Thursday, July 31, 2008

transformar o olhar…

(Mark Rothko, Underground Fantasy, 1940)

Em anos e anos de sócio do Circulo dos Leitores nunca adquiri nada a não ser livros. Parece-me ser esse o objectivo primordial de tal “instituição”. No entanto, as regras são para transgredir e não resisti ao DVD The Power of Art, a conceituada série da BBC, que elege oito nomes incontornáveis do mundo da arte: Caravaggio, Bernini, Rembrandt, David, Turner, Van Gogh, Picasso e Rothko. Estes cavalheiros que viveram fortes dramas pessoais foram meus convidados ao pequeno-almoço nesta primeira manhã longe da 5 de Outubro. Acordei cedíssimo para me maravilhar com os mestres e não obstante eu divergir em alguns aspectos de Simon Schama, o historiador de arte sabe do que fala. O académico acompanha Caravaggio até à execução de "David com a cabeça de Golias", os conflitos de Bernini diante de "O êxtase de Santa Teresa", Rembrandt e a "Conspiração de Claudius Civilis”; David e "A morte de Marat"; Turner diante de "Navios negreiros atirando borda fora os mortos e moribundos"; Van Gogh e o seu "Campo de trigo com corvos", Picasso e "Guernica" e por fim Mark Rothko e a suíte de telas feitas para o Seagram Building. Um documentário de culto que conjuga empolgantes reconstituições e imagens deslumbrantes. Um olhar sobre o poder dos artistas que produzem obras-primas em períodos de crise extrema e que mudaram o nosso modo de olhar situando a arte no centro de grandes momentos da história da humanidade. Combinando uma composição dramática com o estilo narrativo personalizado do autor britânico, O Poder da Arte transporta-nos para os intensos momentos em que as grandes obras de arte foram idealizadas e criadas e embrenha-nos em sítios onde apenas a arte pode ir. Os dramas pessoais de cada artista são desenvolvidos de forma cativante e sem ardis teóricos supérfluos. O Poder da Arte é a hipótese de testemunhar o poder dos indivíduos que alteraram a forma de viver o mundo.

E assim, eu, mero mortal, perante estas grandes representações artísticas que agarram pelo colarinho, sem misericórdia, preparo-me para regressar amanhã a Nova Iorque onde espero vagabundear por territórios museológicos e afins …

26 comments:

João Roque said...

Caro Luís
perdoa-me pessoalizar um pouco este teu post, para te dar uma opinião "por dentro" do que o Círculo de leitores oferece; tirando alguns livros exclusivos (aconselho vivamente "O Império dos pardais", de João Paulo Oliveira e Costa), vale essencialmente por excelentes séries; e tem actualmente uma excelente oferta de caixas de DVD, ou de séries ou de documentários de diferentes referências, e foi aqui que encontraste o "The Power of Art"...ainda bem que gostaste...
Abraço.

m said...

A minha mãe é sócia do Círculo dos Leitores,mas quase nunca adquire dvd's.
Mais uma vez, um belo post com muitos aspectos importantes e curiosos!

Beijinhos e boa viagem para NY

Anonymous said...

...devo confessar que não vejo com bons olhos os actuais critérios editoriais do C.L.
poucos Portugueses contemporâneos; muita literatura ""série B" / descartável".
O preço? O preço faz corar qualquer pessoa.
sou sócio à 23 anos, mas já por duas ou três vezes recusei comprar os livros da revista.
vale a pena continuar sócio do C.L.?

GRITOMUDO

BlueVelvet said...

Excelente post e aguçáste-me a curiosidade.
Que graça dizeres que vais regressar a Nova Iorque.
Também eu digo isso qundo falo em ir lá.
Parece que sou de lá e aqui estou só de passagem.
Diverte-te e be um Bellini por mim.
beijinhos e aproveita

Tens mail:)

Marias said...

Pelo que vi, li e senti tem aqui um grande blog! Parabéns!

Ainda não tinha agradecido a visita que me tinha feito ao meu "Amor infinito" que tem e vai continuar a estar parado por tempos que não consigo limitar. Quem me dera que pudese precisar o tempo?!...em que poderei voltar novamente , comentar os blogs de que gostei e ir conhecendo outros.

Adorei a frase, que não conhecia, da Natália Correia e que tem na barra lateral «Quem não é capaz de enfrentar um escândalo por amor, não é capaz de amar... »

Permita-me que a possa transportar para a barra lateral do meu blog. Seria uma grande honra para mim pois essa frase diz-me e toca-me tanto!...
Desde já lhe agradeço e lhe digo que tem todo o direito a não responder sem que me sinta ofendida.

Um abraço e até um dia.

Anonymous said...

