
Neste momento está patente Arpad Szenes - Obras da Colecção que reúne 129 obras de diferentes períodos, formatos e técnicas (desenho, pintura e gravura) agrupadas por séries ou temas recorrentes na sua produção e que salientam a originalidade do pintor húngaro. Interessante apreciar muitas das obras que nunca saíram das reservas, auto-retratos de infância, estudos para ilustrações ou revistas, telas que sem contexto não se entenderiam. Retrospectiva feita com a prata da casa cujo objectivo, julgo, é dar a conhecer o processo criativo do pintor que, discretamente, se afastou de cena para deixar brilhar a sua mulher. Um autor difícil de classificar, de incluir numa escola ou corrente artística, mas que acompanhou as inovações do seu tempo. Um homem que, com grande naturalidade, adaptava os suportes e a técnica às necessidades da obra, transitando da tela para a madeira ou papel de jornal, do óleo, pastel ou têmpera para o lápis de cor, carvão, caneta ou guache.
Registei a beleza dos auto-retratos feitos na escola primária, retratos do pai e da mãe (não tanto por serem obras maiores, mas pelo seu valor documental e emocional), desenhos de nus académicos cuidadosamente sombreados ou ensaios de traço vigoroso e rápido, composições estruturadas pela mancha sob influência do cubismo e surrealismo, figurações da época do exílio ou estudos para cartazes e capas para a revista Cimaise.

Arpad Szenes, que nos primeiros tempos em Paris ganhou a vida a fazer caricaturas, regressaria, já no último período de vida, às artes gráficas. Tendo igualmente desenvolvido pesquisas no campo da gravura e da ilustração (por exemplo, de O Canto de Amor e de Morte do Cornetim Christophe Rilke, de Rilke).
Temos oportunidade de observar diferentes maneiras de desenhar, desiguais abordagens e nota-se o empenho por parte dos responsáveis da exposição em exibir uma faceta mais humana, mais pessoal, mais sensivel. Valorizando a recorrência dos temas trabalhados pelo artista em detrimento da ordem cronológica, esta é uma retrospectiva que inclui arquitecturas (ruas de Budapeste), efeitos ópticos com espelhos (Mirroirs) e movimento (conjuntos sobre dança ou Cyclistes), não descurando um canto para a solidão (Conversation), a comunhão (Banquets) ou experiências, até agora inéditas, como Tryptique pour Creuzevault, paisagem pintada no interior de uma caixa/janela.
Dos Portrait de Famille (em que se retrata a pintar a mulher, um dos seus modelos de eleição) à fusão do casal com objectos do seu quotidiano, das figuras a passear num jardim (série Nova Friburgo) ao absurdo da guerra (Hommes-Trompettes), das cores vibrantes que usou nas obras sobre a praia da Caparica e os papagaios de papel até à dissolução das formas e esvaziamento da tela na fase final da sua vida, esta é uma exposição sobre "a procura da luz pura" (cf. Paula Lobo, in http://www.dn.sapo.pt).

Esta exposição impunha-se até por uma questão de dívida moral para com a sensível qualidade da obra do artista…
Arpad Szenes (Budapeste, 6 de maio de 1897 — Paris, 16 de janeiro de 1985) foi pintor, gravurista, ilustrador, desenhista e professor, naturalizado francês em 1956. Influenciado pela música de Bartok e de Kodaly, bem como pela arte de vanguarda de Lajos Kassák, percorreu as capitais artísticas europeias e fixou-se em Paris em 1925 mas a sua trajectória artística ficou profundamente ligada ao mundo latino, devido – em grande parte – ao seu casamento com a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, com quem realizou inúmeras viagens à América Latina para participar em exposições. Devido ao facto de ser judeu e de Vieira da Silva ter perdido a nacionalidade portuguesa, eram oficialmente apátridas. Então, o casal decidiu residir por um longo tempo no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra. Apesar da sua personalidade discreta, é considerado um dos melhores representantes da Escola de Paris dos anos 40, tendo-lhe sido dedicadas várias retrospectivas a partir dos anos 70.
Arpad Szenes (Budapeste, 6 de maio de 1897 — Paris, 16 de janeiro de 1985) foi pintor, gravurista, ilustrador, desenhista e professor, naturalizado francês em 1956. Influenciado pela música de Bartok e de Kodaly, bem como pela arte de vanguarda de Lajos Kassák, percorreu as capitais artísticas europeias e fixou-se em Paris em 1925 mas a sua trajectória artística ficou profundamente ligada ao mundo latino, devido – em grande parte – ao seu casamento com a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, com quem realizou inúmeras viagens à América Latina para participar em exposições. Devido ao facto de ser judeu e de Vieira da Silva ter perdido a nacionalidade portuguesa, eram oficialmente apátridas. Então, o casal decidiu residir por um longo tempo no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra. Apesar da sua personalidade discreta, é considerado um dos melhores representantes da Escola de Paris dos anos 40, tendo-lhe sido dedicadas várias retrospectivas a partir dos anos 70.