(Picasso, Femme aux Bras Croisés)
Por causa do blog
foi ao seu encontro.
Era quase noite, pouco sabia
nem isso importava.
Abandonada ao imprevisível
caminhou ousada por cima do tempo.
Com um leve toque de mistério,
palavras perfumavam-se dentro dela,
num desassossego de sensações,
ansiando cúmplice partilha.
Era a primeira vez,
um blind date apressado,
à hora prometida,
num lugar deserto,
onde só o som do mar podia interromper.
Dissolve-se a fantasia,
alguém sem disfarce,
contacto agreste da pele,
respiração submersa,
aperto no coração,
sabor breve.
Carícias rasgaram-se na escuridão.
Pernas em calor abertas sem limite,
febre, espasmos
e gemidos.
Expirado o virtual, atingido o real.
Nela a solidão que o orgasmo
não aniquila,
reclama a beleza
dos versos confessados em post.
É quase manhã.
Gosto amargo na boca,
arrepios sem glória.
Sem sono mas ferida,
um véu de lágrimas,
sem entender porquê.
Luís Galego
foi ao seu encontro.
Era quase noite, pouco sabia
nem isso importava.
Abandonada ao imprevisível
caminhou ousada por cima do tempo.
Com um leve toque de mistério,
palavras perfumavam-se dentro dela,
num desassossego de sensações,
ansiando cúmplice partilha.
Era a primeira vez,
um blind date apressado,
à hora prometida,
num lugar deserto,
onde só o som do mar podia interromper.
Dissolve-se a fantasia,
alguém sem disfarce,
contacto agreste da pele,
respiração submersa,
aperto no coração,
sabor breve.
Carícias rasgaram-se na escuridão.
Pernas em calor abertas sem limite,
febre, espasmos
e gemidos.
Expirado o virtual, atingido o real.
Nela a solidão que o orgasmo
não aniquila,
reclama a beleza
dos versos confessados em post.
É quase manhã.
Gosto amargo na boca,
arrepios sem glória.
Sem sono mas ferida,
um véu de lágrimas,
sem entender porquê.
Luís Galego
34 comments:
A implacável e humana curiosidade pela existência.
Paixão desmedida…
Sintonia sentida…
Impossibilidade desmedida…
Desmedidamente sentido.
Desmedidamente eterno.
Um "blind date" é sempre "exciting" mas pode virar desastroso...
... deixar tudo no virtual é mais seguro...
:)
Um abraço
Um belíssimo poema de paixão, baseado na tão actual situação do virtual/real...
Gostei particularmente da ambiguidade final.
Abraço.
TÃO BELO...
QUE LINDO!!!
TENHO ESTADO AUSENTE...
Os problemas com a m/sobrinha têm sido a causa do meu afastamento.
Mas, hoje decidi visitar alguns dos blogues amigos e cá estou.
Aquando da minha viagem à Índia (estava lá há 2 meses atrás) houve tempo para aventuras, turismo e Solidariedade, como podes constactar no meu ultimo post.
Bom fim de semana.
Noto nos rostos de muita gente um apego exagerado ao virtual, o que pessoalmente acho que pode ser fatal. Será que o amor não é muito melhor na transversalidade dos cinco sentidos?
Nos antípodas desta "moda" um poema no meu blog, que o convido a ler.
Abraço
totalmente possível.
Muito bonito! :)
beijinhos
Um sorriso algo amargo que me fizeste agora sentir... mas tão bem escrito... forte a motivação ?
Abraço !
:)
Obrigado pelo seu comentario :)
São apenas palavras de alguém confuso.
O virtual torna-se real. E agora?
não mais serão iguais, no seu dia-a-dia.
Boa semana!
Gostei do poema, sobretudo da forma. foi o primeiro que li sobre o tema do mundo virtual e dos seus riscos, mas afinal este pede outros mais do mesmo autor... é outro risco de se fazer poemas neste suporte.
Que giro!
continue... tem talento!
Já agora... qual o final da história destes dois romanticos amantes desencontrados?
