Vida e morte juntas no rosto de um doente terminal. O trabalho de um fotógrafo e jornalista alemães resultou na exposição fotográfica «AMOR-TE», são duas palavras fortes: Amor e Morte, patente no Museu da Água. Uma das mais polémicas exposições fotográficas apresentadas nos últimos anos na Europa.
O fotógrafo alemão Walter Schels e a jornalista Beate Lakotta, do Der Spiegel, são casados e têm 30 anos de diferença de idade. Essa preocupação - «o que farás quando eu morrer? Como será quando morreres?» - levou-os a procurar (21) doentes terminais e a seguir o percurso por hospitais e tratamentos.
Na exposição há uma chamada de atenção para o problema dos cuidados paliativos e também uma representação artística, que no caso do fotógrafo começou há uns anos com fotografias de bebés acabados de nascer. Completa-se assim o ciclo da vida.
Enquanto Schels fotografou, Lakotta acompanhou as histórias de vida de doentes terminais que se desenrolaram durante meses: nesses textos, que acompanham as imagens, é possível ler como cada pessoa encara a morte. Uns desejam a morte como fim do sofrimento. Outros sentem-se revoltados com o que lhes aconteceu....
Fortes são também as expressões dos retratados - retratos a preto e branco, uma fotografia ainda em vida e outra logo após a morte . Em vida, estas são carregadas de dor, de sofrimento, de desesperança. Depois, pos-mortem, as faces surgem serenas, pacíficas. Nenhuma das 44 imagens foi retocada, mas o impacto é evidente: «Não queremos chocar ninguém. Não é uma exposição-choque. Pelo contrário, queremos que as pessoas saiam daqui com um sentido mais apurado de vida. Há quem saia a chorar, porque, de uma forma ou doutra, já todos passamos por esta experiência, de ver morrer alguém que amamos”, explicam os responsáveis da mostra.
Beate Taube, de 44 anos, sabia que ia morrer após uma luta de quatro anos contra um cancro na mama. Afirmava não ter medo da morte em si, o que mais lhe doía era ter de despedir-se dos quatro filhos. A primeira fotografia foi tirada em Janeiro de 2004, sendo que Beate morreu três meses depois. Beate é apenas uma das doentes que aceitaram ser acompanhadas durante os últimos meses de vida, pelo fotógrafo e pela jornalista.
Esta exposição obriga-nos a confrontar-nos com a dor de um final, com a nossa mortalidade. Se na velhice, esse confronto se torna menos doloroso (?), quando nos deparamos com a morte de duas crianças de 17 meses e seis anos que sofriam de tumores cerebrais tudo é questionado. A última fotografia, já depois de mortos, é quase como um último suspiro que fica suspenso para sempre num espaço e tempo.
A serenidade das imagens não deixa transparecer a luta pela sobrevivência. Os textos que as acompanham relatam por um a lado a indignação, por outro a vontade de pôr fim ao sofrimento. Através das imagens, o fotógrafo quis mostrar que um rosto sem vida pode preservar a beleza da pessoa que acabou de partir.
Instalado no Museu da Água, o ambiente torna-se uma alegoria desta exposição polémica e intensa. Ao fundo ouve-se água a cair. No fundo, é uma alegoria: a vida começa na água e termina aqui.
Site: http://www.amor-te.com/
O fotógrafo alemão Walter Schels e a jornalista Beate Lakotta, do Der Spiegel, são casados e têm 30 anos de diferença de idade. Essa preocupação - «o que farás quando eu morrer? Como será quando morreres?» - levou-os a procurar (21) doentes terminais e a seguir o percurso por hospitais e tratamentos.
Na exposição há uma chamada de atenção para o problema dos cuidados paliativos e também uma representação artística, que no caso do fotógrafo começou há uns anos com fotografias de bebés acabados de nascer. Completa-se assim o ciclo da vida.
Enquanto Schels fotografou, Lakotta acompanhou as histórias de vida de doentes terminais que se desenrolaram durante meses: nesses textos, que acompanham as imagens, é possível ler como cada pessoa encara a morte. Uns desejam a morte como fim do sofrimento. Outros sentem-se revoltados com o que lhes aconteceu....
Fortes são também as expressões dos retratados - retratos a preto e branco, uma fotografia ainda em vida e outra logo após a morte . Em vida, estas são carregadas de dor, de sofrimento, de desesperança. Depois, pos-mortem, as faces surgem serenas, pacíficas. Nenhuma das 44 imagens foi retocada, mas o impacto é evidente: «Não queremos chocar ninguém. Não é uma exposição-choque. Pelo contrário, queremos que as pessoas saiam daqui com um sentido mais apurado de vida. Há quem saia a chorar, porque, de uma forma ou doutra, já todos passamos por esta experiência, de ver morrer alguém que amamos”, explicam os responsáveis da mostra.
Beate Taube, de 44 anos, sabia que ia morrer após uma luta de quatro anos contra um cancro na mama. Afirmava não ter medo da morte em si, o que mais lhe doía era ter de despedir-se dos quatro filhos. A primeira fotografia foi tirada em Janeiro de 2004, sendo que Beate morreu três meses depois. Beate é apenas uma das doentes que aceitaram ser acompanhadas durante os últimos meses de vida, pelo fotógrafo e pela jornalista.
Esta exposição obriga-nos a confrontar-nos com a dor de um final, com a nossa mortalidade. Se na velhice, esse confronto se torna menos doloroso (?), quando nos deparamos com a morte de duas crianças de 17 meses e seis anos que sofriam de tumores cerebrais tudo é questionado. A última fotografia, já depois de mortos, é quase como um último suspiro que fica suspenso para sempre num espaço e tempo.
A serenidade das imagens não deixa transparecer a luta pela sobrevivência. Os textos que as acompanham relatam por um a lado a indignação, por outro a vontade de pôr fim ao sofrimento. Através das imagens, o fotógrafo quis mostrar que um rosto sem vida pode preservar a beleza da pessoa que acabou de partir.
Instalado no Museu da Água, o ambiente torna-se uma alegoria desta exposição polémica e intensa. Ao fundo ouve-se água a cair. No fundo, é uma alegoria: a vida começa na água e termina aqui.
Site: http://www.amor-te.com/
3 comments:
Arrepiante...obrigada...
Já li uma reportagem sobre este trabalho!
Impressionante como a certeza da morte pode despoletar tantas reacções diferentes...
e eu que vejo os meus pais regressarem ao meu útero,deito-me e delito-me nesta água
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