disposta a tudo, uma irreconhecível Marion Cotillard, que literalmente desaparece dentro da personagem, deixando-se habitar pela presença da "môme Piaf". Registo o filme sobretudo como a tentativa de recriar a vida do ícone francês, desde a sua infância miserável em plena I Guerra Mundial, até à sua morte, aos 47 anos, em 1963 e sublinho a notável interpretação da protagonista.
La Vie en Rose - trailer

11 comments:

Ka said...

Esta é a cantora favorita ~da minha mãe!
Como lá em casa música era presença habitual, claro que Edith Piaf me conheceu ainda de fraldas...:).

Quanto ao filme tenho uma certa curisidade pois ainda há pouco tempo vi uma biografia dela num canal da TV Cabo.

Maria said...

Não posso mesmo perder este filme...
Tinha idéia que a Piaf tinha morrido com mais idade (uma forma subtil de dizer mais velha...) e mais tarde, não em 1963.
Nem percebo como é que me lembro tão bem de um concerto dela no Olympia e do seu último amor, o Théo Sarapo..
Devo estar a ficar mesmo... antiga...

Bom domingo

Páginas Soltas said...

Edith Piaf...uma voz inconfundível... para qualquer geração!

Curiosidade...também vi a biografia dela num canal da Tv Cabo... e recordo que as minhas filhas... ficaram silenciosas e mostraram todo o interesse em saber o percurso dessa grande Voz da música Francesa!
Obrigada mais uma ves Luis..

Temas que nunca fazem esquecer o nosso passado...

Um Bom Domingo

Beijos da

Maria

Nelson Ngungu Rossano said...

Com certeza um bom filme!
Tive o privilégio de conhecer o poeta, que te é desconhecido, com ele só poemas à flor da pele...

Abraço

Mar Arável said...

Belo texto boa escolha.Que nunca lhe doam as mãos.Um verdadeiro serviço público.

Fernando Pinto said...

A leitura que fazes das películas que vês, dos títulos que lês, é muito preciosa para quem te lê. Já escreveste alguma recensão na imprensa?

Abraço,
FMOP

Anonymous said...

a vida de edith piaf tem momentos muitos tristes... uma vez fiz um programa de rádio a respeito dela e minha colega que narrava chorou enquanto lia trechos do "Hymne al'amour"

Luís said...

Lindo... fui ver o filme no feriado. Mexeu tanto comigo...

Jonice said...

Não vou perder este filme, Luís. Adoro Edith Piaf. Conheces a atriz Bibi Ferreira? Na década de 80 ela fez Piaf no teatro. Foi magnífico!

Suspiros said...

Agora quero ver!!!
:)

Chawca said...

Só fui conhecê-la depois que a Cássia Eller regravou Non, Je ne Regret Rien no seu acústico..
Quando ouvi aquela música na voz da Cássia achei espetacular e fui procurar saber de quem era...
Aí descobri que tenho um amigo que é fascinado por ela, que ele já havia me falado dela e que eu não tinha prestado muita atenção...
Vou me informar com ele se já conhece esse filme,,,
Obrigado pela dica..