Atraído pela beleza da fachada de uma pequena casa secular, troco a hora de almoço por uma visita à Casa Dr. Anastácio Gonçalves, afinal um admirável museu. Sou o único visitante. O primeiro factor de interesse é a casa em si, um edifício mandado construir por José Malhoa em 1904, para casa de habitação e atelier de trabalho projectada pelo arquitecto Norte Júnior que com ela arrebatou o prémio Valmor. Na fachada combinam-se elementos decorativos neo-românticos, próprios de um revivalismo ainda oitocentista, materiais e técnicas tradicionais, que traduzem o convencionalismo da “casa portuguesa” e elementos Arte Nova. O segundo factor é a exposição Olhares Cruzados sobre Arte e Islão. Um arqueólogo, um historiador, uma historiadora de arte e um teólogo do Islão, confrontam as suas vozes procurando responder à questão: o que é a arte islâmica? O que se pretende provar é como mil anos de História e quase 30 dinastias, espalhadas por três continentes, não se podem simplisticamente arrumar com o termo islâmico.
A Casa-Museu é o lugar onde se celebra o coleccionador Anastácio Gonçalves. Cerca de 2000 obras de arte distribuem-se por três grandes núcleos: pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, porcelana chinesa e mobiliário português e estrangeiro. Existem secções de ourivesaria civil, pintura europeia, escultura portuguesa, cerâmica europeia e oriental, têxteis, numismática, medalhística, vidros e relógios de bolso de fabrico suíço e francês. Encerra, ainda, um núcleo de pintura contemporânea portuguesa. Registe-se os quadros de Columbano (os ensaios para “Camões e as Musas”), de Silva Porto, o luxuoso mobiliário de origem diversa e as não menos dignas cerâmica e faiança. O vitral na sala de jantar é digno de ser contemplado, dada a sua beleza.
Anastácio Gonçalves nasceu em 1888, em Alcanena. Combateu na Primeira Guerra Mundial e tornou-se um eminente coleccionador de arte, reflectindo o impulso de Calouste Gulbenkian (de quem foi médico); conviveu com personalidades marcantes da cultura portuguesa da primeira metade do século XX (Aquilino Ribeiro, Ricardo Jorge, entre outros). Curiosamente morreu na Rússia, aquando da visita ao Ermitage, em 1965.
Lisboa, que tem uma relação de displicência com as casas de vultos-chave que por ela passaram – recorde-se o processo da última casa de Garrett ou, antes dele, o da casa de Guerra Junqueiro –, tem o dever de divulgar e preservar este mimo museológico. Como refere o director deste espaço a uma revista local “A casa-museu é um tesouro a descobrir”(…)“quem passa no exterior não tem noção do seu interior, dos valores estéticos, históricos e artísticos aqui existentes; mas quem nos visita fica sempre bem impressionado, sobretudo pelo conforto dum ambiente que é uma verdadeira ilha no seio da cidade”.
A Casa-Museu é o lugar onde se celebra o coleccionador Anastácio Gonçalves. Cerca de 2000 obras de arte distribuem-se por três grandes núcleos: pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, porcelana chinesa e mobiliário português e estrangeiro. Existem secções de ourivesaria civil, pintura europeia, escultura portuguesa, cerâmica europeia e oriental, têxteis, numismática, medalhística, vidros e relógios de bolso de fabrico suíço e francês. Encerra, ainda, um núcleo de pintura contemporânea portuguesa. Registe-se os quadros de Columbano (os ensaios para “Camões e as Musas”), de Silva Porto, o luxuoso mobiliário de origem diversa e as não menos dignas cerâmica e faiança. O vitral na sala de jantar é digno de ser contemplado, dada a sua beleza.
Anastácio Gonçalves nasceu em 1888, em Alcanena. Combateu na Primeira Guerra Mundial e tornou-se um eminente coleccionador de arte, reflectindo o impulso de Calouste Gulbenkian (de quem foi médico); conviveu com personalidades marcantes da cultura portuguesa da primeira metade do século XX (Aquilino Ribeiro, Ricardo Jorge, entre outros). Curiosamente morreu na Rússia, aquando da visita ao Ermitage, em 1965.
