Não entendem nada de vinhos mas tinham guardado um ícone: Palazzo Della Torre, para abrir numa data específica. Que dia tão especial será esse? Nenhum dos dois se recorda. E, não entendendo nada de vinhos, quem sabe se aquele vinho envelhecido ainda se mantinha em boas condições? Chegou o momento da separação, dia de má conjugação astral mas oportunidade para autopsiar um relacionamento. Impunha-se a questão: o que pertence a quem? Pinturas, caixas de papéis, roupas, móveis, aglomerações de jornais e revistas alemãs e francesas, norte e sul americanas, guias e mapas, catálogos, álbuns de fotografias, centenas de artigos literários e diários, discos, whisky irlandês e objectos não identificados. Mas os livros eram a sua bússola e riqueza e a sua ruína, o seu património de paperback e hardcover, o enxoval e o dote, os seus momentos de existência, a impressão de estar em posse de um outro mundo. Viciados em novelas, livrarias e estantes, têm um seguro multi-riscos sobre o recheio da casa por causa do espólio literário. Como se alguém estivesse interessado em roubar livros, ainda que belas edições antigas. O medo que um cataclismo danifique as colecções de Dostoevsky ou de Tolstoy, a Bíblia e as obras de Shakespeare e Montaigne, o Middlemarch, de George Eliot, os Thibault, de Martin du Gard e mais do que qualquer outro, as páginas amarelecidas de A Morte de Ivan Ilicht, de Tolstoi, enchia-os de pânico em viagem. Maravilhas da literatura oriental obstruem o apartamento, dramaturgos russos escalam pelas paredes, intelectuais franceses instalam-se na casa de banho, na cozinha, nos quartos, biógrafos anglo-saxónicos escorrem pelo soalho, números antigos da Magazine Littéraire murmuram no sótão, diversas tendências literárias entornam-se, tropeçam, devaneiam pelos corredores. Amontoamentos de ensaios ibero-americanos em equilíbrio precário que derrocam a las cinco de la tarde, para desespero da empregada romena, curiosamente bibliotecária no seu país e especialista em estudos sobre a Escola Latina na Transilvânia. Prateleiras bem apetrechadas de literatura do terceiro mundo mas que tresandam a romances grandiosos, históricos e políticos. Edições em língua árabe, obras de divulgação cientifica, ficções e teses académicas, short stories e antologias, scripts de filmes, livros de design, literatura de viagens, brochuras em catalão e castelhano, dicionários, orações de sapiência, longos salmos de amorosas inconfidências, nacos de prosa e prosódia, paixões e obsessões de gays e lésbicas, autores indiscretos que a espreitar por um postigo os ajudam a compreender o mundo; adoráveis misturas de livros de obstetrícia e de clássicos, comida vegetariana japonesa e livros sobre borboletas, insectos e repteis com Mario Vargas Llosa, doçaria e cartografia com história cultural e das mentalidades e também livros ainda adormecidos, por abrir; sim, já chegaram a comprar livros a peso em Veneza, como se se tratassem de frutos exóticos ou especiarias recém-chegadas do Oriente. Os livros, um universo que estimam mais do que a uma pessoa de família.
Os filhos são criados mais com livros e enciclopédias do que com brinquedos; a miúda ordena os seus livros com precisão militar e nada a indispõe mais do que saber que o irmão lhes toca. O acervo do rapaz cresce periclitante e de mãos dadas com as suas borbulhas, caótico, sem regra e prospera com a espontaneidade dos lírios do campo e até o gato passeia por cima dos livros na mesa, como se tivesse saído de Old Possum's Book of Practical Cats, de T. S. Eliot. A colecção daquela família assemelha-se a um jardim inglês, multicolor, imprevisível, hospitaleiro. Cada livro parece falar com eles uma linguagem idiossincrática, como se existisse um idioma para o coração. Aquela família de livrariófilos para ser feliz, tem de ter a sua dose diária de literatura, isto numa terra em que a norma é não ler, os livros montes de poeira, o leitor uma espécie de aberração e paradoxalmente um Presidente da República que nada entende de letras mas é doutor honoris causa em literatura. É com eles, os livros, que tencionam envelhecer.
Mas as pessoas inteligentes perdem-se por causa das coisas mais estúpidas e ultimamente passaram de dueto a duelo:
- E os livros?
- Partes iguais, parece-me sensato.
