"Mas agora vou começar a aprender pelos meus próprios meios. Vou tentar descobrir quem tem razão: o mundo ou eu" Nora, A Casa da Boneca (Ibsen)
Prolongo até tarde o trabalho no ministério e vou de seguida para a sala Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro, estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, para me encontrar com Norma Helmer que vive numa espécie de casa de bonecas, com brinquedos espalhados pelo chão. A protagonista, neste palco, é o retrato de todos os que vivem presos a uma máscara desde pequenos, entregues às regras e aos padrões que criaram e dos quais não conseguem libertar-se.
"Boneca" parte de um clássico da dramaturgia mundial que causou polémica no século XIX. O texto do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen coloca em cena uma mulher que, para conseguir realizar-se como pessoa, terá de abandonar a família. O clássico com que Ibsen chocou a sociedade expõe a história de uma mulher que antecipa, em mais de um século, a emancipação feminina.
Escrito em 1879, “Uma Casa de Bonecas” é um claro exemplo de realismo crítico. Nora, esposa e mãe, apercebe-se da sua cega obediência ao marido e à sociedade em geral. Além disso, está ferida com a ingratidão e o egoísmo do marido, a quem salvou a vida. Quando Nora bateu com a porta da sua casa de boneca, Ibsen lançou-a ao mundo para reclamar para a Mulher a liberdade de crescer e de se tornar numa pessoa autónoma.
Um ano depois das comemorações do 100º aniversário da morte do dramaturgo, o Nacional apresenta um texto em que a ilusão compete com a realidade e em que o teatro pretende ser um espaço de valorização, lugar de personalidades autênticas, despidas de referências ou obrigações. Hoje, tantos anos depois, quantas pessoas vivem mortas no casamento sem nunca sequer equacionar a sua independência pessoal?
O encenador comentou algures "Há uma frase do Roland Barthes que diz que a maior parte dos relacionamentos são mal-entendidos. Eu acho que esta peça é sintomática disso". Sábias palavras, admirável momento de teatro.
Prolongo até tarde o trabalho no ministério e vou de seguida para a sala Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro, estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, para me encontrar com Norma Helmer que vive numa espécie de casa de bonecas, com brinquedos espalhados pelo chão. A protagonista, neste palco, é o retrato de todos os que vivem presos a uma máscara desde pequenos, entregues às regras e aos padrões que criaram e dos quais não conseguem libertar-se.
"Boneca" parte de um clássico da dramaturgia mundial que causou polémica no século XIX. O texto do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen coloca em cena uma mulher que, para conseguir realizar-se como pessoa, terá de abandonar a família. O clássico com que Ibsen chocou a sociedade expõe a história de uma mulher que antecipa, em mais de um século, a emancipação feminina.
Escrito em 1879, “Uma Casa de Bonecas” é um claro exemplo de realismo crítico. Nora, esposa e mãe, apercebe-se da sua cega obediência ao marido e à sociedade em geral. Além disso, está ferida com a ingratidão e o egoísmo do marido, a quem salvou a vida. Quando Nora bateu com a porta da sua casa de boneca, Ibsen lançou-a ao mundo para reclamar para a Mulher a liberdade de crescer e de se tornar numa pessoa autónoma.
Um ano depois das comemorações do 100º aniversário da morte do dramaturgo, o Nacional apresenta um texto em que a ilusão compete com a realidade e em que o teatro pretende ser um espaço de valorização, lugar de personalidades autênticas, despidas de referências ou obrigações. Hoje, tantos anos depois, quantas pessoas vivem mortas no casamento sem nunca sequer equacionar a sua independência pessoal?
O encenador comentou algures "Há uma frase do Roland Barthes que diz que a maior parte dos relacionamentos são mal-entendidos. Eu acho que esta peça é sintomática disso". Sábias palavras, admirável momento de teatro.
25 comments:
Quantas pessoas vivem mortas no casamento? Infelizmente bem mais do que seria suposto... bem mais!
Mesmo nesta era de igualdade de oportunidades, a prostração perante o que é suposto num casamento é flagrante.
Beijos e boa semana!!
Infelizmente isso é corriqueiro demais! As pessoas não sabem cultivar o amor como se cultiva uma flor. O casamento vira rotina, enfado.
Boa semana!
Beijos
Sem dúvida que se vive agarrado a convenções mas isso também porque as pessoas não têm coragem para darem a si mesmas serem felizes...
Um abraço
Narcis
(espero que bom. o dito.)
:)
______________
tb. por aqui. Luis.
_____________
obrigada.
Para além do que foi aqui dito, uma pena eu não conhecer tanto do aqui partilhas... mas vou descobrindo... merci :)
IBSEN!!!!
de cada vez que aqui chego...algo de diferente e sempre um texto que me faz sentir dentro dele!!!!
