Saturday, June 28, 2008

Jessye a sós com a vida…

(foto retirada da net)

Ontem à noite, depois de chegar do Palácio da Fronteira, onde os Amigos da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e Fernando Mascarenhas convidam para uma mostra de colares, tive a felicidade de apreciar uma outra espécie de jóia: o documentário sobre uma das maiores divas de sempre, a norte-americana Jessye Norman. Um olhar profundo acerca da sua vida pessoal e profissional. Realizado por André Heller, o “retrato” intercala depoimentos do soprano acerca da sua infância, receios, maestros e orquestras, politica, a arte de cantar. Jessye Norman possui um repertório operático dos mais raros e fascinantes, que inclui as obras de Berlioz, Meyerbeer, Stravinsky, Poulenc, Schoenberg, Janácek, Bartók, Rameau, Wagner e Richard Strauss. Trata-se de um registo extraordinário, no qual, para além de se ouvir uma intérprete portentosa cantar excertos tão diversos como o perturbador lamento de Dido do Dido and Aeneas de Purcell, o Beim Schlafengehen de Strauss, o Liebestod do Tristan und Isolde de Wagner ou mesmo La Marseillaise por ocasião da comemoração dos 200 anos da queda da Bastilha, entre grandes êxitos do seu repertório e tudo isto com fantásticos cenários em pano de fundo – o deslumbrante jardim de Yves Sain Laurent em Marrakech proporciona o luxuriante cenário tropical – pode-se ter a ideia da mulher por trás do mito. É curioso ouvir esta negra com aquele sulco na face esquerda, que parece o atalho abandonado por uma lágrima e com uma longa carreira a confessar que sente mais receio que nunca ao viajar pelo mundo dado o estado actual da política mundial. Que tem medo de ser pessoalmente responsabilizada pelas acções do seu governo pelo simples facto de ter nascido nos Estados Unidos. Que não consegue conceber como é que o Governo eleito de uma nação soberana pode dar mais importância ao que dois adultos fazem com consentimento mútuo dentro das paredes do seu quarto do que à destruição e morte de outras nações. Que gostava de entender o pensamento por trás do racismo. Conversa fascinante em sede de atmosfera íntima. Excelente...

A ouvir com deleite aqui!!!

9 comments:

Anonymous said...

Belo post, meu amigo lindo! E com certeza, ela está cheia de razão. Lá as órdens são invertidas. E se tem a impressão de que são donos do mundo.
Bom fim de semana! Beijos

Victor Oliveira Mateus said...

Grande cantora, sim! O lamento e morte de Dido que ela gravou, só
tem, para mim, uma outra interpretação que se lhe compara:a da Suzane Danco...
Linkei este blog.


www.adispersapalavra.blogspot.com

MrTBear said...

Gostei de ouvir. Gostei de a conhecer.

Anonymous said...

Tanta novidade por aqui. Tenho que vir com mais calma. Estive sem acesso á net.
Hj vou ao S. Jorge ver um docomentário sobre os ciganos. A exposição de fotografia está muito boa; não percas.
bom fim de semana!

Vulcano Lover said...

espero que te lembres deste post...

http://elamantedelvolcan.blogspot.com/2006/10/la-isla-de-la-melancola.html

Especialmente para ti.

terminé o meu ano de português com un exame óptimo, tenho de te contar...

Um abraço

isabel mendes ferreira said...

e tb ouvi.vi.



em re.fascínio.




deleite. puro.


beijo de bom dia.


e

(obrigada)

João Roque said...

Tive um jantar de aniversário e esqueci-me de por a gravar, e o mais grave é que sabia que ia a dar o documentário...
Notável a comparação da vida privada de 2 cidadãos, com o nojo público de uma governação imbecil e trágica...
Abraço.

margarida já muito desfolhada said...

também vi. aliás, revi, pois já tinha sido transmitido há uns meses não me lembro em que canal. o dvd saíu há cerca de um mês e estive tentada a comprar, mas sempre são vinte e tal euros e como vi que iam transmitir novamente e eu estou "nas encolhas"...

paulo said...

que voz incrível! não lhe conheço a história, mas lá chegarei!