Saturday, September 01, 2007

as portas do Paraíso...

Golden Door - A Porta da Fortuna

Not like the brazen giant of Greek fame,
With conquering limbs astride from land to land;
Here at our sea-washed, sunset gates shall stand
A mighty woman with a torch, whose flame
Is the imprisoned lightning, and her name
Mother of Exiles. From her beacon-hand
Glows world-wide welcome; her mild eyes command
The air-bridged harbor that twin cities frame.
"Keep ancient lands, your storied pomp!" cries she
With silent lips. "Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tost to me,
I lift my lamp beside the golden door!"


Não como o gigante bronzeado de grega fama,

Com pernas abertas e conquistadoras a abarcar a terra

Aqui nos nossos portões banhados pelo mar e dourados pelo sol, se erguerá

Uma mulher poderosa, com uma tocha cuja chama

É o relâmpago aprisionado e seu nome

Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão

Brilha um acolhedor abraço universal; Os seus suaves olhos

Comandam o porto unido por pontes que enquadram cidades gémeas.“Mantenham antigas terras sua pompa histórica!” grita ela

Com lábios silenciosos “Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,

As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade

O miserável refugo das suas costas apinhadas.

Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,

Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado.

Soneto de Emma Lazarus, considerada por muitos a maior poetisa americana do século XIX, é um hino à génese do “sonho americano” e simboliza a esperança de liberdade com que os seus antepassados chegaram ao novo mundo. O poema foi gravado numa placa de bronze no pedestal da Estátua da Liberdade.

Sicília, início do século XX. A família Mancuso abandona o seu país natal e embarca numa viagem em direcção a uma terra sonhada e nunca vista, o Novo Mundo. Uma inglesa de origens misteriosas, Lucy, junta-se a eles neste longo périplo. Mas nem todos terão o privilégio de passar as portas do Paraíso. Salvatore, pobre agricultor, viúvo, decide partir com toda a sua família para a América. Durante o embarque conhecem Lucy, a jovem que, por razões então desconhecidas, pretende casar antes de chegar a Nova Iorque. O realizador aborda o tema da família ao ilustrar a procura do sonho americano pelos imigrantes italianos no início do século passado, a bordo do navio The Golden Door. A maior parte dos imigrantes eram camponeses oriundos do Sul da Itália, especialmente da Sicília e de Campania e instalaram-se, na sua maioria, no Nordeste do país, sendo a cidade de Nova Iorque o destino preferido. Dominaram bairros específicos (chamados Little Italy) onde podiam interagir. Esses subúrbios eram tipicamente bairros construídos como habitações colectivas, com péssimo ou praticamente inexistência de saneamento básico. Os imigrantes italianos chegaram com muito pouco, todavia os EUA procuravam a mão-de-obra italiana. Os imigrantes italianos na América do Norte, por serem católicos, sofreram diversos preconceitos. Além disso, pesava a característica étnica dos italianos: sendo a maior parte dos imigrantes oriundos do Sul, onde predominam os olhos e cabelos escuros e a pele muito morena. Os italianos eram considerados imigrantes de segunda categoria por parte da população de origem anglo-saxónica. Além disso, devido ao fenómeno da Máfia se ter espalhado, muitos americanos relacionavam os italianos a facções criminosas.

Mas o filme aborda essencialmente e com alguma suavidade, embora com rigor, o processo de entrada nos Estados Unidos. Destaque para o sonhador Salvatore Mancuso atento à enigmática britânica Lucy. Interessante esta odisseia de uma família siciliana em busca da «terra prometida», do outro lado do Atlântico. A terra onde existem rios de leite e tudo é perfeito. Ontem, no Monumental, ao final da tarde…

Ver trailer.

26 comments:

Maria said...

Boas as descrições que nos vais fazendo dos filmes que vês. Parece que estamos a vê-los, à medida que lemos....

Obrigada.
Beijos

avelaneiraflorida said...

Amigo Luís,
Não vi este filme...mas "quase" o vi pela tua descrição!!!!

No entanto, imediatamente me passaram as cenas de ERA UMA VEZ NA AMÈRICA...
Interpretações fantásticas, banda sonora fabulosa, recriação histórica digna de registo...
Mas não vou deixar de ficar atenta a este novo filme!!!!
Um BOm Fim de SEMANA!!!!!
Bjks

Vulcano Lover said...

Já tinha lido desse film mas, como sempre, o teu comentário é sempre muito mais valioso.
Beijos

Mar Arável said...

Sempre me perguntei porque se anda de quando em vez à pergunta da terra prometida
e não se investe mais
na terra que pisamos.

boa descrição do filme

abraço

Frioleiras said...