- Como sensato? Eu tenho direito a escolher e sabes bem porquê.
Agustina, com o seu mau humor capaz de aterrorizar os incautos, começou a tirar os livros das estantes e de sacos como se coelhos fossem. Os que ela queria na sala, os que podiam ficar com ele na biblioteca.
- Espera aí! - gritou Vladimir, bufando de indignação. - Os clássicos são meus!
- Não entendo porquê – reagiu ela, colérica e soberba na sua superioridade intelectual. - Coloquei toda a obra do António Lobo Antunes na tua pilha, na biblioteca.
- Eu disse clássicos, quero lá saber do Lobo Antunes? Nunca apreciei a sua prosa escarpada.
- Muito bem! Grande confidência. Tu nunca gostaste do António Lobo Antunes? Tu que dizes que ele é o homem que sabe substantivar os adjectivos, como nenhum outro escritor? Quer dizer que tudo o que afirmas é um embuste?
O diapasão anímico da conversa subia vertiginosamente na contagem dos megahertz emocionais. O que queria ela dizer com embuste: os dois nus refastelados na cama, enquanto ele lhe lia fragmentos de Não entres tão depressa nessa noite escura. O quarto à meia-luz, os dois confundidos um no outro. Entre corpos toda a literatura era deles.
- Não mudes de assunto. Tchekhov, Gogol, Turgueniev, Jane Austen, Dickens, Emile Brontee, Stendhal, Flaubert são meus, diz de rajada. Ah e os poetas também.
- Não foste tu que ainda há segundos reclamaste partes iguais?
- Podes ficar com o António Lobo Antunes completo.
- Eu abomino o Lobo Antunes! Sempre detestei aquelas personagens sem espessura, nem carne, nem sangue, tal como tu, curiosamente.
- Irra! Então a dissimulada és tu, disse Vladimir, já não conseguindo manter aquela certa elegância, mesmo em condições adversas, como era conhecido pelos mais próximos.
- Escuta, escuta: tenho ainda uma coisa a dizer. Eu odeio quando tu finges saber discutir literatura; tu um charlatão literário, sempre com considerações teóricas, em extravagantes demonstrações de erudição, armado em bibliófilo dizendo que Eça é o teu “maestro” e o teu “autor”. E proclamas ad nauseam o teu amor pelos livros apenas para que os outros saibam como és excepcional e muito mais culto e refinado do que todos os restantes. E mais...
- Cautela com o que dizes...
- Coisa pouca. Odeio quando me tocas de manhã. Abomino!
- Sim? E os tremores que sentes são encenação barata?
- Exactamente! Queres a verdade? São! Não sei de onde vocês machos de trazer por casa concluíram que mulher gosta de sexo à laia de Henry Miller, como se estivéssemos sempre de perna aberta para todas as vossas fantasias ridículas!
Naquela noite pouco terna, em território gelado sem um sobressalto protector, decidiram protelar a partilha dos livros antes de se agredirem. Ele húmido de lágrimas foi até à varanda fumar para se afastar daquela Madame Bovary de bolso, que adora dar a impressão de uma daquelas pomposas amantes de livros que dizem ter descoberto tal e tal volume raro num alfarrabista nas ruas secundárias de Bratislava. Ela com precisão cirúrgica e a soprar restos de fúria foi conferir os fundos das estantes largas para ter a certeza de que não se estava a esquecer de nada. Foi quando deparou com o Palazzo Della Torre.
Mostrou o vinho ao marido.
- Recordas-te?
- Deuses. Onde estava essa maravilha?
- Na estante do quartinho onde estão os policiais. Lembro-me, tão só, que tínhamos jurado que só o abriríamos numa certa data... mas qual e porquê?
- Não faço a mínima ideia.
No exacto momento em que a vida se encaixota e já cansados das provações homéricas de uma relação de mil e uma noites veio-lhes à memória Eugénio de Andrade:
(…) O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Luís Galego
Os filhos são criados mais com livros e enciclopédias do que com brinquedos; a miúda ordena os seus livros com precisão militar e nada a indispõe mais do que saber que o irmão lhes toca. O acervo do rapaz cresce periclitante e de mãos dadas com as suas borbulhas, caótico, sem regra e prospera com a espontaneidade dos lírios do campo e até o gato passeia por cima dos livros na mesa, como se tivesse saído de Old Possum's Book of Practical Cats, de T. S. Eliot. A colecção daquela família assemelha-se a um jardim inglês, multicolor, imprevisível, hospitaleiro. Cada livro parece falar com eles uma linguagem idiossincrática, como se existisse um idioma para o coração. Aquela família de livrariófilos para ser feliz, tem de ter a sua dose diária de literatura, isto numa terra em que a norma é não ler, os livros montes de poeira, o leitor uma espécie de aberração e paradoxalmente um Presidente da República que nada entende de letras mas é doutor honoris causa em literatura. É com eles, os livros, que tencionam envelhecer.
