Tuesday, September 30, 2008

sob o céu da 7th avenue...

(William Herman Rau, Wonders of our great metropolis, sky-scrapers and Great Bridge from Brooklyn, New York City, 1900-1910)

Nova Iorque. A manhã está invulgarmente quente. Os corredores do hotel são testemunhas desconcertantes de um telefonema. Vivem comigo por segundos uma conversa enigmática mas promissora. Nessa manhã, na manhã do telefonema, olho o céu de maneira diferente. É no Céu que vemos Deus... E mesmo despovoado de deuses, é ainda para o homem o lugar donde ele tira força, consolação e esperança. A paisagem é feita por ele, a arte imita-o, os poetas cantam-no, como sabiamente escreveu Eça. Estar distante e arredado de problemas lusos e ser desafiado por alguém que não conhece a nossa tapeçaria de vida, apenas (re)conhece parte do nosso curriculum, soa a ópera belcantista. Assim sobre o reino da realidade abre-se o reino da possibilidade. Nesse momento tenho a sensação que a minha missão nas políticas educativas (e afins) termina e um universo díspar convida a outras viagens.

Como as oscilações das ondas do oceano da vida, a estadia por terras da educação teve momentos mais intensos e momentos mais suaves, momentos mais nítidos e outros mais obscuros. Afinal foram nove anos num ministério que ficam registados na minha memória. Tal como já tinha sucedido em domínios culturais autárquicos tive a sorte de conhecer pessoas que me ajudaram, pessoas de quem serei amigo sempre, algumas das quais já habitando em outras realidades, matéria que desenvolvida permitiria uma curiosa digressão acerca das relações humanas. Voo para Lisboa expectante mas ainda com tempo para que uma das relíquias do litoral alentejano, a Zambujeira do Mar, sirva de intermezzo, o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina me abracem, a leitura de universos ficcionais ou semi-ficcionais me aconchegue a alma, a labiríntica fruição de sol, mar, livros e música me restabeleça, bóias de me aguentar (expressão roubada a Lobo Antunes de uma bela e incontornável obra), tudo concorrendo numa espécie de antecâmara para novos torneios.

O que quer que me esteja predestinado ainda está por acontecer. Mas agora é tempo de enfrentar um mundo novo…

* Post escrito a 15/09/2008, mas que face à concretização do exposto só agora faz sentido editar.

21 comments:

Ka said...

E que as novas realidades correspondam às tuas expectativas que nunca são pequenas :)

Tudo de bom na tua nova fase!
Beijinho

Abraço-te said...

(...)Mudança radical (...)
(...)Diferentes realidades (...)
(...)Mundo Novo (...)

Recebe todas elas de braços abertos...


Abç's
JustMe

Maria P. said...

Um novo desafio?!...Então corra tudo pelo melhor! Acredita em ti.

Beijinhos*

João Roque said...

És um homem de desafios e estou certo que as novas funções se vão adequar rápidamente á tua maneira de ser e vice-versa.
Fico curioso para me contares novidades, e teremos que alterar o local dos almoços das "Alegres comadres..."
Tudo de bom para ti e para a tua família.
Abraço grande e amigo.

Paula Crespo said...

E se todo o mundo é composto de mudança / troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança...
Ocorreu-me: dado o mote, surge sempre a referência, de preferência com música... ;);)
Tudo de bom nos teus novos "torneios"... :)
Bjs

Maria said...

Que corra tudo conforme queres neste teu novo desafio...

Um beijo

J. Maldonado said...

Boa sorte no regresso e nos novos desafios que irás encontrar cá. ;)

Violeta said...

E que esse mundo novo seja cativante e um verdadeiro desafio.
Felicidades

sofialisboa said...

e que venha essa mudança, com "mundos" novos, com tudo de novo, pois o novo faz-nos sentir acordados e sobretudo vivos. sofia

isabel mendes ferreira said...

a enorme maçã quase sempre é magnificamente inspiradora!
_________________

beijo matinal....:) à sombra de uma prosa que se espraia sempre sábia.

m said...

O novo mundo deve ser enfrentado com coragem e um grande sorriso! Vai correr tudo bem :)
Beijinhos

osátiro said...

Rezemos pelos católicos perseguidos no Paquistão.

