MUSA
É a musa a esmeralda
a cintilação absurda
uma pequena bolsa de ar
na lisura do pulso
No perfil do papel
a vagem do poema
A penumbra
a palavra
a rasura da pena
É a musa o marfim
o faim à cintura
o mistério que se adensa
na leveza da bruma
No fio do coração
o voo do sentimento
A queda
a vertigem
uma sombra de agrura
É a musa o diamante
o torvelinho da alma
o secreto segredo onde a estrofe
se esfuma
Na fímbria do retrato
a nau do pensamento
A urgência
de tudo
ou de coisa nenhuma.
Maria Teresa Horta (Inquietude)
Depois de anos sem publicar Maria Teresa Horta regressa com inquietude, um livro de circum-navegação da escrita em que equaciona a própria existência para verificar que é a mesma na paixão como nos versos, na rebeldia como na permanente curiosidade sobre o mundo. Feminista, jornalista e ficcionista, que se afirma poetisa em tudo o que faz na vida.
Não consigo resistir a segredar outro poema (mais antigo), da nossa feminista de serviço, que é uma verdadeira pérola.
Segredo
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
É a musa a esmeralda
a cintilação absurda
uma pequena bolsa de ar
na lisura do pulso
No perfil do papel
a vagem do poema
A penumbra
a palavra
a rasura da pena
É a musa o marfim
o faim à cintura
o mistério que se adensa
na leveza da bruma
No fio do coração
o voo do sentimento
A queda
a vertigem
uma sombra de agrura
É a musa o diamante
o torvelinho da alma
o secreto segredo onde a estrofe
se esfuma
Na fímbria do retrato
a nau do pensamento
A urgência
de tudo
ou de coisa nenhuma.
Maria Teresa Horta (Inquietude)
Depois de anos sem publicar Maria Teresa Horta regressa com inquietude, um livro de circum-navegação da escrita em que equaciona a própria existência para verificar que é a mesma na paixão como nos versos, na rebeldia como na permanente curiosidade sobre o mundo. Feminista, jornalista e ficcionista, que se afirma poetisa em tudo o que faz na vida.
Não consigo resistir a segredar outro poema (mais antigo), da nossa feminista de serviço, que é uma verdadeira pérola.
Segredo
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
* Ler excelente entrevista com a poetisa na edição de hoje no Jornal de Letras.
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
* Ler excelente entrevista com a poetisa na edição de hoje no Jornal de Letras.
2 comments:
Gostei.
Luís,
Depois de dias a hibernar ... voltei. E ofereces-me um prato cheio... Este último poema é belíssimo.
"Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar."
Os segredos das intimidades de cada um de nós, aquilo que partilhamos apenas com quem confiamos...
Lindo de morrer. Simples e lindo!
Bjs
Mel
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