O filme acaba com uma rapariga que procura o professor para confessar-lhe que não havia aprendido nada durante o ano lectivo e que não percebia sequer o que faziam na escola. Essa frase coloca uma interrogação que diz respeito a todos: estudantes, professores, psicólogos educacionais, sociólogos, família, políticos, – Qual o futuro da escola pública? O problema não é só um fenómeno francês e tem raízes fundas. Há algum tempo que eu aguardava a estreia destA TURMA/Entre les murs. Baseado num livro de François Bégaudeau, o filme acompanha um ano lectivo de um professor e da sua turma numa escola parisiense de um bairro problemático, microcosmos da multietnicidade da população francesa (uma malha social que é um autêntico caleidoscópio de culturas), espelho de contrates dos grandes centros urbanos. François está decidido a não deixar que o desincentivo o coíba de tentar dar a melhor educação aos seus jovens, a não desistir de qualquer coisa chamada dignidade. Mas as diversas culturas frequentemente colidem dentro da sala de aula. O docente insiste numa atmosfera de respeito e numa pedagogia com alma mas a ética é colocada à prova quando os adolescentes começam a desafiar excessivamente os seus métodos e de forma sarcástica, mal-humorada, desconfiada. Sem renunciar à identidade de François e dos seus alunos de várias origens sociais, etnias e credos, o realizador mostra como o encontro diário, numa sala de aula, entre um adulto cuja incumbência seria emitir conhecimentos, e um grupo de jovens cujo papel seria absorvê-los, se transmutou num debate violento, exigente, exasperante e as mais das vezes inútil. Em mais de duas horas de filme há instantes em que toda essa tensão é cortada por apontamentos divertidos, mas é indiscutível que o propósito é apresentar um quadro esquizóide diante dos reptos de uma educação pública de qualidade para todos.
Um filme que incomoda. Sabem do que estou a falar. Se não sabem, tenho muita pena…
Um filme que incomoda. Sabem do que estou a falar. Se não sabem, tenho muita pena…
21 comments:
vi a apresentação do filme e incomodou-me. Vou ver, talvez amanhã.
Obrigada pela dica!
vi a apresentação do filme e incomodou-me. Vou ver, talvez amanhã.
Obrigada pela dica!
Ainda não vi o filme, apenas li sobre ele aqui e ali. Talvez não vás compreender o que vou escrever... ou talvez vás...
Apesar da curiosidade, não sei se quero ver o filme. Há muito de semelhante entre o que se diz do filme, e o que sei se vive em muitas escolas públicas portuguesas.
Esta minha postura incomoda-me e é sinal que, a situação que estou a viver, está a modificar a minha maneira de ver a escola e a profissão docente...
Esperando que estreie aqui...
Beijinho
Depois de ler o teu comentário, não tenho muita vontade de ver o filme... A vida é demasiado curta para querer sentir-me incomodada !
Beijinhos verdinhos
Acredito que incomode sim, tenciono ir ver.
Beijinho*
sempre muito interessante
http://www.arte-e-ponto.blogspot.com
Como sempre sabe bem passar por aqui.
Um abraço:
L.C.
dignidade Procura.se!
.
bilhante dissertação.
beijo.
Se o filme incomoda
e é por si recomendado
vou ver
Por cá só a matemática
está a dar magalhães
espero que o cineclube da horta o inclua na sua programação, pelo teor descrito deve mesmo ser incluído. Sei o que é esse problema, fui professor 2 anos e sei que a busca da dignidade no dia-a-dia das nossas vidas incomoda. por isso, se um filme me incomoda, é porque mexe com a minha consciência e me torna mais digno e isso é uma das coisas que gosto no cinema europeu.
É o 6º blog por onde passo hoje que tem um post sobre este filme.
Com o seu beneplácito não me restam dúvidas de que terei que o ver.
Beijinhos, Luis
Cresce a minha curiosidade de ver este filme, principalmente porque as dicas qe aqui nos vais deixando no ue toca a filmes têm sido sempre boas!
Beijinho
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Oie lindo! Com certeza, a educação precisa ser repensada... Mas o flme deve incomodar mesmo... Mas é necessário que se diga as verdades, que vão, além do que sabemos.
Beijos
Há muito que não passava por aqui. Curiosamente tenho passado os dias a indexar monografias relacionadas com políticas educativas, oportunidades para todos, multiculturalidade, equidade, qualidade, acreditação do ensino…blá…blá…blá. Tantos e tantos ilustres nomes da nossa praça se dedicam a estudos e mais estudos, conferências e mais conferências sobre estes assuntos. Todos têm imensa coisa para falar, todos falam de diversos assuntos, obviamente, ligados à educação. … se me perguntarem qual o modelo a seguir… respondo: Não sei! É tamanha a confusão que não sei. Mas há uma coisa que sei. A mediocridade dos professores é enorme, a mediocridade do nosso País é enorme, a mediocridade dos nossos políticos, governantes e altos dirigentes é enorme. Com os meus 31 anos não me sinto nada responsável pelo estado actual da escola/comunidade. Não gosto propriamente da Democracia, considero-a, como alguém o considerou, o “pior sistema político à excepção dos outros”… Vivemos num mundo confuso onde as palavras não têm significado: Globalização…só para alguns; igualdade…só para alguns; justiça…só para alguns; escola para todos…uma miragem; ou seja, as palavras nada significam! As promessas nada significam, as políticas educativas servem objectivos, mas nada significam. Represento e trabalho numa área em que quase tudo nada significa! Todavia tenho uma capacidade enorme em retirar-me quando deixo de acreditar totalmente.
