Friday, February 02, 2007

relativismos culturais...

Ayaan Hirsi Ali. Mulher. Negra. Muçulmana. Nascida na Somália, 37 anos, teve liberdade só há treze, quando fugiu do seu país para escapar de um casamento arranjado. Nasceu com pouco mais de um quilo, adoeceu com paludismo e pneumonia, extriparam-lhe os genitais quando tinha 5 anos, sofreu violências físicas diversas, como quando o professor que lhe ensinava o Corão lhe fracturou o craneo ou quando um marginal colocou uma faca no pescoço e só não a degolou porque identificou o seu sotaque como sendo da mesma tribo dele, mas sobreviveu a tudo isso. Estudou, ganhou a nacionalidade holandesa, virou política e escritora. Foi deputada no congresso holandês.

Denunciou a prisão a que considera o Islamismo e afirmou bem alto que se exige não só que sejam fieis de Alá; também seus escravos. Luta pela liberdade dessas muitas mulheres que continuam na mesma situação que ela viveu. Por isso está sentenciada de morte.

Escreveu um livro contando a sua vida. O argumento que escreveu para o filme Submissão: Parte I, custou em Novembro de 2004, no centro de Amesterdão, a vida ao realizador de cinema Theo Van Gogh, crivado de balas, degolado e o seu peito utilizado como cartaz de anúncios: o assassino cravou nele uma nota para Hirsi Alí avisando-a de que os seus dias estavam contados. Anda com dois guarda- costas, foi expulsa da sua casa na Holanda porque os seus vizinhos acreditavam que ela colocaria a vida deles em risco, a ministra da Imigração retirou-lhe o passaporte depois de alegar que tinha mentido ao solicitar asilo, praticamente foi expulsa do país.

Hoje ela vive nos EUA um novo exilio mas tem liberdade e voz para lutar contra o apedrejamento, as humilhações, a desigualdade, a castração física e os direitos da mulher islâmica.

Aqui a entrevista que ela concedeu à jornalista Yolanda Monge do El País.

14 comments:

xcfg said...

isso é bueda fashion

SÓNIA P. R. said...

Não aceito este tipo de propaganda islamófoba, mas respeito a opinião de cada um. Neste momento é fácil atacar sempre o Islão que até é a mais tolerante das três religiões de Abraão, mas eu também só conheço bem a realidade xiita e desprezo as interpretações do fundamentalismo sunita.
Bom fim de semana.

Anonymous said...

É importante começar por preceber o que é na realidade "Relativismo Cultural".
Sem querer de forma alguma ser ostensiva, diria que Ruth Benedict in "O Bem é o que a Sociedade Aprova" e James Rachels "O Desafio do Relativismo Cultural"
entre outros, são autores que nos conduzem o pensamento na aceitação da diferença.

É em meu entender à luz das teorias de aculturação e cultura que temos que tecer um olhar sobre as religiões. É obvio que todas elas encerram capítulos negros (veja-se a inquisição)...

Não me parece que se trate "propaganda islamófoba", mas sim um olhar diferente, marcado e situado entre dois eixos: o local de nascimento e o local onde a aculturação aconteceu.

Deixo claro que nenhuma prática religiosa que atente contra o ser humano merece o meu respeito. De lés a lés.

A ti, brother de uma vez mais, trazeres temas "quentes", tiro o meu chapéu.

Bjs da Mel

caminante said...

Importancia de la dignidad personal. Respeto a la persona siempre, sea quien sea y piense lo que piense. Mientras no lleguemos a esto...largo camino.
Un fortísimo abrazo.

Tino said...

Deus tem sido uma das maiores desculpas utilizadas pelo homem para as atrocidades que pratica.
Através de todos os tempos, sem distinção de raça ou credo.
O mesmo homem que prega que Deus é perfeito diz também que este idealizou mal o corpo da mulher. O homem corrige Deus... isto soa-me errado...

Um abraço, amigo! Bom fim de semana!

Anonymous said...

já li a entrevista! Não conhecia... Realmente há vidas que nos fazem pensar!

Beijinhos Luís!
Bom fim semana!

sonialx

Kalinka said...

É sempre bom e agradável sentir o perfume da tua presença.
Realmente esta amizade virtual também tem os seus méritos!
São amigos desinteressados cuja empatia nasce pela sintonia do que escrevemos e transmitimos uns aos outros.
Regressamos porque nos sentimos bem e confortáveis nos vários cantinhos que visitamos.
Por isso eu digo.
P R E S E N T E ! ! !

Beijokas.
Bom fim de semana.

isabel said...

Sendo ou não propaganda islamófoba...não pode acontecer!
É a violação dos DH no seu pior.

Tinha saudades de passar por aqui.

Bjs Luís

TARCIO OLIVEIRA said...

Sempre que deixo comentário, é um agradecimento pelo conteúdo, pelas informações, por apresentar temas e pessoas que, no mínimo, me fazem pensar.
-
Abraço sertanejo!
;-)

Vulcano Lover said...

Dão-me arrepios de ler essa história... O mais duro é saber que não só na sua situação hà muitas mulheres mais, mas saber que a situação reial da mulher nesses paisesdebe seguramente ser muito mais dramática do que podemos imaginar. É quase um dever para nós, ler e saber destes personagems.
Obrigado pelo link, não tinha leido.

Bela said...

Venho mais uma vez deixar o meu comentário pelo tema postado...um contéudo dramático, que, pelos vistos, nem todos interpretam devidamente...
Abraço.

Telejornalismo Fabico said...
This comment has been removed by the author.
Telejornalismo Fabico said...

*



sou contra qualquer tipo de restrição à liberdade, guardadas as devidas proporções. mas me incomoda, como li em alguns comentários aqui, a 'satanização' do islamismo, como se isso fosse a praga do mundo.

com a queda do comunismo, a política alinhada por um eixo de países precisava de um novo bode espiatório, e na falta de algo político concreto, voltaram-se pra uma religião.

cada cultura tem uma história e uma maneira de se expressar própria. quem olha de fora sempre vê estranhamento, diferença, incompreensão.

reafirmo que sou contra qualquer forma de violência ou coersão infundada, mas se milhões de pessoas professam sua fé entre as tantas leituras possíveis do Corão, quem somos nós pra contestar?

abusos devem ser contidos, mas de resto, as coisas têm um equilíbrio que só funciona por quem vive e entende o que se passa no âmago da religião.

catolicismo e judaísmo, só pra ficar em dois, são tão horríveis e cometeram tantas atrocidades quanto o islamismo. fazem um 'terrorismo dissimulado', que hoje é percebido como 'natural'.

para tudo há duas versões. mas temos que parar de pensar que o olhar ocidental anglo-saxão é o único que vale.

do contrário, bush ainda vai virar deus e os estados unidos uma religião.



*

Bernardo Kolbl said...

Bom fim de semana.