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Monday, June 02, 2008

filhos de Corbusier…

Tal como combinado na noite anterior, no Procópio, lá nos encontrámos os quatro no maior edifício cultural do País. O objectivo era visitar o multifacetado Senhor Charles-Edouard Jeanneret, conhecido por Le Corbusier. O arquitecto, urbanista, pintor, designer e coleccionador, que constituiu um marco relevante no desenvolvimento da arquitectura moderna assentou arraiais no Museu Berardo. A forma como os gregos utilizaram a razão de ouro nos seus trabalhos foi causa de alento para este homem das artes. Um pensar e um actuar que se distinguem pela constante atenção ao modo humano de viver o espaço. Para o teórico Diogo Lopes, "parafraseando Godard a propósito de Orson Wells, somos todos filhos de Corbusier." Esta forma, muito parcimoniosa, é uma apresentação feliz da influência que o arquitecto teve no modo como se pensam as cidades (cf. DN, 19 de Maio pp.). Le Corbusier num dos seus textos mais nomeados escreveu "usa-se pedra, madeira e cimento, e com estes materiais fazem-se casas e palácios: isto é a construção ingenuidade está a funcionar. Mas subitamente tocam no meu coração, fazem-se bem. Fico feliz e digo: 'isto é belo. Isto é arquitectura" (in 'Vers Une Architecture', 1923). O seu trabalho foi guiado por uma resistente crença na força da arquitectura em chegar à vida das pessoas. Mas estes aspectos não são tão-só ditos românticos sem efeitos na prática do projecto de construção. Le Corbusier criou um sistema de tipologias arquitectónicas que tinham como alicerce a escala humana.

Le Corbusier, Arte e arquitectura conta com o apoio da Fondation Le Corbusier e ramifica-se em três módulos contemplando maquetas, pinturas, esculturas, desenhos e edições originais convidando-nos a compreender a evolução do pensamento deste arquitecto suíço e a explorar as dinâmicas existentes entre a sua arquitectura, pintura e objectos "evocadores de emoções poéticas". Se é verdade que as mostras dedicadas à arquitectura são muitas vezes algo a roçar o hirto pelo que me foi dado a observar ali isso não sucede. O museu desenvolve um conjunto de actividades de âmbito didáctico para que possa viver melhor esta exposição e até eu fui cobaia por parte do monitor Luís Rodrigues para dar substância à problemática da ilusão em arte (receei que, tal como acontece com uma personagem de um filme do neurótico bem-humorado Woddy Allen, pudesse desaparecer no meio de um baralho de cartas, mas não!!!).

Nessa mesma noite e a este propósito tive ainda a oportunidade de assistir a Câmara Clara/RTP2 que convidou uma perita em história da arquitectura moderna e contemporânea e João Luís Carrilho da Graça, o arquitecto luso em cuja obra a ascendência de Le Corbusier é mais evidente. Nuno Teotónio Pereira, Nadir Afonso, Beatriz Colomina, William Curtis e o presidente da Fundação Le Corbusier pronunciaram-se, igualmente, sobre aquele que ficou famoso como "o arquitecto do século”.

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Pode até ser uma forma abundantemente prosaica de celebrar a visita a uma exposição, mas a verdade é que após a mesma regalámo-nos que nem uns doidos, numa esplanada de Paço de Arcos, à volta de pratos de caracóis, cervejas e de três excelentes garrafas de vinho. Não somos filhos de Le Corbusier mas comemoramos a vida, também…