Havia um homem que ficou deitado/(…)/(…)Estava/ tão morto que vivia unicamente./Dentro dele batiam as portas, e ele corria/pelas portas dentro, de dia, de noite/ Passava para todos os corpos/ Como em alegria, batia nos olhos das ervas/que fixam estas coisas puras/Renascia. (Ou o Poema Contínuo, Herberto Hélder).
"O el poema continuo", a tradução castelhana de "Ou o poema contínuo", de Herberto Hélder, é um dos "melhores livros de poesia publicados em Espanha" em 2006, na avaliação de críticos literários do El Pais.
"Un nombre esencial de la modernidad poética portuguesa es el de Herberto Hélder”", autor de uma "poesia díficil, pêro no ilegible y menos de un hermetismo insalvable”", escreve no jornal madrileno o crítico Antonio Ortega. São "notas sustenidas de una partitura que reclama el espacio y el sonido pleno de la totalidad, una materia-prima de sueños, artérias, sensaciones y significados", qualifica Ortega. Na opinião do crítico, Herberto Helder reúne nesta "súmula poética" a "mágica violência de su escritura, esa profundidad a la que muchos son incapaces de lhegar". Relativamente à tradução, de uma "musical fidelidad", da autoria de Jesus Munárriz, Ortega observa ser "imposible no salir con un sentimiento de inquietud, no ver las palabras, casi tocarlas".
Herberto Hélder é autor de uma vasta obra poética iniciada com "O amor em visita" e em que se destacam títulos como "O Bebedor Nocturno", "Vocação animal", "Cobra", "Photomaton & Vox" e "A cabeça entre as mãos". O seu até agora único livro de contos, "Os passos em volta", é por muitos considerado um dos mais belos já escritos em língua portuguesa.
Ou o Poema Contínuo
Pratiquei a minha arte de roseira: a fria
inclinação das rosas contra os dedos
iluminava em baixo
as palavras.
Abri-as até dentro onde era negro o coração
nas cápsulas. Das rosas fundas, da fundura nas palavras.
Transfigurei-as.
Na oficina fechada talhei a chaga meridiana
do que ficou aberto.
Escrevi a imagem que era a cicatriz de outra imagem.
A mão experimental transtornava-se ao serviço
escrito
das vozes. O sangue rodeava o segredo. E na sessão das rosas
dedo a dedo, isto: a fresta da carne,
a morte pela boca.
- Uma frase, uma ferida, uma vida selada.
Herberto Helder
Ou o Poema Contínuo
"O el poema continuo", a tradução castelhana de "Ou o poema contínuo", de Herberto Hélder, é um dos "melhores livros de poesia publicados em Espanha" em 2006, na avaliação de críticos literários do El Pais.
"Un nombre esencial de la modernidad poética portuguesa es el de Herberto Hélder”", autor de uma "poesia díficil, pêro no ilegible y menos de un hermetismo insalvable”", escreve no jornal madrileno o crítico Antonio Ortega. São "notas sustenidas de una partitura que reclama el espacio y el sonido pleno de la totalidad, una materia-prima de sueños, artérias, sensaciones y significados", qualifica Ortega. Na opinião do crítico, Herberto Helder reúne nesta "súmula poética" a "mágica violência de su escritura, esa profundidad a la que muchos son incapaces de lhegar". Relativamente à tradução, de uma "musical fidelidad", da autoria de Jesus Munárriz, Ortega observa ser "imposible no salir con un sentimiento de inquietud, no ver las palabras, casi tocarlas".
Herberto Hélder é autor de uma vasta obra poética iniciada com "O amor em visita" e em que se destacam títulos como "O Bebedor Nocturno", "Vocação animal", "Cobra", "Photomaton & Vox" e "A cabeça entre as mãos". O seu até agora único livro de contos, "Os passos em volta", é por muitos considerado um dos mais belos já escritos em língua portuguesa.
Ou o Poema Contínuo
Pratiquei a minha arte de roseira: a fria
inclinação das rosas contra os dedos
iluminava em baixo
as palavras.
Abri-as até dentro onde era negro o coração
nas cápsulas. Das rosas fundas, da fundura nas palavras.
Transfigurei-as.
Na oficina fechada talhei a chaga meridiana
do que ficou aberto.
Escrevi a imagem que era a cicatriz de outra imagem.
A mão experimental transtornava-se ao serviço
escrito
das vozes. O sangue rodeava o segredo. E na sessão das rosas
dedo a dedo, isto: a fresta da carne,
a morte pela boca.
- Uma frase, uma ferida, uma vida selada.
Herberto Helder
Ou o Poema Contínuo
4 comments:
Já tinha lido qql coisa do Herberto Helder e gostei :)
Obrigada pela dica :)
E um excelente 2007
-Obrigada por dares a conhecer, eu nao conhecia, so tinha ouvido falar algo.
Gostava de ler tb a versao original, e comparar as formas escritas de ambas as linguagens.
Obrigada, e bom ano...:)***
Gostei desta amostra e vou atraz dela...;)
Digo os versos devagar e soletro as palavras uma a uma...
Vê-las e tocá-las é obra de quem as sente!
Fazê-las vibrar em cada sentimento é dom descoberto pela Luz de dentro...
"Se houvesse degraus na terra...
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia."
(..)
Gosto de Herberto Helder.
Boa noite, Luís.
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