Lê-me um dos mais belos poemas, um daqueles em que o verde do mar é invadido pelas estrelas e sereias de cabelos roxos, a areia cheira a madressilva e as ondas agitadas se enrolam como búzios. Onde brilhem a espuma sal e vento e o cantar das marés cheias faça tudo parecer exausto, inútil, alheio.
Lê suavemente mas com paixão, entoa a riqueza e singularidade do tesouro oculto nos seus escritos. Respira docemente cada verso, cada palavra, acaricia o inconfundível, ilumina a perfeição tranquila e pungente. Retém o calor e a ternura de cada sílaba.
Ao leres certifica-te que lhe dás expressão, abre espaço para que me abrace à mulher poema com olhos de vidente, algas em vez de veias e um coração em forma de medusa. Ajuda-me a descobrir a vastidão da sua biografia, o seu percurso acidentado e abrupto, aquela fragilidade irredutível de uma identidade perplexa mas insubmissa que a fez sem remorso trocar os jardins do paraíso por um caminho desconhecido. Assim com os seus versos se rói a solidão e os dias crescem como uma flor vermelha.
Não te esqueças que nasci homem mas romântico e que sofro dessa patologia incurável e impronunciável.
E ninguém vai entender nunca essa beleza, mas tal como à poetisa viverão sempre mil gestos nos meus dedos.
Luís Galego
18 comments:
Ler Sophia assim é deleitar-se com cada sílaba como se fosse uma pérola. Uma onda suavemente a abraçar a areia. O rendilhado da espuma. A sensação sempre renovada do mergulho no mar azul. Que pode ser verde...
Um abraço.
Arrepiei-me... não por ser Sophia, mas por te ler de novo assim. Saudades dessa "patologia". :)
Beijo vermelho.
Muito Belo como sempre!Tal como de Sophia lhe conheço as cores e cheiros assim a tua escrita me é já familiar! Há palavras que nos ficam cravadas na alma assim
Beijito meu amigo
Ana
"Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres..."
Sophia de Mello Breyner
Sophia chegará sempre à tua beira. O teu coração tem a imensidão de um mar e a magia de um menino de bronze...
Um beijo, querido amigo
Mel
Sophia por gestos incontronáveis
Desta vez foi mais que bom...amei.
A certa altura tive a sensação que alguém me estava a dizer aquelas palavras que me deliciaram....
Era como se fosse para mim...alguém que me conhecia...estranho!!!
Um grande xi coração niño romântico!:-)))
Ter o prazer de ler mais um texto teu (uma raridade), e ainda por cima, dedicado à grande Sophia, é tão compensador...
A poesia aconchega o coração-
beijinhos, Luis
Verdinha
O que dizer de mais depois de ler todas estas confissões de alguém apaixonado pela poesia e pelo próprio amor e sendo assim nos faz apaixonarmos também.
Sempre belo, tudo por aqui!
Brilhante Luís!
Como tu tão bem sabes escrever.
Abraço-te.
0 culto !nfinito do b elo... ler de
v e r d e o mar...
Sempre para reler... mto bom
Gostaria de saber...
Afinal, o que foi ela leu?
;)
Maravilhoso, como tudo por aqui.
Por instantes, tua casa fez-se minha, e nela pude provar de todo o aconchego e alento que 'o certeiro verbo' pode nos proporcionar.
Do ultramar saúdo-te e agradeço-te.
Adriana
Que blog... que show!
Ainda bem que esperei pelo momento certo para ler este texto, que adivinhava especial. E neste momento, que é o certo, vou ler e reler e reler até sentir toda a beleza que contém... vai demorar.é muito belo.
Beijinho Luís! Boas férias pelo verde!
Maravilhoso este texto!
Sophia de Mello Breyner Andresen é um daqueles casos que nos deixa sem palavras...e continuará sempre a ser.
Gostei muito!
Abraço
http://www.rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/
Excelente, texto. Gostei muito, Luís.
Abraço
Et
Li e reli... e vou dormir com um sorriso nos olhos e um afago no coração.
Um abraço e grata pela partilha.
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