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Thursday, March 08, 2007

o segundo sexo...

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Neste mesmo mês, ano de 2007, 480 trabalhadores abandonaram a fábrica da Alcoa Fujikura, no Seixal, entre lágrimas de tristeza e revolta contra a administração da empresa. Abraçadas umas às outras, com os olhos em lágrimas, Dulce, 42 anos, Lurdes, 44, e Paula, 40, despedem-se daquele que foi o seu local de trabalho na última década e meia, a fábrica de cablagens para automóveis. "Somos as três da vida airada. Somos muito amigas e assim vamos continuar a ser", garantiam ao JN. A unidade portuguesa da multinacional norte-americana encerrou definitivamente as portas, no âmbito de uma política de reestruturação interna. A fábrica foi deslocalizada para a Hungria e deixou no desemprego centenas de trabalhadores. Há cerca de uma semana que a fábrica já não laborava, mas, mesmo assim, os operários cumpriram os seus horários. "Esta última semana custou muito a passar. Estar sem fazer nada e ver os colegas a desmontar as linhas foi bastante doloroso", contou Olinda Marques, 46 anos, dez dos quais passados na Alcoa. A família de Olinda está muito ligada à fábrica. Além dela, também dois filhos e uma nora trabalharam naquela unidade. "Foram-se embora nas outras vagas de despedimento", disse. Olinda Marques nunca colocou a hipótese de ir para a Hungria, como aconteceu com alguns colegas. "Ainda tenho uma filha com 12 anos para criar e um velhote de 86 anos para cuidar", afirma.

A maioria dos trabalhadores que ficou no desemprego são mulheres, com idades a rondar os 40 anos. Mulheres, 40 anos, descartáveis, porque não?

Friday, February 02, 2007

relativismos culturais...

Ayaan Hirsi Ali. Mulher. Negra. Muçulmana. Nascida na Somália, 37 anos, teve liberdade só há treze, quando fugiu do seu país para escapar de um casamento arranjado. Nasceu com pouco mais de um quilo, adoeceu com paludismo e pneumonia, extriparam-lhe os genitais quando tinha 5 anos, sofreu violências físicas diversas, como quando o professor que lhe ensinava o Corão lhe fracturou o craneo ou quando um marginal colocou uma faca no pescoço e só não a degolou porque identificou o seu sotaque como sendo da mesma tribo dele, mas sobreviveu a tudo isso. Estudou, ganhou a nacionalidade holandesa, virou política e escritora. Foi deputada no congresso holandês.

Denunciou a prisão a que considera o Islamismo e afirmou bem alto que se exige não só que sejam fieis de Alá; também seus escravos. Luta pela liberdade dessas muitas mulheres que continuam na mesma situação que ela viveu. Por isso está sentenciada de morte.

Escreveu um livro contando a sua vida. O argumento que escreveu para o filme Submissão: Parte I, custou em Novembro de 2004, no centro de Amesterdão, a vida ao realizador de cinema Theo Van Gogh, crivado de balas, degolado e o seu peito utilizado como cartaz de anúncios: o assassino cravou nele uma nota para Hirsi Alí avisando-a de que os seus dias estavam contados. Anda com dois guarda- costas, foi expulsa da sua casa na Holanda porque os seus vizinhos acreditavam que ela colocaria a vida deles em risco, a ministra da Imigração retirou-lhe o passaporte depois de alegar que tinha mentido ao solicitar asilo, praticamente foi expulsa do país.

Hoje ela vive nos EUA um novo exilio mas tem liberdade e voz para lutar contra o apedrejamento, as humilhações, a desigualdade, a castração física e os direitos da mulher islâmica.

Aqui a entrevista que ela concedeu à jornalista Yolanda Monge do El País.

Tuesday, January 16, 2007

mudança de mentalidades...

Angela, Ségolene, Hillary, Michelle. O jornal britânico “The Guardian” escreve que a política está a feminizar-se e sustenta que os eleitores pedem. Outros, como a politóloga Edurne Iriarte, não crêem que as mulheres exerçam o poder de forma muito diferente da dos homens. E as eleitoras, votarão de acordo com a solidariedade feminina? Esta é uma das questões que surgem num momento em que as líderes emergem por todo o mundo.

