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Monday, July 30, 2007

provavelmente o maior desde a invenção da máquina de filmar...

a language that literally is spoken from soul to soul in expressions that, almost sensuously, escape the restrictive control of the intellect…
1965

Fazer filmes é para mim um instinto, uma necessidade como comer, beber ou amar…

Eu também tenho vivido toda a minha vida com isto a que Bach chama "a sua alegria". Ela tem-me ajudado em muitas crises e depressões, tem-me sido tão fiel quanto meu coração. Às vezes é até excessiva, difícil de dominar, mas nunca se mostrou inimiga ou foi destrutiva. Bach chamou de alegria ao seu estado de alma, uma alegria-dádiva de Deus. Deus meu, faz com que eu não perca a alegria que há em mim, repito no meu íntimo.
A Lanterna Mágica

A obra de Bergman compõe um dos mais ricos e essenciais capítulos da história do cinema. Como poucos, o realizador apropriou-se da linguagem para confeccionar um conjunto significativo que transcende a própria experiência cinematográfica. Abordando temas intrínsecos à existência humana o cineasta rompeu as fronteiras do cinema sueco e atingiu a universalidade. Os seus filmes lidam geralmente com questões existenciais como a mortalidade, solidão e fé. As suas influências literárias vêm do teatro: Ibsen e Strindberg.

Filho de pastor luterano, suportou uma educação autoritária, baseada em conceitos relacionados ao pecado, confissão, castigo, perdão e indulgência. Na sua autobiografia, Lanterna Mágica, Bergman faz relatos impressionantes. Sempre que contava uma mentira recebia castigos constrangedores, como desfilar com um vestido de rapariga ou ser trancado num armário. É nesse período que vivência sentimentos como vergonha ou humilhação, tão explorados nos seus filmes. A iniciação profissional deu-se através de um dos patriarcas do cinema sueco, Victor Sjostrom, homenageado em Morangos Silvestres, em que Sjostrom interpreta o protagonista que perde a noção da memória face à iminência da morte. Do mestre, Bergman herdou a compreensão da natureza como elemento de sustentação dramática. É o que ocorre, por exemplo, em Monika e o Desejo, onde o verão inunda o enredo de sensualidade. Foi esse filme, por sinal, que despertou o interesse de Woody Allen pelo cineasta sueco. Na opinião de Allen, Bergman foi “probably the greatest film artist, all things considered, since the invention of the motion picture camera.” (Cf.The Associated Press, 1988). Embora Bergman seja quase sempre lembrado pelas suas obsessões mais frequentes, como o passar do tempo, a morte e a impossibilidade de comunicação, presentes em filmes como Luz de Inverno, O Sétimo Selo, O Silêncio, Persona e tantos outros, o conhecimento mais aprofundado da sua obra revela um autor de talentos múltiplos.

Foi casado com Liv Ullmann que participou em dez de seus filmes, entre eles Cenas de um casamento, que explora os conflitos sexuais e psicológicos de um casal em crise. 30 anos depois, já separados, Bergman e a actriz voltaram a trabalhar juntos em Saraband, que mostra a relação dos protagonistas de Cenas num outro momento, em idade madura. Saraband foi o último filme de Bergman e foi uma obra que muito me marcou. Quando vi esta pérola reagi como se me tivessem dado um murro. Primeiro atordoado, depois doído e por último inquieto.

O lendário realizador sueco Ingmar Bergman morreu, esta manhã de segunda-feira, aos 89 anos, na sua casa na ilha sueca de Gotland, onde todos os verões é celebrada a sua vida e obra.
Ver trailers de filmes do realizador: O Sétimo Selo, Morangos Silvestres e o mais recente Saraband.
Ver excelente site do realizador Ingmar Bergman face to face.