Não obstante algumas bolas negras de críticos encartados, não me deixei convencer por doutos pareceres e fui ver Irina Palm. Quando desesperada vê um anúncio dizendo "anfitriã precisa-se", Maggie tropeça num sex joint do bairro londrino do Soho, especializado na modalidade do “glory hole”, onde, anonimamente, os fregueses procuram a eufemísticamente cognominada descompressão manual. Ingenuamente aceita trabalho como maneira rápida para obter dinheiro. O proprietário revela um afecto peculiar pela doce Senhora e transforma-a na muito apetecida e lucrativa Irina Palm, que inicia assim uma vida dúplice.
Irina Palm é um produto curioso. O seu ponto mais afirmativo está no desafio que encara. Encontrar a dignidade onde menos se espera. No mundo dos peep shows, da sexualidade comprada, dos solitários de corpo e espírito. É nesse meio, permissivo com a juventude e intolerante em relação à velhice, que avança com a personagem principal. Deve dizer-se que a actriz Marianne Faithfull é extraordinária. Mesmo porque, num filme que não se pretende visualmente atractivo, tem de representar as suas emoções com o rosto. E por ele passam a espanto, o nojo, o aborrecimento, a rotina…
[Mais:]
Quem é essa Irina Palm, nom de guerre de Maggie? É uma respeitável viúva inglesa à procura de dinheiro para pagar os tratamentos que hão-de salvar a vida do neto. Uma mulher que encontra uma maneira pouco ortodoxa para alcançar o seu objectivo. E a sua última oportunidade, depois de ter vendido a casa para pagar as contas do hospital. Só que esta avó britânica já passou daquela idade em que as pessoas podem encontrar um emprego. Viúva, sem currículo, uns 50 e muitos anos, ela está à margem da sociedade moderna de produção e consumo; precisa desesperadamente de dinheiro. Haveria muitas armadilhas previsíveis no trilho de um filme com estas características. Tinha todos os ingredientes para redundar num drama com forte apelo ao sexo, ao mau gosto, ao preconceito, à caricatura ou ao pudor desmesurado. Pois bem, podemos não estar perante um épico, mas encontramo-nos face a um argumento que nunca resvala fora dos domínios da dignidade. Numa situação indigesta, usa a arma do humor para driblar pontos mais sensíveis.
O estilo adoptado é eloquente. E adequado. A delicadeza do toque é mister. Por isso, o ambiente íntimo mesmo no interior do fétido Sexy World. E talvez o uso da câmara na mão seja apenas uma coincidência sarcástica com o arrojado trabalho de Irina Palm, pseudónimo profissional de Maggie.
É um conto sobre o amor e a audácia de uma mulher. Daí que se está a pensar passar a tarde de domingo com alguns dos maiores atletas sexuais do mundo virtual, num qualquer peep-show lisboeta, mude de planos e enleve-se na sala 1 do King onde o talento de Irina talvez não o decepcione…
Irina Palm é um produto curioso. O seu ponto mais afirmativo está no desafio que encara. Encontrar a dignidade onde menos se espera. No mundo dos peep shows, da sexualidade comprada, dos solitários de corpo e espírito. É nesse meio, permissivo com a juventude e intolerante em relação à velhice, que avança com a personagem principal. Deve dizer-se que a actriz Marianne Faithfull é extraordinária. Mesmo porque, num filme que não se pretende visualmente atractivo, tem de representar as suas emoções com o rosto. E por ele passam a espanto, o nojo, o aborrecimento, a rotina…
[Mais:]
Quem é essa Irina Palm, nom de guerre de Maggie? É uma respeitável viúva inglesa à procura de dinheiro para pagar os tratamentos que hão-de salvar a vida do neto. Uma mulher que encontra uma maneira pouco ortodoxa para alcançar o seu objectivo. E a sua última oportunidade, depois de ter vendido a casa para pagar as contas do hospital. Só que esta avó britânica já passou daquela idade em que as pessoas podem encontrar um emprego. Viúva, sem currículo, uns 50 e muitos anos, ela está à margem da sociedade moderna de produção e consumo; precisa desesperadamente de dinheiro. Haveria muitas armadilhas previsíveis no trilho de um filme com estas características. Tinha todos os ingredientes para redundar num drama com forte apelo ao sexo, ao mau gosto, ao preconceito, à caricatura ou ao pudor desmesurado. Pois bem, podemos não estar perante um épico, mas encontramo-nos face a um argumento que nunca resvala fora dos domínios da dignidade. Numa situação indigesta, usa a arma do humor para driblar pontos mais sensíveis.
