Uma magnífica série, sendo que o último episódio é perturbador, ainda mais que os que o precederam. Excelentemente interpretada, e com vários temas, qual deles o de maior interesse. Claro que o tema-base só podia ser a Morte, uma vez que é a história de uma família cujas várias gerações se dedicam à profissão de agentes funerários. Mas afinal trata-se é de Vida. Uma personagem no último episódio pergunta “Para que existe a morte?” e é-lhe respondido “Para a vida ter valor.” E se cada episódio começa com uma morte, ela torna-se familiar, até porque nestes funerais os corpos são embalsamados e isso é um trabalho onde tem de existir distância. E na família centro da história, os problemas focados são da maior relevância e actualidade. A mãe de família, bem comportada, dona-de-casa exemplar, que já com mais de 50 anos teve um affair de que se culpabiliza profundamente. Mas com a morte do marido volta a viver e a sentir-se desejada e bem consigo. O filho mais novo, gay escondendo-se e vivendo o seu caso com vergonha. O irmão mais velho que só volta a casa porque o pai morre e tinha a dor de pensar ter sido uma decepção para ele... Rapaz de ligações leves, que se desinteressa pelas mulheres quando elas correspondem, só desejando o que não tem, até ter encontrado “a tal”. E esta “tal”, figura sensacional, filha de 2 psiquiatras (muito maltratados!) mulher cheia de força, que suporta o peso imenso de uma família de alienados. A irmã adolescente, jovem criada numa casa que é simultaneamente uma Agência Funerária, casa onde na cave, muito asséptica, se fazem os embalsamamentos. As cenas do último episódio são marcantes...
Assistimos a uma série de ficção do melhor que alguma vez nos foi dado a ver. Um momento de televisão raro, preenchido com qualidade, com passagens memoráveis. Em cada episódio houve sempre algo de novo, sempre um desenrolar das vidas daqueles personagens improváveis, que nos abana a consciência e nos põe a pensar. Six Feet Under são a representação da vida tal como ela é, num realismo tão possível quanto a ficção o permite.
1 comment:
intiresno muito, obrigado
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