Thursday, November 22, 2007

avec Prévert...


LE CANCRE

Il dit non avec la tête/mais il dit oui avec le coeur/il dit oui à ce qu’il aime/il dit non au professeur/il est debout/on le questionne/et tous les problèmes sont posés/soudain le fou rire le prend/et il efface tout/les chiffres et les mots/les dates et les noms/les phrases et les pièges/et malgré les menaces du maître/sous les huées des enfants prodiges/avec des craies de toutes les couleurs/sur le tableau noir du malheur/il dessine le visage du bonheur.

Hoje, ao final da tarde, no Institut Franco-Portugais, a editora Sextante apresentou o seu primeiro livro de poesia: uma edição bilingue de Paroles, de Jacques Prévert.

Le temps perdu
Devant la porte de l'usine
le travailleur soudain s'arrête
le beau temps l'a tiré par la veste
et comme il se retourne
et regarde le soleil
tout rouge tout rond
souriant dans son ciel de plomb
il cligne de l'œil
familièrement
Dis donc camarade Soleil
tu ne trouves pas
que c'est plutôt con
de donner une journée pareille
à un patron ?

Uma tertúlia oferecida por Eduarda Dionísio, Manuela Torres (tradutora) e pelo editor João Rodrigues. Jorge Silva Melo leu o poeta. Poeta que nasce em 1900 em Neuilly-sur-Seine num meio humilde. Passa a juventude em Paris, onde vai cumprindo diversos mesteres antes de se apegar aos artistas de vanguarda e de se relacionar com Marcel Duhamel, Yves Tanguy, Raymond Queneau, Georges Sadoul e muitos outros, que pertencem a um grupo surrealista dissidente, com a dose genuína de sarcasmo, absurdo e humor. Começa a escrever para o teatro no Grupo Outubro, faz poemas (é de 1945 a recolha de poemas Paroles), faz colagens, compõe canções, mais tarde interpretadas, entre outros, por Juliette Gréco, Yves Montand, Mouloudji, os Frères Jacques. Trabalha no cinema e é autor de inúmeros argumentos, nomeadamente para Marcel Carné (Drole de Drame, Quai des Brumes, Les Visiteurs du Soir, Les Enfants du Paradis), Jean Renoir (Le Crime de Monsieur Lange) ou para o seu irmão Pierre Prévert (L'affaire est dans le sac). Morre na aldeia de Omonville le Petit em 1977. Há momentos na vida, dizia Prévert, em que se deveria calar e deixar que o silêncio falasse ao coração, pois há emoções que as palavras não sabem traduzir. Subscrevo.

Ouvir as vozes de Juliette Greco e de Ann Buckley em Feuilles Mortes.

12 comments:

Ka said...

Muito se fala de como é bonito ler e ouvir poesia Inglesa e concordo em parte, no entanto a poesia francesa não fica atrás...quando bem declamada é lindíssima, embora o meu conhecimento nesta área seja diminuto.

Ele tinha razão quanto ao silêncio, por vezes estragam-se sentimentos a tentar traduzi-los em palavras.

Bom fim-de-semana!

Je Vois La Vie en Vert said...

Venho agredecer a sua visita ao meu cantinho verde e dizer-lhe que gostei de voltar a ouvir música francesa. Também não lia Prévert há muito tempo !
Ofereço-lhe uma citação dele :

"Mangez sur l'herbe
Dépêchez-vous
Un jour ou l'autre
L'herbe mangera sur vous.".

Viver o mais que pudermos, é isso que temos que fazer !

Um abraço verdinho

Jonice said...

Le poète buissonier! Je l'aime bien... je l'aime très bien. Qu'il est chouette... tout à fait chouette. Paroles en edition bilingue, ou-lá-lá, il faut en avoir un.

Ai, ai, teu post me ligou na tomada francesa... lol

Bonne fin de semanine, Luís :)

Outonodesconhecido said...

Poesia é poesia, independentemente da língua. Pena não ter podido assistir.
Fica para a próxima.

avelaneiraflorida said...

Caro Luís,

não me seria possível assistir...mas fico cheia de pena!!!!
Ainda bem que , aqui, posso encontrar algum eco do que foi vivido...
Adoro a língua francesa e Prévert temum llugar privilegiado no meu coração!!!!!

MERCI!!!!!
BOM FIM DE SEMANA!!!!

hora tardia said...

obrigada Luis..............


um post que eu diria "à minha maneira".....sorriso....



amei.


de dentro.



boa noite.





/piano.

Ricardo Rayol said...

Não saco xongas de francês, mas imagino que deva ser um texto maravilhoso.

Obrigado por sua visita, volte sempre.

teresamaremar said...

Il faut essayer d´être heureux, ne serait ce que pour donner l'exemple

Entre a ordem e a desordem, Prévert e a infinita generosidade...




Bom fim de semana.

Páginas Soltas said...

Com a perda dos links, fiquei sem contactos... tendo comentado apenas quem me visita!

Obrigada por o ter efectuado... pois já tinha saudades deste belo recanto!

E agora, vou deliciar- me com o que nos presenteia...

Bom fim de semana.

Beijos

take.it.isa said...

o silêncio em vez das palavras. por vezes. concordo em absoluto.

saudades das "palavras ditas" (viegas). denúncias.

dá um salto ao take.it.isa para ouvir um amigo argentino.

bom fim de semana, Luís.

BlueVelvet said...

"Bien sûr, des fois, j'ai pensé mettre fin à mes jours,
mais je ne savais jamais par lequel commencer."
Olá Luís,
na adolescência o meu mundo era anglo/ francófono. Colégio inglês e Alliance Française, donde que li todos os clássicos ( não só poesia )franceses, obrigatórios.
Confesso que na altura foi mesmo obrigada.
Achava a maioria uma seca.
Hoje agradeço à minha mãe, porque alguns ficaram-me para sempre, na cabeça e no coração.
Claro que Prévert foi um deles, mas entre ele e Paul Éluard, "entre les deux, mon coeur balance".
Na altura gostava mais de Éluard porque fiquei furiosa por a Gala o ter abandonado por Dali, que não faz exactamente os meus amores, mas hoje, gosto muito dos dois.
Em jeito de agradecimento pelos belíssimos textos que nos deixas, aqui fica um dos meus poemas preferidos de Paul Éluard:

Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.

Elle a toujours les yeux ouverts
Elle ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font d'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
parler sans avoir rien à dire.

Já agora, se não for abuso o pedido, não podia deixar no seu blog um aviso destes eventos, antes de acontecerem?
Eu sei que não é o suplemento de um qualquer jornal de referência, mas é seguramente, uma referência para quem o lê.

Pronto fiz um post, em vez de um comentário!
Sry
Beijinhos

João Roque said...

Prévert, foi o primeiro poeta que li em francês, quando na minha adolescência, para mim, (e ainda hoje mantenho essa opinião), toda a cultura portuguesa tem raízes gala e não anglo-saxónicas.
Aliás a sua obra não era extensa e os "Poche" eram acessíveis; depois veio a fase da primeira viagem a p
Paris, o contacto com aquela música de Grecco, de Brassens, de Reggianni, os últimos "caveaux" do Quartier Latin e sempre Prévert presente.
Um nome importante na minha afirmação pessoal, sem dúvida.
Abraço.