Belíssima descrição...

Frioleiras said...

Belíssima descrição...

Alexandre said...

Sempre tive uma grande atracção pela Sicília, talvez por o Cinema Paraíso se passar lá - penso que é, não tenho bem a certeza - máfias à parte, havia muitas semelhanças com o Portugal dos primeiros 2/3 do século XX e essa parte de Itália, aliás, todo o sul de Itália era muito parecido com o Portugal desse período!

Um abraço!!!

Fernando Pinto said...

Mais uma dica a levar em conta...

Abraço,
FMOP

Lúcia Laborda said...

Não tive a oportunidade de ver, mas gosto de suas indicações. Sempre de muito bom gosto!
Que sua semana se ja de grandes realizações.
Beijos

Som do Silêncio said...

Olá!

Tinha perdido o teu link, mas felizmente consegui "encontrar-te"

Beijo Silencioso

teresamaremar said...

Como sempre, as boas indicações.

Uma boa semana.

pentelho real said...

Temos também alguns imigrantes a trabalhar no nosso reino.

o Reverso said...

música, pintura, cinema...
uma das funções da arte é perturbar...

Anonymous said...

lo primero que me ha venido a la mente ha sido la novela américa de kafka, pero es un tema que ha dado pie a muchas películas y a mucha literatura, y que de algún modo se repite hoy con menos romanticismo en las embarcaciones que naufragan en busca de un país mejor tanto en el mediterráneo como en otros mares, y se repite también con aún menos romanticismo en las xenofobias y racismos a los que quisiéramos ser del todo ajenos, pero la intolerancia sigue ahí

amor

:-)

SILÊNCIO CULPADO said...

Ah não , não existem paraísos nem infernos existem mãos para construir. O que é necessário é dar oportunidades a essas mãos de forma a que uma não seja diferente da outra, e seja sempre a que mais trabalha a que é melhor recompensada.
Gostei da descrição dos filmes. Fiquei com curiosidade de os ver.
Vais fazer parte do meu roteiro.

ninguém said...

luis, sabes que aqui muito devemos em progresso aos italianos. a família mancuso igualmente deitou raízes nestas terras.abraços

FBR said...

Olá,
tive oportunidade de ver este filme, bem como de analisar o anterior filme de Crialese (Respiro) este ano num curso de cinema italiano contemporâneo, no IIC.
Espero poder revê-lo brevemente.
Como se diria em italiano "hai azzeccato nell'anàlisi"...
Não sei se notaste, mas a crítica nem se preocupou em analisar o filme (enfim, regressei ontem de férias e ainda não vi os semanários). Há alguns meses tentei escrever uma 'crítica' às 'críticas' a um filme italiano (Manuale d'Amore), insistindo que na minha opinião os críticos, neste caso do Público, prestevam um péssimo serviço à cultura europeia ao não recensearem os filmes europeus com a mesma exactidão e atempadamente como o fazem com os americanos e orientais.
É pena e é uma autêntica censura cultural!
Obrigado pelo teu post.
Saudações cinéfilas.

Beti said...

:)
Muito fixe esta descrição...:)
visita

Whispers said...

Ola lindo!

passando para te deixar um beijo grande
ja tinha saudades de te ler

mil beijos e boa semana:)
Whispers

Maria said...

Pensei que houvesse aqui já outro post....
Passo mais logo

Um abraço

Lúcia Laborda said...

Passei por aqui e deixei um beijo com votos de um fim de semana feliz!

un dress said...

gosto de ver das palavras...


e vejo (te.o ) das palavras.





beijO

Anonymous said...

Grande amigo,
os tuas descrições dos filmes são cada vez melhores!

Abraços do João

LuzdeLua said...

Com lábios silenciosos “Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,

Pare aqui...
Nossa, vou ter que ver.
Passando pra deixar aqui um beijo.
Bjs

Telejornalismo Fabico said...

*




dois posts seguidos sobre o american way of life.
idéias políticas rondam este blog.





*

João Roque said...

Tenho uma imensa curiosidade em ver este filme, não só por sair da produção de Scorsese (muito lògicamente), mas pricipalmente pelo facto de ser um filme realizado por Emanuele Crialese, de quem passou esta semana na RTP o soberbo filme "Respiro".
Ao ler a tua descrição e depois ao ver o "trailler", mais do que lembrar-me do "Era uma vez a América", foi de outro filme, já de 1963, que me recordei:"América,América" do polémico mas soberbo Elia Kazan.
Mais uma vez, me deste razão ao considerar o teu blog, um dos melhores da blogosfera e o que mais me atrai, dentro dos meus blogs de referência.
Obrigado, um abraço.