Alguém, ligado à pintura e escultura, já me havia falado acerca de "THE POWER OF ART".
O que mais admiro e me fascina é que todos têm em comum uma franca e enorme rebeldia contra os convencionalismos da sua época.
Difícil eleger oito nomes, mas se o fizesse não me poderia, jamais, esquecer de Eugéne Delacroix, Gaspar David Friedrich e de Wassily Kandinsky! Tenho uma paixão pelos “ismos”…
Sou muto Arte Moderna sob os olhos de Argan
(egoísmo puro, que me perdoem)
O meu fascínio prende-se com um sentir "in locu", “sur le motif”.
Os artistas passaram (Séc. XIX) a pintar as emoções e as sensações experimentadas em “plein air”, diante de um simples “pedaço” de natureza, só permitido devido à utilização de tubos de pintura inventados depois de 1834. Assim, deu-se uma autonomia de trabalho, isolaram-se “sur le motif” durante um dia inteiro, de preferência em Barbizon. É a Escola de Barbizon que impõem uma nova técnica, reclamando o emprego das cores primárias, a pincelada fragmentada e as sombras coloridas (a partir de 1874). Aqui reside o motor de todos os “ismos”.
Emociona-me, sobretudo, a capacidade (de alguns) em passarem para uma tela a realidade natural e sensível ou a sua realidade interna com emoção.
As vivências estão sempre contidas na eternização do momento ou momentos que são a obra de arte. São os períodos de crise política, social, cultural e, sobretudo, interior que marcam a obra de cada um. São eles que nos tocam, que nos deslumbram, que nos transportam para diferentes mundos. Hoje admirados, entendidos, considerados génios, outrora incompreendidos e condenados à morte. Destaco o ano de 1918 para Portugal. Dois homens morreram cedo, mas mortos já se sentiam, cumprindo-se apenas o destino. Usando as palavras de Van Gogh "La tristesse durera toujours", sentimento que dói
Considero que ensinar, tal como pintar é um acto de AMOR. Só o podia ser…
Estes homens nunca se convenceram!

Desculpem-me pelo extenso texto...

Ana Paula Sena said...

Também já me senti atraída por esta série! Gosto imenso de aprofundar tudo o que é do mundo da pintura.

Desejo um excelente regresso a Nova Iorque onde por certo muito encontrará para (re)ver! :)

Boas férias!

Maria P. said...

Boas férias!
Chegam uns, partem outros...:)


Beijinhos*

Ka said...

Umas excelentes férias!

E que tragas muitas histórias para nos podermos deliciar :)

beijinho

Special K said...

Hmmmm... Parece ser uma delícia.
Um abraço.

Isamar said...

Creio que é a segunda vez que por aqui passo. Da primeira,numa correria constante contra o tempo, não me apercebi de que gosto tanto do espaço que arquitectou. E do recheio nem lhe falo.Fabuloso!
Pintura, escultura transportam-me para os locais onde me é possível apreciá-las. Nova Iorque, Londres, Paris, Florença, Roma... nos museus e ao ar livre temo-la em quantidade.
Pois, dos dramas pessoais dos artistas saíram obras que fazem as nossas delícias.

Um beijo

Maria Romeiras said...

Boas lembranças, há muito tempo atrás fui sócia do Círculo de Leitores, depois deixei quando mudei de casa. Já não apanhei a fase dos DVDs... Esse deve ser bastante interessante, basta falares em Caravaggio. Boas férias!

António Miguel Miranda said...

Divulgação

“Na Terra do Comandante Guélas”, António Miguel Brochado de Miranda, Papiroeditora, Porto

Onde estavam os adolescentes no 25 de Abril?

Conta as aventuras do Gang dos Meninos Ricos e Caucasianos de Paço de Arcos

Filme de Apresentação

www.youtube.com (pesquisar: "comandante guélas")

Carlos Faria said...

fiquei curioso, espero encontrar a série fora do círculo, em português ou inglês, porque no círculo penso que jamais entro novamente.

Anonymous said...

Boa viagem, aproveita. Depois contas...
bjocas

tulipa said...

Tempo de/para FÉRIAS.

Votos de um excelente descanso, em boa companhia (livros, amigos, etc)

Muita diversão também.

AH...em NOVA IORQUE...FANTÁSTICO.

BOAS FÉRIAS.

Delfim Peixoto said...

Uma boa reflexão...
Abraço

Mar Arável said...

Aguardo o seu regresso

para ver se os seus olhos viram

o que eu não vi

ou o contrário

bom regresso a casa

SP said...

Gosto tanto do teu blogue!
Já o disse várias vezes. Tens um bom gosto notável e diverso.

Um abraço, assim, peludo como o meu sítio!

Shelyak said...

Olá rapaz!
Deixo-te um presente que talvez vás gostar ( e isto por falares, entre outros, de Caravaggio)...
http://shelyak.blogspot.com/2008/03/feliz-pscoa-ver-para-crer.html
Abraço :)

As Tertulías said...

e por favor vagabundeie em N.Y. por todos os territórios artísticos e lembre-se de mim... Ricardo

Anonymous said...

ainda andas por NY? quando chegares há muita novidade...

Teste Sniqper said...

Pedindo antecipadas desculpas pela “invasão” e alguma usurpação de espaço, gostaríamos de deixar o convite para uma visita a este Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...

avelaneiraflorida said...

Amigo Luís,

vim aqui num pulinho e vejo que a pausa vai chegar!!!!
Que sejam umas EXCELENTES FÉRIAS!!!!!

E "brigados" por esta "dica"!!!! Nunca é demais rever os pintores que fizeram da tela o mais profundo do seu sentir!!!!

Até daqui a mais uns dias!!!!

Leonor said...

E como deixei eu passar este DVD???

não há nada como ser lembrada...

boas férias se ainda for caso disso

ivone said...

chego a questionar_me se para se "produzirem" obras de arte é necessário (não obrigatoriamente é claro) ter drama pessoal?

muitas das grandes produções artísticas saíram desses dramas. artista que se preze não é artista sem drama.