Notícias de:
"Zenit O Mundo Visto de Roma":

Paquistão: cristãos vivem atemorizados e em constante ameaça [2008-09-01]



Papa a bispos do Paquistão: colocai Eucaristia no centro [2008-06-19]

Ser cristão no Paquistão «é muito difícil», diz arcebispo [2008-06-18]
Bispos paquistaneses se encontram em Roma para a visita «Ad limina»

Quarto trabalhadores da Cáritas Paquistão gravemente feridos em atentado [2008-03-11]
O cardeal Maradiaga, presidente da Cáritas, expressou sua «profunda tristeza»



Paquistão: «a comunidade cristã sente-se muito insegura e ameaçada» [2007-12-13]


Aumenta fundamentalismo islâmico no Paquistão [2007-11-15]
As minorias religiosas sofrerão ulteriores violências, denuncia Fides

Cristãos no Paquistão: vítimas de discriminação e perseguição religiosa [2007-08-21]

BlueVelvet said...

Que bom!
Desafios é do melhor que há para nos sentirmos vivos.
Falamos.
Beijinhos amigo

João said...

E Eu a um ano de todas essas experiências: Nova York e Odemira! Um Grande, Grande bem-hajas pela memória viva que me deixas, Luís!

Xis-Coisas de Bom para Ti, Agora.

kiduchinha said...

Amigo Luís, Desejo-te o Melhor! Muita energia positiva para o novo caminho!! Acredito que é com desafios que crescemos e avançamos! E claro que não posso deixar de lembrar o GRANDE PRIVILÉGIO de partilhar contigo algum tempo nesses (teus) anos na educação!! Obrigada!! ;) Beijocas e xi-coração

Anonymous said...

Voltar ao seu blog é sempre um prazer renovado.Agora que nos deixou, será o elo de ligação que pretendo manter ( pelo menos, ao fazer a leitura dos seus posts, sinto que ainda anda por perto...)
Felicidades e muita saúde no seu novo local de trabalho: que mais posso desejar-lhe?!
Creia que por estas paragens (mais das vezes tão agrestes e impessoais) terá sempre uma leitora assídua e uma amiga que o admira.
Bjs.
Lucy

Red Light Special said...

Saudades de passear na blogosfera e parar por aqui. Respiram-se aqui ares de boas letras, de palavras intensas, daquelas que gosto e me sabem bem. De Nova York à Zambujeira do Mar perdi-me nas tuas palavras e lugares, mas encontrei-me num fim que espelha um recomeço para outras viagens. Que essas corram pelo melhor, pelos caminhos certos, mesmo quando possam parecer atalhos ou então em contraste demasiadas auto-estradas.
Já me estou a perder nos meus devaneios, como sempre...
Quanto à tua curiosidade, que deixaste escrita num post no meu blog, optei por guardar o antidoto que iria destruir a amizade em questão. ;)
Beijo meu.

Fernando Pinto said...

«(...) É no Céu que vemos Deus...

No firmamento, amigo Luís, vejo (estão) o meu pai da Terra e o meu Pai do Céu...

Obrigado por partilhares estes momentos tão teus...

Abraço do ovarense
(da terra do Carnaval, dos azulejos, do mar (das caldeiradas) da ria e do Pão-de-Ló)

Kalaari said...

Sem o conhecer pessoalmente, tenho a certeza que faz parte daqueles que nunca por vencidos se conheçam.
Uma mudança, não é mais que um desembarque num pequeno apeadeiro. À sua espera, está sempre a estação
terminal.O sucesso faz parte da sua bagagem. Boa sorte.

tulipa said...

AMIGO LUÍS
Desejo-te tudo do Melhor!
Muita energia positiva.
É de um desafio que também aguardo há algum tempo, espero que chegue ainda em 2008.
Acredito que é com desafios que crescemos e avançamos!

E há novidades nos meus 2 blogues; num deles mostro as minhas habilidades na escrita, 3 trabalhos meus foram publicados num livro, tou toda vaidosa...
No outro mostro as minhas outras habilidades nas fotografias, dá-me a tua opinião, pode ser?

Beijinhos.

casa de passe said...

éh pá,

és um homem de sorte! desculpa tratar-te assim, que eu já percebi há muito que és uma pessoa culta e eu devia ser mais respeitador.
mas olha fico feliz pois pelo que dizes vê-se que tens tido sorte na tua vida (e saber, claro) com as pessoas com quem te tens relacionado.
que assim continuis nesta nova etapa.

a Zambujeira é linda isso é.

e a fotografia de n y é, talvez, a mais bonita que até hoje vi daquela cidade.

um abraço.

joão

ps-e olha gostei das tuas palavras na fnac. eu não queria ir, que não sou dado a coisas intelectuais, mas a nini e a lolou pediram-me tanto, que lá fui. resultado:agora tenho à cabeceira um livro que mal comecei a ler.