Garage, de Leonard Abrahamson
Encarado pelos seus vizinhos como estouvado inofensivo, Josie trabalha numa desgastada bomba de gasolina, com poucos clientes, nos arredores de uma aldeia do interior da Irlanda. Homem simples, só, optimista e, quem sabe, feliz. Pese a sua solidão e a troça de quem passa sabe que tem o seu lugar que embora não seja admirável não deixa de ser o seu. Contudo, a chegada de David, um rapaz de 15 anos, à estação de serviço vai alterar tudo, deparando-se Josie com um outro lado da vida, que não está preparado para enfrentar. Abrindo em forma de comédia, com uma série de detalhes pitorescos da população da aldeia que circulam à volta de Josie e o toleram no seu meio, o filme acaba por se converter num trajecto inesperado, que vai levar a um desfecho lancinante e devastador. Josie é uma personagem que conquista a afeição pela pureza que patenteia, e será essa ingenuidade, em colisão com as pulsões reprimidas a génese de um drama impulsionado pela oferta de um filme porno. História contada com enorme humanidade e contenção, com um formato expositivo que releva excelentes silêncios e pungentes planos fixos – com o protagonista e o jovem aprendiz à porta da estação que, mais do que contemplativos, caracterizam a imobilidade social da aldeia -, e um admirável escape a clichés. Uma pérola que me sensibilizou e que aplaudi de mansinho ontem ao fim da tarde no King 2.
Encarado pelos seus vizinhos como estouvado inofensivo, Josie trabalha numa desgastada bomba de gasolina, com poucos clientes, nos arredores de uma aldeia do interior da Irlanda. Homem simples, só, optimista e, quem sabe, feliz. Pese a sua solidão e a troça de quem passa sabe que tem o seu lugar que embora não seja admirável não deixa de ser o seu. Contudo, a chegada de David, um rapaz de 15 anos, à estação de serviço vai alterar tudo, deparando-se Josie com um outro lado da vida, que não está preparado para enfrentar. Abrindo em forma de comédia, com uma série de detalhes pitorescos da população da aldeia que circulam à volta de Josie e o toleram no seu meio, o filme acaba por se converter num trajecto inesperado, que vai levar a um desfecho lancinante e devastador. Josie é uma personagem que conquista a afeição pela pureza que patenteia, e será essa ingenuidade, em colisão com as pulsões reprimidas a génese de um drama impulsionado pela oferta de um filme porno. História contada com enorme humanidade e contenção, com um formato expositivo que releva excelentes silêncios e pungentes planos fixos – com o protagonista e o jovem aprendiz à porta da estação que, mais do que contemplativos, caracterizam a imobilidade social da aldeia -, e um admirável escape a clichés. Uma pérola que me sensibilizou e que aplaudi de mansinho ontem ao fim da tarde no King 2.
29 comments:
Amigo Luís, obrigado pelo incentivo... Este teu blogue também é singular! Gosto muito de passar por aqui! Foi graças a ti que vi o filme "O Véu Pintado". Adorei a película e o livro.
Continua a deliciar-nos com as tuas descrições, com as tuas narrativas... Nós agradecemos tanta dedicação!
Abraço,
Fernando Manuel Oliveira Pinto
P. S. Quando quiseres utilizar umas das minhas fotografias para ilustrar um "post" teu, já sabes que tens a minha autorização. É para mim uma honra!
Amigo Luís
É admirável a forma como retrata aquilo que os seus olhos viram.
Bela sugestão.
...Demorei, mas hoje cá estou, vim agradecer sua presença nos meus dias...É bom ter seu feedback.
Mar – sempre presente na minha Vida;
Não consigo estar junto dele, sem fotografar,
Captar imagens fabulosas
Céu, horizonte, vento, ar
Elementos indispensáveis para me sentir bem
Mais 2 imagens de minha autoria
Para juntar às lindas palavras de Paulo Leminsky
Bom Domingo.
Beijinho.
Adoro o seu blog. Dá-me imensas informações preciosas. Já agora não perca também o filme «Três Tempos», no King.
Bom domingo
Anad
se assim o diz..vou aceitar a sugestão..
beijinhos
Engraçado...também falo de um filme lá no meu sítio mas bem diferente, um tema bem diferente...
