Em cumprimento ao desafio que me foi proposto pelo João Carlos, aqui deixo o meu “fragmento” para a continuação da saga (é necessário consultar os seis anteriores contributos para a história, pelo que basta clicar aqui).
Um dia, cai ao chão, apodrecido, e sente que ela lhe faz falta.
Sensação pavorosa. Sentir a perda de alguém. Olhar à volta e não entender a ausência. Dias partidos um a um. Dói-lhe nas veias. Antes sofrer a raiva e o sarcasmo. A saudade é bastante! Renova a decoração do apartamento e esconde as fotos, mas não. Não adianta. Sente a solidão percorrer-lhe a espinha. Dorme mal, passa metade da noite de olhos abertos, no escuro, como quem começa a exercitar-se para a morte. Horas insuportáveis. Sofreu muito, esteve quase ás portas da morte, ora se sentindo destruído, ora rejuvenescido a seu lado, em cada espasmo junto dela. Mas nem por um só momento arrependido. Sabe que ela não é perfeita…mas com ela aconteceu um Outono dourado, entre lábios e lábios toda a melodia era deles, uma vida em grande, intensa, e um mundo de aparato. Tem que viajar. A belíssima Vila que há tanto ansiava por conhecer, acolhe-o com requinte. Nas brumas dos atalhos por onde anda roçam olhares de enternecimento, que espreitam a sua angústia rouca de viajante nocturno, ou, numa circunspecta provocação, o seduzem, esgares femininos que soltam cirúrgicos recados. À noite, a música ecoa na margem do rio, saboreiam-se canções de cabaret ao abrigo da chama colorida dos candeeiros, o vinho tem travo adocicado, de um verde pálido, como um lago antes da tempestade e há amantes que dançam. Nestes lugares imersos, de toques e archotes, há sempre um banco num recinto, e alguém de conversa delicada. Acorda entre braços de mulheres, desgrenhado, em quartos com vista para a dor. Mas o que é deveras real é que ela partiu sem aviso para um qualquer lugar. Onde procurar? E se a encontrar, o que perguntar?
Luís Galego
Um dia, cai ao chão, apodrecido, e sente que ela lhe faz falta.
Sensação pavorosa. Sentir a perda de alguém. Olhar à volta e não entender a ausência. Dias partidos um a um. Dói-lhe nas veias. Antes sofrer a raiva e o sarcasmo. A saudade é bastante! Renova a decoração do apartamento e esconde as fotos, mas não. Não adianta. Sente a solidão percorrer-lhe a espinha. Dorme mal, passa metade da noite de olhos abertos, no escuro, como quem começa a exercitar-se para a morte. Horas insuportáveis. Sofreu muito, esteve quase ás portas da morte, ora se sentindo destruído, ora rejuvenescido a seu lado, em cada espasmo junto dela. Mas nem por um só momento arrependido. Sabe que ela não é perfeita…mas com ela aconteceu um Outono dourado, entre lábios e lábios toda a melodia era deles, uma vida em grande, intensa, e um mundo de aparato. Tem que viajar. A belíssima Vila que há tanto ansiava por conhecer, acolhe-o com requinte. Nas brumas dos atalhos por onde anda roçam olhares de enternecimento, que espreitam a sua angústia rouca de viajante nocturno, ou, numa circunspecta provocação, o seduzem, esgares femininos que soltam cirúrgicos recados. À noite, a música ecoa na margem do rio, saboreiam-se canções de cabaret ao abrigo da chama colorida dos candeeiros, o vinho tem travo adocicado, de um verde pálido, como um lago antes da tempestade e há amantes que dançam. Nestes lugares imersos, de toques e archotes, há sempre um banco num recinto, e alguém de conversa delicada. Acorda entre braços de mulheres, desgrenhado, em quartos com vista para a dor. Mas o que é deveras real é que ela partiu sem aviso para um qualquer lugar. Onde procurar? E se a encontrar, o que perguntar?
Luís Galego
Passo agora o testemunho à Jasmim, a primeira mulher a ser convocada, para dar continuidade ao enredo.
17 comments:
Eu já sabia que a tua parte da história seria "assim"; apenas tenho dúvidas sobre a forma como a apresentas, pois obrigas a Jasmim e quem quiser ler a história, nos seus episódios até aqui, a ir, pelo menos ao meu blog, e o que se pretenderia é que (segundo a minha interpretação do regulamento)cada um dos subscritores da história a trancrevessem no seu blog,completa até ao seu episódio, com a identificação dos links após a transcriçao do respectivo episódio, bem como o link da pessoa escolhida(muito boa escolha)no final; e tem alguma lógica este procedimento, pois se assim não fosse, desde o principio, obrigaria as pessoas a consultarem todos os links...
Se a Jasmim assim proceder, remetendo apenas para o teu link, a próxima pessoa a escrever depois dela terá que vir aqui ao teu blog e depois ao meu; é isso que se pretende evitar...
Dá algum trabalho, eu sei, mas é por uma boa causa.
Parabéns pela tua contribuição e um enorme obrigado.
Abraço.
Besos!!!
vou voltar com mais tempo pois tudo terá que ser lido com vagar e neste momento não posso.
um abraço
Estupendo!
(Não estava à espera de outra coisa...)
Virei para reler(-vos).
Abraço.
Meu Deus, está espectacular! Grande continuidade à história. Parabéns!
Muito obrigada pelo comentário
Beijinho
interessante.........
Obrigada!
Amanhã dou continuidade. Hoje vou ao teatro.
bjocas
Esta ideia é bastante interessante.
Aguardemos pelo próximo capítulo.
Um abraço.
Pelos vistos há uma bifurcação no início, dois caminhos e grupos nesta viagem, pelo que tenho de ver o que se passa na via ao lado...
E não vou perder os próximos "episódios"!!!!!
Um desafio muito interessante!!!
gostei muito, mas a sugestão do primeiro comentário, é sábio. irei ver sofia
Agora que tenho a confirmação por parte do meu desafiando posso dedicar-me a escrever, à noite ou amanhã de manhã, vou sair...
bjocas
Muitoooooo bem!!! =)
Sempre adorei essa pintura de Munch... não sei porque, mas é desses cuadros que poderia ter imaginado que também gostavas tu... Coisas da intuição.
Como já tinha lido a sua parte na Jasmim, passei só para dizer que adorei e deixar beijinhos e desejos de Boa semana
"em quartos com vista para a dor"...
mas é muito bonito!
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