Lisboa, que tem uma relação de displicência com as casas de vultos-chave que por ela passaram – recorde-se o processo da última casa de Garrett ou, antes dele, o da casa de Guerra Junqueiro –, tem o dever de divulgar e preservar este mimo museológico. Como refere o director deste espaço a uma revista local “A casa-museu é um tesouro a descobrir”(…)“quem passa no exterior não tem noção do seu interior, dos valores estéticos, históricos e artísticos aqui existentes; mas quem nos visita fica sempre bem impressionado, sobretudo pelo conforto dum ambiente que é uma verdadeira ilha no seio da cidade”.
13 comments:
Olá Luís
Bela hora de almoço...
também gosto assim, ás vezes dá outras não. 2ª feira mudo de local de trabalho: novas oportunidades para exlorar o que há pela rua das Amoreiras.
Quanto às recordações, são uma magia. Quando entrei para a escola já sabia ler. lembro-me da lição da 1ª classe a seguir às letras "O Pedro e a Rita já sabem ler...".
Bom feriado
Concordo contigo. Existem lugares que nos atraem, nos envolvem...
É o caso dos museus. Ensinam-nos, contam-nos histórias...
E quando o museu está num lugar que foi habitação de alguém que nos marcou, mais nos atrai...
Luís, o teu comentário no meu post, deu-me que pensar. Obrigada.
Beijinhos!
Amigo Luís
tu és uma espécie de "Time Out", mas personalizado, não para o grande público, mas para os previligiados que leêm o teu blog.
E dás um cunho pessoal, um apontamento aqui e ali, preciosos que faz com que aumentemos exponencialmente os lugares a ir, as coisas a ver e ler.
Que bom...
Até segunda, "alguém" chama por mim, agora...
Abraço e bom fim de semana.
Uma excelente hora de almoço, até para nós que temos o prazer de assim ler este magnífico apontamento.
De salientar também o excelente trabalho que a Casa-Museu desenvolve ao nível do Serviço Educativo, tão importante nos dias que correm.
Um bom feriado, e beijinho Luís.
P.S. As fotos são meros olhares.Obrigada:)
Estando em tempo de bruxaria... ;) a cultura portuguesa tb precisa de uns bons feitiços!!! :)
Obrigada amigo pelo teu comentário :)
Bom feriado e bom fim semana!
Beijocas da bruxinha kiduxinha :)
deve ser realmente um local apaixonante. como muitos locais de lisboa que eu (nós) ainda desconheço (desconhecemos)
um grande abraço
jorge vicente
Oie Luis, durante a leitura, fiquei tentando visualizar o museu. A casa deve ser realmente muito linda! Conheço por fotos e revistas a Portugal das tradições, dos casarios de época e me encanto!
Obrigada por dividir!
Beijos
Caro Luís,
Quando aqui chego sinto-me a revisitar a minha "velha" e querida Lisboa...
Cada descrição, cada pormenor me transporta para a realidade que tão bem aqui nos descreve!!!
"Brigados" por todos estes posts!!!!
UM BOM RESTO DE NOITE!
Nem calcula o bem que me fez com a sua indicação!
Recém reformada, sítios como estes fazem a doçura dos meus tempos livres
Um abraço amigo!
Correndo o risco de me repetir, o que aprendo e descubro neste Blog, faz-me voltar a revisitá-lo, mesmo quando sei que não há Posts novos, porque sei que encontro sempre algo que me escapou.
Parece um jornal daqueles muito grossos que se vão lendo ao longo da semana.
De facto, quantidade não garante qualidade.
Neste Blog, um Post vale por dezenas de alguns que são publicados diariamente noutros.
Obrigada
Mais uma óptima sugestão, Luís! E a capacidade de aproveitar cada bocadinho do nosso tempo para o tornar mais rico e assim ir guardando pequenos tesouros. Como este que já é seu. Eu ainda não passei por lá.
:) Obrigada pela partilha.
Belíssima "chamada" ao museu.
É realmente notável e tem um excelente Serviço Educativo.
Programas de visitas comentadas e ateliers dirigidas a vários públicos.
Abraço Luís
Adorável aquele atelier de luz.
E a dos Patudos, Luís, a Alpiarça?
Onde o relógio parou quando a batida do coração se ausentou.
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