Passados mais de 15 anos desde que a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher saiu de cena e entrou para a História, novos espaços foram se abrindo com naturalidade para mulheres decididas a competir na arena política. Mas foi a vitória de Angela Merkel sobre o chanceler Gerhard Schroeder que implodiu de forma radical o já desgastado estereótipo de lideranças dos dois sexos. França poderá vir a ter a primeira Presidente da sua história, com Ségolène Royal a ser apontada como favorita à vitória nas próximas eleições. Mesmo que não vença a guerra, a socialista já ganhou uma batalha ao ser escolhida nas primárias do partido para se candidatar à presidência. Caso seja eleita, Royal torna-se a quinta mulher no poder na Europa, além da Presidente da Finlândia, Tarja Halonen, da Presidente da Irlanda, Mary McAleese, que já vai no segundo mandato, da Presidente da Letónia, Vaira Vike-Freiberga e da chanceler alemã, Angela Merkel. Também os Estados Unidos poderão em 2008 vir a ser dirigidos por uma mulher e segundo analistas poder-se-á mesmo assistir a um duelo no feminino, entre a actual chefe da diplomacia, Condoleezza Rice, pelos republicanos, e a senadora democrata Hillary Clinton. Exemplo da ascensão das mulheres a lugares de topo na política é também o da democrata Nancy Pelosi, nomeada presidente do senado norte-americano, o que a torna a terceira pessoa mais poderosa do país, logo a seguir ao Presidente e ao vice-Presidente.

Como seria de esperar quase todas estas mulheres integram a lista da revista norte-americana Forbes das 100 mulheres mais poderosas do mundo, que este ano é encabeçada por Angela Merkel, seguindo-se Condoleezza Rice e a vice-primeira-ministra da China, Wu- Yi. Apesar do aumento da representatividade das mulheres no meio político, apenas 12 dos 192 países que integram as Nações Unidas têm mulheres nos cargos de topo e apenas 16% dos deputados no mundo são mulheres.

Em Portugal, como é?
Uma das áreas prioritárias de actuação na promoção de uma efectiva igualdade prende-se, exactamente, com a participação equilibrada de mulheres e homens nas esferas do poder e da tomada de decisão. A Constituição Portuguesa consigna o direito de todos os cidadãos a “tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país”. O artigo 9º alínea h) afirma a promoção da igualdade entre as mulheres e os homens como uma tarefa fundamental do Estado, e o artigo 109º estabelece que a participação directa e activa dos homens e das mulheres na vida política é condição e instrumento fundamental de consolidação do sistema democrático e que a lei deve promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso aos postos políticos. Nunca é demais lembrar, neste contexto, que a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que qualquer pessoa tem o direito de participar no governo do seu país. Ainda assim, e apesar do generalizado movimento de democratização das últimas décadas, as mulheres continuam a estar largamente sub-representadas em quase todos os níveis de governo e os progressos têm sido escassos no que respeita ao poder político nos órgãos legislativos. Este é, actualmente, um dos domínios que se pode considerar mais crítico na situação portuguesa em termos de igualdade de género. Assim, e não obstante alguns progressos registados, passadas três décadas de democracia, a participação das mulheres em termos igualitários está longe de ser atingida.
As mulheres em Portugal possuem hoje uma das taxas mais elevadas de actividade a tempo completo da União Europeia, constituem a maioria dos diplomados do ensino superior, estão fortemente representadas na administração pública. No entanto, em matéria de tomada de decisão, continuam minoritárias. Numa retrospectiva global da presença das mulheres no poder executivo e legislativo em Portugal desde o 25 de Abril de 1974, verifica-se até que ponto estas têm estado quase sempre afastadas dos cargos mais elevados da hierarquia política. Não é demais recordar alguns dados que são conhecidos de todos: o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República foi sempre um homem. Desde o 25 de Abril de 1974, o cargo de Primeiro Ministro foi ocupado por 13 homens e apenas uma vez, em 1979, por uma mulher, durante um curto período e por nomeação do Presidente da República. Nenhuma mulher foi, até hoje, Presidente de um Governo Regional. Acontece, também, que Leonor Beleza podia ter sido líder do PSD e não o foi, que Manuela Ferreira Leite podia ter sido Primeira-Ministra tendo sucedido naturalmente a Durão Barroso e não sucedeu, que Manuela Aguiar ou Assunção Esteves podiam ter sido Presidentes da Assembleia da República e não o foram, que Maria José Nogueira Pinto podia ter sido Presidente do CDS/PP e liderar a direita portuguesa e não o é, que Odete Santos podia liderar a bancada comunista parlamentar ou liderar o PCP, mas isso não se verifica, que o Governo PS podia ter mais mulheres no seu elenco governamental e só tem 2 ministras. Tal como Maria de Lurdes Pintassilgo que há uns anos atrás podia ter sido a mais alta magistrada da Nação e ficou em 4 lugar. Elas podiam ter sido, mas não o foram, de facto…