Há maneiras elegantes de descrever certas amargos de boca e este é um dos melhores exemplos que já li... amargos de boca que se desejam mas depois não se entendem porquê...
Conheço uma(s) história(s) semelhante(s), bem menos poética(s), meio agri-doce(s), entre sorrisos e choros.
O mar por horizonte é lugar comum nesses momentos em que o virtual se evapora e onde o real brutalmente se condensa. Vidros de carro embaciados pelo calor de corpos em choque com o fresco do por-do-sol.
Muitas vidas se (re)conhecem neste teu poema... muitas mesmo.
Beijo para ti!
Boa tarde,
Concordo com o anterior comentário...amargos de boca que se desejam mas depois não se entendem porquê. Pois, assunto tão delicado. Não me parece que o que está escrito tenha a ver com virtualidades e afins...parece-me baseado na sua própria vivência. Não gostou de sentir esse amargo?Mas aqui parece-me tudo tão impossível, preconceituoso...Será que o amor obedece a isso?Não será o amor o contrário disso?Entregue-se ao que realmente sente...acompanhe tudo isso com este tal som do mar.
Vanessa Soares
Poeta eu sou... ;)
Uma boa interpretação da situação. Ou como "the curiosity killed the cat..." :)
Luís,
este teu "virar de agulha" rumo à poesia, está magnífico. um cru amargo de boca, aquele que poode acontecer quando o virtual passa a real e, em rigor é ... nada.
muito bem escrito,
fraterno abraço de quem te conhece no real e no virtual e te respeita e admira,
tua "sister"
Mel
doce....doce...doce/amargo....que fica....
:) abraço. Luis!
Gostei de ler, Luís. Gostei...
Parabéns!
L.C.
Nem sempre se vê o mais importante…
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“Femme aux Brás Croisés”, obra sublime do período azul do autor e uma das mais caras de sempre. Pena que esta belíssima obra tenha passado ao lado dos assíduos leitores. Ela revela a eternização da espera e do aprisionamento, pois o Amor e, por vezes paixão, também a são. Quem está aprisionado? Ela ou ele? Ou ninguém?
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Penso que a "Femme" continua sem entender o porquê?
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De facto a “Arte aponta-me respostas impossíveis” como alguém disse.
S.S.
Belo poema, ainda que com este gostinho amargo...
Gostei muito. Parabéns!
neli
Afinal, não me enganei...você é mesmo UM POETA !
Adorei este poema e espero que continue, pois tem muito talento...quem sabe se lá no fundo da gaveta estão guardados outros tantos?!
Publique-os aqui, por favor.
Um abraço amigo
Este poema enaltece a força de uma mulher...tenho o prazer de a conhecer...quanto mais conheço, mais certeza tenho que é uma força da natureza!
É bonito ver como certas pessoas têm o dom de manusear as palavras, culminando em obras de arte!
Cheguei a este belíssiomo espaço através do blog Mespeintres, todavia nunca pensei que ficasse em nome de Sílvia, sou a Ana Cristina.
Vou companhando como até aqui...
bem estruturado.
Brilhante e surpreendente.
Não lhe conhecia este talento.
Que beleza a descrição desta blind date.
Beijinhos Luis e continue
Da forma como stá escrito...Doce/amargo são doistermos de sentido úncio...paixão!
Nunca vai entender o porquê. Eu sinto que não vão entender o porquê. Lamento.
O.F.
Não preciso dizer nada_______________
Luis_____________um abraço »»»
O poema com uma mensagem entalada em cada palavras.
A realidade quando crua tem dessas coisas, quando fantasiada nunca se deixa o virtual para se abraçar o real. Ha sempre o reverso da moeda.
Prefiro a amarga realidade do que um amargo de boca.
*Hugs n- smiles*
Carlos
Drama urbano no mundo de Matrix. E pior, não há oráculo e nem tampouco messias virtuais, como o Neo. Nível de esperança: quase zero.
Versos cortantes, com a precisão de fio de navalha alemã.
Um abraço!
muito bem conseguido.
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