Friday, June 29, 2007

Cyrano ou uma bela história de amor…

Dedicado a Maria P. (http://casademaio.blogspot.com) e ao seu extraordinário blog, às suas belas fotografias e à sua simpatia por me ter nomeado em:







Huit ans avant ma naissance, Cyrano de Bergerac avait éclaté ‘comme une fanfarre de pantalons rouges’ [...] séduit par la gouaille, par le panache, ces insupportables défauts des vaincus, je raillais les truands avant de leur casser les reins
Sartre in Les Mots

O Teatro Nacional D. Maria II recebeu ontem ao fim da tarde Cyrano de Bergerac, na tradução de Vasco Graça Moura, que não satisfeito com as suas extraordinárias traduções de Dante, Petrarca, Shakespeare, Ronsard, Moliére, Racine e outros se abalançou nesta belíssima aventura. Com leitura de excertos por Diogo Dória (e dois jovens actores) e apresentação do historiador de teatro Luiz Francisco Rebello lá mergulhámos neste universo poético de um clássico da literatura mundial. De acordo com Graça Moura, o dramaturgo francês Edmond Rostand traça nesta sua “célebre comédia heróica o retrato de um Cyrano de Bergerac, poeta, espadachim, apaixonado, visionário, precursor da ficção científica, mosqueteiro do rei, insolente, extravagante, arruaceiro, «maldito» e temido pelos poderes, que enche toda a peça e todo o palco”. Refere ainda que “Na senda aberta por Ruy Blas, de Victor Hugo, e por Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, Rostand criou com Cyrano de Bergerac o último grande (e, diga-se, um tanto ou quanto anacrónico) mito do teatro romântico francês, com um êxito absolutamente excepcional desde a noite da estreia no Théâtre de la Porte Saint-Martin, em fins de Dezembro de 1897, êxito que se repercutiu em traduções e encenações um pouco por toda a parte logo em seguida”. Graça Moura defende que o êxito de Cyrano de Bergerac se deve, “por um lado, à hábil exploração e à mistura consecutiva dos registos trágico, cómico, lírico, grotesco e heróico, ao controlo seguro da profusão de personagens e figurantes ao longo de um fio da meada pleno de surpresas e de achados e firmemente prosseguido, a uma acção cuja vivacidade não esmorece, a uma paixão desmedida e pungente do protagonista, a um sentido brilhante da réplica ágil, da utilização bem doseada dos clins d’œil, das reminiscências literárias e do movimento cénico, a uma série de tiradas e de cenas de grande estilo que ficaram célebres, enfim, a uma elegância muito Belle Époque do todo; por outro lado, a uma revisitação muito bem documentada da sociedade parisiense do século XVII e à recuperação sugestiva de algumas figuras históricas, uma vez que praticamente todas as personagens da peça existiram na vida real” (cf. www.oprimeirodejaneiro.pt).
Cyrano fala-nos do ambiente no reino de Luís XIII mas particularmente da vida, dos amores impossíveis, do homem e do seu corpo, da humanidade, com todas as imperfeições e complexidades, do homem e da sua alma e delicia-nos com as suas longas cartas de amor. É sem sombra de dúvida uma bela história de amor, uma “comédia heróica”, com muita acção, humor e poesia. Obra que balança entre a comédia e o drama que nos faz soltar gargalhadas ao mesmo tempo que nos cresce um nó na garganta e sentimos um aperto no peito. Ontem senti um pouco de tudo isso através da leitura de Diogo Dória. Uma obra que não passa despercebida aos amantes da paixão!
Para degustar em delongas de entardecer…


Placido Domingo em Cyrano de Bergerac in Metropolitan Opera - New York ... (AP Photo/Stephen Chernin)

14 comments:

Maria P. said...

"Luís ou um belo gesto de carinho" - obrigada.

...ainda a ouvir Carlos Paredes.

Beijinho*

Anonymous said...

Meu amigo, nada mais justo que esta tua nomeação.

É sem dúvida um Blog espetacular, de uma pessoa fantástica.

Um abraço, e vou voltar à leitura mais atenta deste teu pos

Mel
www.noitedemel.blogs.sapo.pt

P said...

Mais um excelente post.
O comentário que me deixou, fez-me pensar...
Um abraço

Anonymous said...

Não sendo grande apreciador do Vasco Graça Moura poeta, nem do contista,
Nem do romancista, já no que diz respeito ao Graça Moura tradutor considero-o um génio.
Basta-se ler-se a tradução “ da divina comédia “, ou dos “ Sonetos a Orfeus “, ou “das rimas de Petrarca” entre muitas outras....
Certamente mais uma excelente tradução de uma boa obra...

Frioleiras said...

OBRIGADA.... PELA SUGESTÃO (do livro)


(gostei do teiu blogue....)

Anonymous said...

Olá Luís
foi com surpresa que vi e li o teu comentário no meu blog, pois, considero-me uma pessoa atenta e ainda não tinha tido oportunidade de visitar este teu sítio.
Confesso que estou rendido aos últimos posts que aqui escreveste, onde numa análise muito bem estruturada, comentas acontecimentos, pessoas e outros assuntos que têm muito a ver com os meus gostos. Gostei particularmente do texto sobre Londres, pois visitei novamente há pouco tempo essa cidade e mais uma vez há sempre tudo de novo, mesmo naquilo que "já é velho"...
Sendo assim, espero que me perdoes a ousadia de "linkar" o teu blog, nos meus blogs de leitura diária, e de me ouvires dizer qualquer coisa, quando fôr caso disso.
É evidente que o meu "lugarzito" estará sempre ao teu dispôr.
Abraço e bom fim de semana.

Amaral said...

Confesso que não tenho aqui vindo tantas vezes como gostaria e como este blogue merece!
Como já disse, é um espaço muito vivo, muito cheio, onde tudo é natural e importante.
Quero agradecer-te a tua visita e a tua preocupação.
Está tudo bem, amigo! Obrigado!

Maria said...

A tua nomeação foi, sem dúvida, merecida...
Parabéns.

Beijinhos

teresamaremar said...

"Cyrano de Bergerac, poeta, espadachim, apaixonado, visionário, precursor da ficção científica, mosqueteiro do rei, insolente, extravagante, arruaceiro, «maldito» e temido"

Porque entre o grotesco e o heróico, Cyrano é inocência.
Fiquei a lembrar Depardieu, grotesco e grande, passando essa mesma imagem crédula e inocente.

Bom fim de semana

Jonice said...

Eu concordo com a Maria: este Infinito Pessoal é uma maravilha!
E, sim!, Cyrano é uma obra que encanta os amantes da paixão.
Bom fim de semana, Luís.
Beijinhos :)

GarçaReal said...

Nomeação mais que justa.
Parabéns.
bj

Anonymous said...

Mesmo que tardiamente vim agradecer-te às visitas e desde já parabeziná-lo pela nomeação!
Justa e merecida!
Abraços e tenha um bom fim de semana...

Anonymous said...

sempre mantive forte identificação com Cyrano, porque eu também tenho nariz grande... hehehehhe

ainda não li o livro, mas vi o filme, com Gerard Depardieu e achei uma belíssima história, com o ator francês em grande desempenho.

un dress said...

vi o filme com dépardieu...





beijO