Traídos pelo Destino. Num fim de tarde entusiástico, o universitário Ethan Learner, a mulher e a filha estão a assistir a um recital ao ar livre, onde o filho mais velho, de 10 anos, toca violoncelo. No caminho para casa param em Reservation Road. Aí, num instante terrífico, é-lhes arrancado algo para sempre. O destino de duas famílias cruza-se num posto de gasolina, quando o filho de uma delas morre num acidente. Os pais terão de fazer a escolha mais delicada das suas vidas. A partir dessa altura é o desenrolar dos inerentes sentimentos de revolta e vingança, a par e passo com os de culpa, medo e vergonha. Consumido pela dor e pela ineficiência da polícia, o professor conduz a sua própria investigação que o poderá levar ao responsável pela morte do filho. Tudo é drama e abundância de olhares e sinais, num certame de representação de paternidade, aqui e ali perfurado pela mansidão maternal, frágil e comovente. A realização caracteriza-se pela parcimónia, pela intensidade das palavras e das imagens, nunca encarrilando na lágrima fácil.
Devo confessar que me desloquei às Amoreiras sem grandes esperanças, nem desesperanças. Mas mais importante do que o próprio filme, para mim, é pensar que tudo o que é verdadeiramente marcante na vida se pode passar num ápice e que esse momento é tantas vezes infelizmente definitivo. Sempre me perturbou um pouco este sentimento de livre arbítrio do destino. Recordo-me do neurocirurgião João Lobo Antunes quando evocou esta questão do instante num texto a propósito de Tolstoi e do magnífico livro A morte de Ivan Ilicht: […] tudo se passou num instante, mas esse instante foi decisivo.
Saí da sala ferido, embora bem acompanhado, e fui dar de beber à dor no Procópio onde à laia de tertúlia demos a volta ao mundo das nossas vidas e dos nossos sonhos…
Devo confessar que me desloquei às Amoreiras sem grandes esperanças, nem desesperanças. Mas mais importante do que o próprio filme, para mim, é pensar que tudo o que é verdadeiramente marcante na vida se pode passar num ápice e que esse momento é tantas vezes infelizmente definitivo. Sempre me perturbou um pouco este sentimento de livre arbítrio do destino. Recordo-me do neurocirurgião João Lobo Antunes quando evocou esta questão do instante num texto a propósito de Tolstoi e do magnífico livro A morte de Ivan Ilicht: […] tudo se passou num instante, mas esse instante foi decisivo.
Saí da sala ferido, embora bem acompanhado, e fui dar de beber à dor no Procópio onde à laia de tertúlia demos a volta ao mundo das nossas vidas e dos nossos sonhos…
8 comments:
E escolheram um bom sítio para "matar" a dor.
Beijinhos*
Este tipo de filmes provoca em mim, exactamente essa sensação que tã apropriadamente adjectivas de "ferido".
Mas um ambiente tão intimista, como agradável, como é o Procópio, ajuda bastante a descontrair, principalmente, em boa companhia.
Abraço.
Há momentos para parar e pensar na eternidade dos instantes em que não comandamos a vida. E quem a quereria comandar, afinal de contas, a não ser para apagar os maus relâmpagos?
O que vale é que o convívio ilumina a existência.
Tenho de por a leitura do teu blog em dia..
hoje passo só para dizer que fui ver "O segredo do cuscuz" e adorei!
Não me senti com capacidade par aver este filme. talvez para a semana.
Boa semana.
Essa questão do instante... e do definitivo e irreversível de um mero instante significativo... sempre me assombrou e continua a assombrar...
Deve ser um bom filme!
Obrigada! :)
nesse instante e definitivo somos tão infantis que achamos que o tempo vai andar para trás. pedimos para que ande. que alguém inverta a situação! não acreditamos que não vai andar. falam-nos... dizem-nos para nos sentarmos... tentam acalmar quem não perdeu a calma porque nem se apercebeu que "passou o instante".
deixo um abraço
Não tinha intenções de ver esse filme. Se tiver oportunidade, talvez mude de ideias.
um abraço.
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