Mas as pessoas inteligentes perdem-se por causa das coisas mais estúpidas e ultimamente passaram de dueto a duelo:
- E os livros?
- Partes iguais, parece-me sensato.
- Como sensato? Eu tenho direito a escolher e sabes bem porquê.
Agustina, com o seu mau humor capaz de aterrorizar os incautos, começou a tirar os livros das estantes e de sacos como se coelhos fossem. Os que ela queria na sala, os que podiam ficar com ele na biblioteca.
- Espera aí! - gritou Vladimir, bufando de indignação. - Os clássicos são meus!
- Não entendo porquê – reagiu ela, colérica e soberba na sua superioridade intelectual. - Coloquei toda a obra do António Lobo Antunes na tua pilha, na biblioteca.
- Eu disse clássicos, quero lá saber do Lobo Antunes? Nunca apreciei a sua prosa escarpada.
- Muito bem! Grande confidência. Tu nunca gostaste do António Lobo Antunes? Tu que dizes que ele é o homem que sabe substantivar os adjectivos, como nenhum outro escritor? Quer dizer que tudo o que afirmas é um embuste?
O diapasão anímico da conversa subia vertiginosamente na contagem dos megahertz emocionais. O que queria ela dizer com embuste: os dois nus refastelados na cama, enquanto ele lhe lia fragmentos de Não entres tão depressa nessa noite escura. O quarto à meia-luz, os dois confundidos um no outro. Entre corpos toda a literatura era deles.
- Não mudes de assunto. Tchekhov, Gogol, Turgueniev, Jane Austen, Dickens, Emile Brontee, Stendhal, Flaubert são meus, diz de rajada. Ah e os poetas também.
- Não foste tu que ainda há segundos reclamaste partes iguais?
- Podes ficar com o António Lobo Antunes completo.
- Eu abomino o Lobo Antunes! Sempre detestei aquelas personagens sem espessura, nem carne, nem sangue, tal como tu, curiosamente.
- Irra! Então a dissimulada és tu, disse Vladimir, já não conseguindo manter aquela certa elegância, mesmo em condições adversas, como era conhecido pelos mais próximos.
- Escuta, escuta: tenho ainda uma coisa a dizer. Eu odeio quando tu finges saber discutir literatura; tu um charlatão literário, sempre com considerações teóricas, em extravagantes demonstrações de erudição, armado em bibliófilo dizendo que Eça é o teu “maestro” e o teu “autor”. E proclamas ad nauseam o teu amor pelos livros apenas para que os outros saibam como és excepcional e muito mais culto e refinado do que todos os restantes. E mais...
- Cautela com o que dizes...
- Coisa pouca. Odeio quando me tocas de manhã. Abomino!
- Sim? E os tremores que sentes são encenação barata?
- Exactamente! Queres a verdade? São! Não sei de onde vocês machos de trazer por casa concluíram que mulher gosta de sexo à laia de Henry Miller, como se estivéssemos sempre de perna aberta para todas as vossas fantasias ridículas!
Naquela noite pouco terna, em território gelado sem um sobressalto protector, decidiram protelar a partilha dos livros antes de se agredirem. Ele húmido de lágrimas foi até à varanda fumar para se afastar daquela Madame Bovary de bolso, que adora dar a impressão de uma daquelas pomposas amantes de livros que dizem ter descoberto tal e tal volume raro num alfarrabista nas ruas secundárias de Bratislava. Ela com precisão cirúrgica e a soprar restos de fúria foi conferir os fundos das estantes largas para ter a certeza de que não se estava a esquecer de nada. Foi quando deparou com o Palazzo Della Torre.
Mostrou o vinho ao marido.
- Recordas-te?
- Deuses. Onde estava essa maravilha?
