Friday, December 22, 2006

sem amor, nem abrigo


"Sem amor, sem abrigo" Numa acção de protesto, um indivíduo colocou esta manhã um cartaz com a inscrição "Sem amor, sem abrigo" na Ponte 25 de Abril, em Lisboa.
Jornal Público, 21 de Dezembro de 2006

Olhemos o que se passa na maior parte das cidades. Há uma variedade de pessoas que se encontram temporariamente na rua. O errante, o sem-abrigo, o mendigo, o "clochard", o vagabundo, o sem domicílio estão omnipresentes nos aglomerados urbanos desde os tempos mais remotos. As sociedades desenvolvidas, ainda hoje, carburam de uma forma industrializada. Cada coisa no seu lugar, cada pessoa no seu posto, cada instituição na sua missão específica, cada cidadão na sua casa. Somos adeptos cegos de duas regras de vida em sociedade: habitar e trabalhar. O sem-abrigo ocupa o espaço de outra forma e muito mais passivamente o seu tempo. Nos espaços públicos, nos seus percursos, parece dirigir-se para lado nenhum, em longas horas vazias nunca fazer nada, ou servir ninguém. Por isso, torna-se aos olhos da maioria um objecto de agitação e um ser incómodo.

O sem-abrigo é um"corpo estranho no caminho", mas tem “alma”, uma dinâmica interior, feita de recordações, sentimentos, mágoas, desejos, paixões e mesmo expectativas. Tem direitos, que esquecemos, como o de utilizar os espaços públicos, de deambular nas ruas, de se sentar nos parques, de abordar e falar aos passeantes, de se sentar num estabelecimento para tomar um café ou de gritar pedindo socorro.

Talvez por tudo isto ou por razões que me passam ao lado, numa acção de protesto um indivíduo colocou ontem de manhã um cartaz com a inscrição "Sem amor, sem abrigo" na Ponte 25 de Abril, em Lisboa. Não é ficção, nem de poesia se trata, aconteceu…

22 comments:

Vulcano Lover said...

vou estar uns dias fora. Vou para casa dos meus pais, em Sevilha, festejar o natal. Assim, aproveito para te desejar um muito feliz natal. Encontramo-nos depois das festas. Um beijo muito forte.

Anonymous said...

Desejo-te muita Luz neste Natal... e obrigado.
Elsa

Tino said...

Um tema preocupante esse... vai levar muito tempo até que a sociedade evolua o suficiente...Um feliz natal para ti, amigo!
Grande abraço!

Amaral said...

Que nesta quadra, especial para muitos, a Luz da esperança e da compreensão faça de nós pessoas mais conscientes e amantes da Vida!
Feliz Natal!

[[cleo]] said...

A felicidade é feita de momentos…
Momentos que nos enchem de alegria!
Como uma onda…
Que chega e nos invade o corpo e a mente!
Parecem instantes de verdadeira magia…
Há pessoas que conhecemos há muito tempo…
Alguns desde crianças
A quem chamamos amigos verdadeiros!
Mas há também os outros…
Aqueles que conhecemos há pouco tempo
E nos deram provas da sua amizade genuína…!
E há ainda os outros…
Os que conhecemos através de uma máquina
Uma máquina maravilhosa!
Nunca lhes vimos o rosto
Mas conhecemos-lhe as palavras… o jeito carinhoso…
Com quem partilhamos as nossas alegrias... Tristezas... medos... ansiedades...
Esses, são os amigos virtuais!
Os quais nos oferecem muitos daqueles momentos
Momentos de alegria…
Que fazem a nossa felicidade!
Tu… és um deles! Obrigada!!

Um Feliz Natal para ti!

Anonymous said...

Luis, sei que gosta de cinema; tem um filme em que a Meryl Streep contracena magistralmente com Jack Nicholson "Ironweed", ela interpreta uma mendiga.
Você vai me perguntar o porque d'eu estar falando de filmes agora, mas falo pelo simples fato de que, as pessoas andam pelas ruas, encontram mendigos e não se emocionam e ao assistirem filmes, ficam deveras emocionados.
Isso não é uma incoerência?

FELIZ NATAL !! Beijus

Jonice said...

E quantos "sem amor, sem abrigo" vemos todos os dias, aqui também, do lado de cá do Atlântico, como em tantos lugares. Iniquidade, ausência de oportunidades justas, sociedade carente de valores, por um lado. Haveria também um outro lado, do indivíduo? Que faz em seu percurso determinadas escolhas que o conduzem a tal situação desfavorecida? Houve um filme, na década de 80 talvez, protagonizado por Merryl Streep e Jack Nicholson fazendo dois habitantes das ruas ...lembrei-me dele agora.

Erótika said...

Vayan para Tí mis mejores deseos de pasión, amistad y felicidad
sobre todo en éstas fiestas.