Factores de vária ordem concorrem para que este quadro aconteça: históricos, culturais, sócio-económicos mas também factores políticos, tais como os critérios e os processos de selecção dentro dos partidos políticos, que utilizam valores maioritariamente masculinos.

A igualdade entre mulheres e homens não se realiza pela simples criação de leis ou convenções anti-discriminatórias mas quem sabe se um dia tudo isto parecerá tão ultrapassado.

Monday, November 13, 2006

mulher eleita presidente da associação chinesa de escritores

A escritora Tie Ning foi eleita presidente da Associação Chinesa de Escritores. Os membros desta associação - formada por 7.690 autores – reuniram-se este fim-de-semana para escolher o seu novo presidente, já que o anterior, o romancista Ba Jin, morreu no ano passado, aos 100 anos de idade. Tie, derrotou na votação final outros dois candidatos: Jiang Zilong e Li Cunbao, ambos ligados ao Exército chinês.
A nova presidente dos escritores chineses - primeira mulher a ostentar este cargo - é, segundo os críticos, uma especialista no reflexo da vida quotidiana da China moderna, especialmente na visão feminina.
Este cargo tem grande prestígio no país. Os dois presidentes anteriores (Ba Jin e Mao Dun) já são considerados grandes clássicos da literatura chinesa contemporânea.

Que efectivamente estes novos nomes femininos, na politica, artes e ciência, tenham reflexo na vida quotidiana.

Fonte: Diário Digital.

Friday, November 10, 2006

quem tem medo de Nancy Pelosi?

A líder democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi após a vitória do seu partido nas eleições legislativas tornou-se a mulher mais poderosa dos Estados Unidos. Pelosi é a primeira mulher na história do país a chefiar a Câmara. E, como líder, ou "speaker", da casa, segundo a Constituição, será a segunda na linha de sucessão presidencial, atrás apenas do vice-presidente Dick Cheney.
A futura presidente da Câmara defensora do aborto, opositora da guerra e inimiga ferrenha da direita republicana conquistou a posição pela força. É uma feroz política, temida e admirada em partes iguais. Impõe uma disciplina férrea no partido com o mais carinhoso dos sorrisos. É uma mulher de profundas convicções e moral inquebrantável, dizem.
É mais que provável que Pelosi tenha seu destino escrito nos genes. A sua família tem uma longa tradição política. O pai teve altas responsabilidades políticas em Baltimore (Maryland) e a mãe foi uma activa feminista.
Profundamente identificada com os postulados democratas só deu o salto para a política aos 47 anos, quando o mais jovem de seus cinco filhos terminou o ensino secundário.
Em 1987, foi eleita congressista por San Francisco (Califórnia) e nunca mais perdeu a cadeira na Câmara. A presença de Pelosi à frente dos democratas foi interpretada como uma guinada à esquerda do partido.
No seu novo cargo, a batalhadora congressista impôs o lema de "cerrar fileiras" num partido visto pelo mundo como muito dividido em assuntos-chave como a Guerra do Iraque e a imigração.
Aguardemos…

P.S. – Não deixa, no entanto, de ser lamentável que em 2006 a vitória de uma mulher ainda seja noticia…