- Na estante do quartinho onde estão os policiais. Lembro-me, tão só, que tínhamos jurado que só o abriríamos numa certa data... mas qual e porquê?
- Não faço a mínima ideia.
No exacto momento em que a vida se encaixota e já cansados das provações homéricas de uma relação de mil e uma noites veio-lhes à memória Eugénio de Andrade:
(…) O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Luís Galego
Imagem: Lissue Lumineuse, Vieira da Silva (n. em Lisboa 13 Jun 1908 -m. Paris 6 Mar. 1992)
27 comments:
Estou fascinado!
Não sei o que mais apreci; se o descrever apaixonado do mundo dos livros, se o conjugar exemplar das palavras em frases que conjugam sábiamente o verbo "escrever".
E há os pequenos apontamentos (off the record), deliciosos, que só tu saberás totalmente o sentido, mas que deixas escapar um que outro mais genericamente perceptíveis...
Enfim, um sonho num domingo frio e feio.
Obrigado.
escreves sempre tão bem, luís...
lurdes soares
Boa Noite Luís!
Que alegria , mais um belo texto!
É Engraçado, porque de certa forma, é assim que eu imaginaria uma separação!
A nossa relação com os livros é tão antiga, que por vezes ultrapassa o trato normal que temos com os humanos. Desde que me conheço eles foram sempre os meus fiéis companheiros. Impossível a separação a menos que de uma catástrofe se trate...
Outra consideração engraçada, é que à dias dizia para uma amiga falando sobre o mesmo assunto: " Amigos nossos têm os filhos de um, os filhos da outra e os filhos de ambos. Nós, temos filhos em comum, mas....temos livros de um, os livros do outro e os livros em comum!"
As Palavras Gastas de Eugénio de Andrade, fazem toda a diferença!
Maravilhosamente escrito (e descrito) e não posso de o achar muitoooooooooo realista!!
Ahahaha!
Fico a aguardar o próximo!!!!
Beijo
Ana Oliveira
Saúda-se o regresso!!!!!!
Um brinde ao texto!
Luis...que posso dizer? Ficaria a ler mais, muito mais.
Não sei se se mistura aí uma auto-biografia mascarada, posso dizer que amei. Não só porque está bem escrito (:-) como é dolorosamente real. Um simples retrato de vida desfeita, que apesar disso continua sempre.
Estou com os livros que a "Agustina" escolheu...e mais alguns!!!!!!
PS. Nunca digas onde é a tua casa, porque essa de "ninguém rouba livros"...hummm depois dessa listagem...eu roubava, mas avisava...depois!!!
Um xi amigo da Maruska
Muito bom Luís, como sempre. A retratar a humanidade tal como ela é.
Abraço.
Ai os livros!
Contatei uma realidade pela qual não passei impune!
Sempre a riqueza das palavras e os sentimentos à flor da pele...
Que bom que é ler estes textos com os quais sempre me identifico, talvez por termos vivido entre a mesma cultura, entre as bibliotecas e a música...Não sei!
Sinto-me sempre em casa, principalmente na velha casa de Benfica,entre a maior colecção de livros particular que alguma vez vi e os discos de toda a boa e variada música que até aqui tinha por fundo!
Bejito
@n@m@ri@ deportugl
Porque me sinto sempre em casa quando leio os textos do Luís?
Talvez por uma experiência cultural muito idêntica e muito familiar
Não fiquei impune neste texto, embora não fosse uma separação deste género, mas por motivos de partida bem maior...
Os mesmos gestos,as mesmas palavras nesta escrita tão real e sentida...
A velha casa de Benfica inundada de livros, a maior biblioteca particular que já vi e a música de todo o género mas sempre boa, que, até aqui tinha por fundo!
Senti-me em casa, na casa mais preciosa que tive,Luís!
Beijo
@n@m@ri@de portug@l
Foi um prazer voltar a ler os seus textos. Um retrato perfeito, da "vida" que se pretende encaixotar, como se isso fosse possível.
Eugénio,tinha razão.
Obrigada pelo seu regresso.
um beijo
Foi um prazer voltar a ler-te.
Parecia que estava sentada numa biblioteca...
Beijinhos
Verdinha
Finalmente podemos retomar o infinito do ponto onde nos deixou.Um brinde ao regresso!
Não podia deixar de vir aqui e ver teus relatos, sempre cheios de emoção...