O filme retrata uma sociedade diversificada, complexa, diferenciada, ambiente muito igual ao que vivo ao trabalhar com Jovens/adultos de todos os bairros da Amadora. Pela experiência que tenho, 9 anos, sei que o mais importante é a parte humana. Sei o nome de todos os alunos no primeiro dia de aulas, eles merecem serem tratados pelo nome! Eles são os meus meninos, não são números. Não lhes transmito as minhas angústias ou desmotivação, eles merecem mais que isso! Não os culpo por trabalhar horas a fio ou por ter sido colocada longe de casa, eles merecem mais que isso! Não desisto de ensinar se sinto inúmeras dificuldades ou carências várias, esforço-me mais, eles merecem isso! Não posso dizer que não gosto de música africana, que não gosto de grafites… peço-lhes para me explicarem o que sabem sobre assuntos que desconheço totalmente. Não sou melhor que ninguém, mas nunca me senti desconfortável na diversidade, nunca me senti mal com os problemas que vão surgindo, resolvo-os com os alunos. Posso discordar deles, mas ouço a opinião deles e, juntos, encontramos um ponto de equilíbrio. A afectividade e empatia são muito importantes. Sou baixinha, pequenina, magrinha, novinha, como eles dizem, mas, tal como dizem, comigo é diferente! Há uma relação de afectividade entre o professor/aluno e entretanto a matéria é dada sem que o aluno considere uma maçada. Explico sempre a importância de se estudar esta ou aquela matéria! É uma chatice estudar algo sem se perceber o porquê! Valorizo a diversidade…uma vez cheguei à aula e as alunas africanas estavam com as mesas cheias de cabelo postiço…imaginem que estavam aplicar cabelo nas tranças para assim terem uma maior cumprimento. Entrei, elas continuaram naturalmente a fazer trabalho de cabeleireiro e eu perguntei se podia aprender a aplicar cabelo postiço! (Em África é normal este tipo de comportamento). Rapidamente me explicaram. Perdi 15 minutos de aulas…nem pedi para arrumarem as coisas! Arrumaram e pediram desculpa. Explicaram que estavam a fazer as tranças na minha aula, pois uma das alunas ia ter com o namorado e queria estar bonita… Giro. Os alunos não têm culpa. As desigualdades são enormes. Muitas vezes os pais vivem de subsídios estatais…acreditem que há gente que procura emprego mas não consegue. Quem dá emprego a um cigano? A resposta que o Estado dá passa por rendimentos e subsídios mínimos para assim, estes, não virem a constituírem um problema maior para a sociedade. Eu não gostaria de ser tratada como um problema! Seria amarga, revoltada, mal amada, indesejada, sentir-me-ia diferente! Ao menos que na escola estas almas tenham alguma igualdade, porém é aparente…ao percorrem o caminho para casa sabem que … a vida é injusta e estão sós… Não é fácil gerir tamanha disparidade entre os seres humanos ainda tão jovens.
Controlar grupos é trabalhoso, ser professor não é fácil, é um acto de AMOR. E o AMOR não é fácil, todavia é muito digno! Porém estou de saida...
Também vi o filme e gostei muito. Já o esperava e não me desiludiu. A temática é demasiado abrangente e extravassa, em larga medida, o intra-muros de uma sala de aula como, aliás, tive oportunidade de dizer no post que fiz.
Bjs
Vou tentar ver o filme, te direi algo depois.
Mas entretanto espero ver/ler algo sobre a exposição na fil de 19 a 24.11
Deixarei outra dica mais tarde, pois esta tenho mesmo de ver com os meus próprios olhos, e depois recomendo-te...
Aquele grande Abraço
JustMe
Bem, não sou pessoa de alinhar em opiniões dos outros facilmente, por isso fui ver "A Turma". O filme...permaneci na sala do cinema, por vergonha não sai a meio...um filme que incomoda? Há filmes que incomodam mas não nos fazem ter vontade de abandonar a sala, ou não?
Será que toda a gente achou este filme o máximo, ou não têm coragem para dizer que é uma (desculpem a expressão) grande "seca". Ta bem, não tenho que ter a mesma opinião que todos, desculpem a ousadia...
Uma sugestão, um filme que incomoda, e que não nos atira do banco para fora da sala: "O ensaio sobre a cegueira", a maravilhosa metáfora do Saramago, não podia ter sido melhor expressada no cinema: Soberbo!
(Na minha humilde opinião)
ainda não vi o filme
vejo_o todos os dias de segunda a sexta por isso tenho de limpar os olhos ao sábado e domingo.
parece_me sobretudo que se assiste a uma inversão de valores a uma crise de valores melhor dito.deseduca_se hoje essencialmente. assiste_se a um comodismo a uma inércia a uma apatia geral nas familias nessa função. a de educar. não se ensina hoje em dia nas escolas. passa_se o tempo a remediar o que não vem de casa. e todos os dias isso me incomoda cada vez mais.
É um filme que quero ver, não tive oportunidade de o ver no cinema porque é o que dá viver no fim do mundo. Podia ser pior!
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