PD. Mis blogs ahora tienen música..una tentación...te espero.

isabel said...

E no entanto, aquele abraço...

Boas Festas, Luís.

JL said...

Venho deixar o desejo que o Natal deste ano seja, o mais possível, o reflexo dos valores do Presépio de há dois mil anos. João Lopes

Maria P. said...

Impressionante!

Boas Festas.

rui-son said...

O que tu e o/a Luma disseram deixou-me a pensar. A verdade é que a nossa vida nos leva a sermos cada vez mais indiferentes a tudo, mas acima de tudo aos problemas dos outros. Actualmente quando andamos pela rua somos capazes de passar por pessoas sem abrigo sem que isso nos afecte. Muitas vezes até, sentimo-nos incomodados com a presença dessas mesmas pessoas. No entanto emocionamo-nos com filmes... Deixa-nos a questionar o que é feito dos nossos valores...

rui-son said...

Ah! Fiquei tão embrenhado nestes pesamentos que até me esqueci de dizer... Um Feliz Natal para ti!

Jonice said...

Dou cá um pulinho para te desejar um Natal Feliz com amor, luz e paz!
Beijinho :)

Kalinka said...

Em Portugal, a tradição repete-se um pouco por todo o país, embora nas grandes cidades tudo se passe numa atmosfera essencialmente cosmopolita. As ruas iluminam-se de lâmpadas translúcidas e cintilantes como auroras boreais. Dir-se-ia que as luzes trémulas aquecem os corações mais cépticos e solitários.
No dia vinte e quatro ao final da tarde, HOJE toda a família se reúne. Alguns deixam as cidades e partem para o campo. Outros atravessam o mundo para voltar ao seu país, por poucas horas. Fazem-no com a esperança de reviver lembranças de uma vida.
Sensivelmente por volta das vinte e uma horas, a grande família reencontra-se à mesa: bombons de cores e sabores variados para os mais pequenos, frutos secos e cristalizados para os mais crescidos.
Come-se o tradicional «Bacalhau à Portuguesa»: bacalhau cozido, batatas, couve portuguesa, cenouras e ovos. Tudo, acompanhado generosamente pelo bom azeite.
Chega então a sobremesa! Uma enorme mesa, pródiga das mais belas iguarias da doçaria portuguesa: rabanadas, aletria polvilhada e aromatizada com canela, farofas, fios de ovos, sonhos, pudim conventual de ovos... Excêntricos requintes para o paladar!
O célebre Bolo-Rei partilha desta tradição e os mais velhos e apreciadores acompanham-no com um cálice de perfumado vinho do Porto.

À meia-noite, tocam à porta... e o Pai Natal - um familiar disfarçado por trás de uma longa barba branca e vestido a rigor - faz a sua entrada, soltando o tradicional e esfuziante:
- Ho! Ho! Ho!
Os miúdos despertam, e enchem os olhos de estrelas brilhantes. Os gritos de espanto, alegria e excitação espalham-se pela casa. É o momento mais belo da noite! A hora do encantamento!!
Depois, cada um regressa a suas casas...
A mesa deixa-se posta e guarnecida. O frio gela... mas as mãos aquecem nos afectos e os olhos transformam-se em estrelas tremulares de mil tons e transparências de cristais.
BOAS FESTAS. Abraços.

Salto Angel said...

Muita Saúde e Amor para ti e a tua família neste Dia de Natal, e que os mesmos votos se multipliquem durante o ano de 2007!!

Abraço,

Carlos.

N.B. - Grande verdade, essa inscrita no cartaz!!...

NaT said...

Me pasé por aqui para dejarte un beso y desearte una
¡¡¡FELIZ NAVIDAD!!!!

Wellvis said...

Um gde abraço Luis,e boas entradas, sem travestis ;)

Anonymous said...

Howard's End? Caro Amigo, obrigado pela visita. Felicito-te pelo teu blogue, "andei" por ele hoje aos saltos. Gostei do artigo sobre as afirmaçoes indelicadas e preconceituosas da Agustina. Com mais calma, em Lisboa, voltarei aqui. "Happy New Year, Howards"

Amaral said...

O tema é social, mas é humano também.
Por todo o mundo os "sem abrigo" espalham-se nas grandes cidades, e a sociedade vai permitindo que, cada ano, o seu número aumente...
O problema não é de fácil resolução... mas que pode ser resolvido humana e civilizadamente, isso pode!

Luís said...

Sem amor... tão pior que sem abrigo. Há muito que não via uma foto tão forte. Inspria fragilidade e ao mesmo tempo tanta ternura. Linda...

Unknown said...

O sem-abrigo é um"corpo estranho no caminho", mas tem “alma”, ...
Esta mesmo é tudo isto q ñ me deixa viver completamente descansada :(
Um beijo