às vezes como um fino punhal de lâmina lancinante a rasgar o peito.
Sempre sua fâ, Poeta.
Beijinhos secretos
Excepcional texto.
Fantástico o que se lê nas entrelinhas.
O tempo só faz aprimorar a tua escrita.
Que nuncaa se te gastem as palavras...
Beijinhos, Luis
Além de ficar extasiada com a leitura dos seus textos, desponta, sempre, um sentimento de inveja (eu sei que é feio ser invejoso, mas só invejo o que realmente vale a pena invejar; não peco à toa). Claro que gostava de ser a autora!Como não tenho esse talento, delicio-me a ler aquilo que outros escrevem e tão generosamente partilham. Benditas novas tecnologias. Amén.
Parabéns pelo conto e parabéns pelo sentido de humor (gostei especialmente do Presidente da républica...). E consigo as palavras nunca estarão gastas.
Querido Luís,
ambos sabemos que o passado não é inútil - substância o verbo presente, fermentando aquilo que nós somos - presente - e, enformando o futuro. Um vai e vem que faz do livro da vida, um mundo, jamais reprodutível, onde cada um de nós é único, como única é a viagem dentro das tuas palavras.
Sabes da minha admiração por ti, Luís, como sabes do carinho que te nutro. És um ser especialíssimo que encontras sempre a palavra certa para nos trazer à leitura, jamais inútil, dos teus textos.
Vou reler este, Luís. E aprender contigo.
Beijo, brother,
Mel
Vou ler com o silêncio que o texto merece
Passei só para te deixar um abraço
Antes de tudo quero expressar minha
grande alegria! por tua volta ao blog. Hoje resolví fazer "um passeio" novamente por aqui, e qual não foi minha surpresa:
- Ele voltou! E com um texto precioso. Quantas reflexões podemos extrair dele...Antes do aparecimento da linguagem verbal, o homem se comunicava através de gestos, de sinais, sem pensar; foram necessários milhares de anos para que surgisse o Verbo. E esse processo se deu de uma forma tão lenta...e com um descompasso muito grande entre o pensar e o sentir.
As palavras foram saindo aos borbotões, como numa avalanche, e o
homem foi perdendo o seu controle(das palavras). Os sentimentos ficaram para trás, e o homem foi aprendendo a manipulá-las. A palavra não se desgastou, nós é
que emperramos, não acompanhamos o
seu desenvolvimento; queremos abarcar o mundo com as palavras, devorar todos os compêndios possíveis e imagináveis, numa ânsia
de dominar tudo, principalmente os
que nos rodeiam, os que supomos que amamos. Mas a teoria na prática, é outra, o descompasso é
imensurável...!
Teu texto é muito estimulante, são
muitas estantes, muitas prateleiras, uma verdadeira Babel de ideias para explorarmos. Mas paro por aqui...
(Espero que continues a nos deleitar com teus textos)
Beijo :)
Que fabulosa maneira de regressar à escrita na blogosfera, Luis!
Deliciei-me com mais este post.
Um beijinho.
... há muito perdera seu rasto!
E foi com muito agrado que vim cair num texto sobre o mundo dos livros!
É óbvio que é um excelente leitor! Boas referências literárias!
Fascinante!
Tive de voltar!
A Alegria demonstrada num texto tão triste, parece-me agora, deveras cruel! Mas trata-se de um mal entendido!
A Alegria vai todinha para o teu regresso à escrita aqui no infinito!
Beijo
Ana
que maravilha de texto!
eu ainda quero saber o fim da garrafa do vinho...
bom fim de semana!
Quanto sabor a Millan Kundera.
Adorei!
Para quando um livro?
Abraço e... Boas Festas!
Boas festas!
Feliz 2011 com muitos livros!
PALAVRAS ASSIM NUNCA SE GASTAM...
BELÍSSIMO ARTIGO!!!!!!!!!!!!!
GRANDE E FORTE ABRAÇO
fernando palaio
Que tenhas um 2011 com ALEGRIA,
AMOR e MUITA INSPIRAÇÃO/TRANSPIRAÇÃO para continuares criando e produzindo
textos tão bons quanto os que nos
apresentaste neste ano que termina!
UM FELIZ NOVO ANO!!!!
Grande abraço
Espectacular, como sempre!
Espero que Dolores ainda more em teu coração, Senhor Galego...
Abç
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