O estilo adoptado é eloquente. E adequado. A delicadeza do toque é mister. Por isso, o ambiente íntimo mesmo no interior do fétido Sexy World. E talvez o uso da câmara na mão seja apenas uma coincidência sarcástica com o arrojado trabalho de Irina Palm, pseudónimo profissional de Maggie.
É um conto sobre o amor e a audácia de uma mulher. Daí que se está a pensar passar a tarde de domingo com alguns dos maiores atletas sexuais do mundo virtual, num qualquer peep-show lisboeta, mude de planos e enleve-se na sala 1 do King onde o talento de Irina talvez não o decepcione…
16 comments:
Lá passarei, obrigado
Espero que o teu apelo final tenha tido alguma receptividade; o tema é forte e muito comovente e Marianne Faithfull absolutamente arrebatadora.
Nada como este filme para exemplificar o velho dito de que os fins justificam os meios.
Abraço.
e este é o filme que escolhemos para ver no domingo; fiquei muito impressionada, pela positiva, com a apresentação.
Bom domingo!
Com um trailer textual destes, que enorme vontade tenho de ir ver esse filme, talvez vá, mas ainda não sei hehe
Obrigado pela divulgação :D
Abraços
Devidamente anotado na lista dos filmes a não perder :-)
Bom fim-de-semana
LLANSOL...é "culto"!!!!
.
:)
.
beijo. Maternal...:)
e com Marianne Faithfull!
lembras-te de broken english?
http://www.youtube.com/watch?v=EUT9V3EhC2w&feature=related
(estamos a falar da mesma, não é?)
Gostava de ir ver...
(Gosto muito de Marianne Faithfull).
Boa sugest�o!
Passo para te deixar um beijhinhooooooo!!!
Fica a nota, positiva a tua nota!
Beijinho*
Amigo Luís,
mais uma dica para um bom filme...
mas também para a dignidade do ser humano, que tantas vezes se vê amesquinhado, humilhado...e em muitas situações tem de procurar viver no fio da navalha!!!
"Brigados" por mais este comentário!!!!
Não conhecia sequer a existência deste filme.
Obrigado pela divulgação de uma obra que me por me parecer interessante e rara será, por isso mesmo, imperdível!!!
Olá Luís!
Vim aqui te convidar a comemorar 1 ano de blogsfera cmg... Apareça!
Abçs
http://afontequenuncaseca.blogspot.com/
1 ano e muita história pra contar... Acesse e comemore cmg!
Eu gosto sempre de ler os criticos de cinema. Mais para me informar sobre os filmes que estream do que para conhecer a opinião deles.
Se eu fosse pelos criticos dos jornais, acho que já só ia ao cinema para ver as reposições dos clássicos.
Quanto a este filme, estou curioso, a Marianne Faithfull parece estar muito bem neste que é o seu primeiro grande papel.
Um abraço.
Um abraço.
Olha que temática interessante! Polêmica mas absolutamente plausível neste mundo de sobrevivência e jogos para driblar a falta de dinheiro. Belo post.
abraços
O filme chegou tarde ao Porto, mas lá o fui ver contra "ventos e marés", já que nem a crítica, nem o público nos puxavam com força para lá. Fã de Marianne Faithfull não pude deixar de ficar surpreendido pela sua representação, convincente e de qualidade para além de qualquer previsão. Eu gostei e recomendo! Abraço,
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