"BRIGADOS"!!!!
No meio da confusão diária, da mediocridade, do desinteresse, do desgaste emocional e físico´das rotinas, é, no mínimo, reconfortante encontrar água neste oásis!!!!
"Brigados"!!!!
Há duas frases a reter no teu texto e que de certo modo, ao complementar-se explicam o fracasso de muitas uniões sentimentais, de todos os géneros e formas: "Quantas pessoas vivem mortas no casamento sem nunca se equacionar a sua independència pessoal" e "A maior parte dos relacionamentos são mal entendidos".
Se se reflectisse um pouco mais nelas e se o respeito imperasse no meio do amor, as pessoas estariam menos sós, mesmo quando "acompanhadas".
Abraço.
a casa das benecas pode ser lido, visto em filme ou em peça, mas é das melhores peças de palavras que vi/li na minha vida, recomendo. sofialisboa
Gostei do seu "infinito"!
abraço
Sr. Luís Galego, sempre que por aqui passo sinto-me minúscula.
D. Galinha
Lembro a peça, o autor!
É verdade que trouxe à mulher uma reflexão como 'ser pensante', autónomo, inteligente!
Não creio que a profissão a realize por si só! Mas também não acredito na 'sagração' do casamento!
O equilíbrio, sim, é importante!
Entre as emoções/afectos e a autonomia intelectual e económica... está a virtude!
Sensibilizada pelo olhar poisado em 'fragmentos'!
Olá Luis,
há muitos anos vi este filme.
Fiquei impressionada pela força desta mulher, não por se emancipar, mas por ter que cortar com a família para poder Viver.
Mal sabia eu que anos passados também eu teria a minha Casa de Bonecas.
Saudades e beijinhos
E assim é, ao longo da vida, o homem vai ficando refém de uma série de elos.
Gosto imenso deste texto. Arte e dramaturgia que não sejam mais do que pela arte e pela dramaturgia já são elementos propulsores da liberdade. Quando a dramaturgia canta com arte o romper das amarras, temos o ser humano a serviço do humano ser.
Olá! Passei pra lhe ver e desejar que seu fim de semana seja maravilhoso!
Beijos
O amor, digo, o AMOR, é uma arte, digo, uma ARTE!
Abraço e bom fim-de-semana para ti.
FMOP
um blog que re.visito.
sempre que a sede do belo me ataca......:)
bjj.
A bênção, Professor...
-
Passei cá no teu blog novamente
aprendendo
maravilhando-me...
-
Abraço do sertão de Pernambuco.
afinal quase todos nós uns mais do que outros temos uma casa de bonecas...
é sempre com enorme prazer que entro nesta sua casa. e saio feliz não sei porquê.
Oie Luiz! Passei pra lhe ver, desejar um bom domingo e uma semana maravilhosa!
Beijos
Peço desculpa pela visita super-rápida mas enho um desafio para si no meu blog :
Vamos fazer uma cadeia bloguistica a favor dos direitos do homem, numa contagem decrescente até ao dia 10, dia em que se comemora a carta de declaração dos direitos do Homem.
Beijinhos verdinhos de esperança para si e para todos os seres que sofrem.
Vi há certo tempo, o filme baseado nessa obra. Mas tinha poucas lembranças, e também, não o associara a esse autor, Ibsen.
Post interessante, Luís, permitindo conhecer alguns detalhes do universo deste autor, além das considerações como você tão bem escreveu acerca desta obra.
Abraços, e tenha uma ótima semana.
"Hoje, tantos anos depois, quantas pessoas vivem mortas no casamento sem nunca sequer equacionar a sua independência pessoal?"
imagino, luís, que a palavra casamento esteja aqui no sentido lato...
abraço
luísa
Luís Galego
é com prazer que aqui entro e me sento para me deliciar
uma peça de teatro escrita por Henrik Ibsen
deixas-me curiosa, porque não a vi, só a li
ainda hoje assim é e já passaram mais de 100 anos, a peça foi escrita em 1897
nora esquece as próprias convicções e desejos, para se moldar a quem rodeia
para se libertar saí de casa...
esta peça é ainda o presente de um hoje...
obrigada por a trazeres até aqui, fizeste-me relembra-la
aqui todos os momentos são muito bem passados
um abraço meu para ti dentro deste
Infinito Pessoal!
beijinhos
lena
Este é um dos meus textos preferidos não só em teatro mas na vida. Assim como Barthes, que você citou duas vezes e que tanto me alegrou ser lembrado. Homens de tempos diferentes, Ibsen e Barthes como souberam enxergar fundo na nossa alma. bj
Post a Comment