Cada coisa com o seu encanto, não é?
Abraço
Salve
Passei pra agradecer a visita, e te deixar um grande abraço.
Quanto ao teu post, ainda não vie este filme, mas pela sua interessnte descrição do mesmo, vou conferir.
Abraço...
Acredito que sim, um escape...
Beijinho*
Amigo Luís,
nâo tive a oportunidade de ver o filme, embora a opinião crítica que aqui nos deixa quase permita vislumbrar um pouco da própria história.
Esta não é uma situação ficcional.Na vida, muitas vezes, alguém "veste" a pele do "Ingénuo" na sociedade em que vivemos e nem sempre o seu final é feliz! Mas é vida é um cenário sempre bem mais cruel do que a ilusão dum filme!
Continuação de bons filmes!
"Brigados" pela partilha!!!!
vou procurar pra assistir!!
Ler o que escreves sobre um filme é quase tão gostoso quanto vê-lo, Luís.
Beijinhos
voltei agora do King 2.
um retrato de grande humanidade, de facto, dessa ruralidade irlandesa.
um desfecho que acaba por ser previsível, quando é sempre mais fácil quebrar o elo mais fraco.
quase me senti de volta à Irlanda, a que não volto, de resto, há vinte anos... nostalgias
Luis,
agrade�o a visita ao meu pequeno espa�o! Voltarei aqui certamente com mais tempo...gostei do que vi!
Um abra�o!
Obrigado pela dica, é um dos filmes programados para esta quarta feira. Um abraço.
olá luis, tu tens mesmo a capacidade de ler as entre-linhas, mesmo tentando por a verdade crua aqui, há coisas que nem falo. tens razão ela tem um problema de ciumes com o marido e como deves imaginar há por aí pessoas muito desarrumadas e que depois tem lapsos, eu não tenho que me justificar, nem preciso, mas o marido dela para mim é mesmo dela...mas que me feriu o comentario feriu! sofia
anotado!
pessoalíssimo. este infinito onde cabe tanto e tão diverso saber.
.
voltarei. porque este infinito percorre-se devagar.
"pulsões reprimidas". Que desassossego...
Abraço
Paulo
Olá Luis!
Incrível sua técnica de construção da resenha. Deu até uma invejinha... hehehe
Valeu pela dica.
Abraços!
nem sabia que existia este filme... ponho na lista, para estar atento, acho que aqui ainda não está-
um abraço
Olá, meu nome é Alessandra, só gostaria de deixar registrada minha visita.
Achei seu blog por um desses acasos da net, e achei seus textos de uma sensibilidade incrível!
Parabéns!
Oie meu amigo lindo! Enfim voltando aos pouquinhos... Mas pela descrição, acho que vou gostar desse filme. O problema é saber se por aqui vou achar.
Beijos
Bom já tinha passado varias vezes perto da "vida portuguesa",e a visita tem sido dempre para a próxima: a próxima será na 6ª ou domingo.
E aqui fica mais um filme para ver.
Caro Luís
o cinema irlandês, embora não nos visite muito, e também porque não é feito em doses industriais, sempre me enterneceu, pela forma como sabe mostrar o seu povo, na rudeza pura das suas gentes, e pelas paisagens lindas que nos vai mostrando; esta parece ser uma história que "encaixa" bem na filmohrafia irlandesa...
Abraço.
Fabuloso, como sempre, Luís.
PALAVROSSAVRVS REX
Por pouco nos cruzávamos no mesmo cinema, no mesmo filme. Também o vi e também partilho a mesma opinião. A questão da eventual pedofilia, subtilmente abordada neste filme, tenta alertar-nos para a paranóia colectiva que se instalou, vendo demónios onde não os há. O pobre Josie, inofensivo e pacatamente natural, viu-se de repente numa alhada que era totalmente estranha ao seu querer e à sua mente simples. Teias perversas estas, que envolvem inocentes...
Parece ser um excelente filme. Vou procurá-lo.
Aprecio esses filmes que fogem da mesmice de hollywood. Nas locadoras sou um frequentador dos "corredores empoeirados", busco aqueles filmes que ninguem aluga e já fiz grandes descobertas assim.
Abração.
Bá, mas onde está esse filme, adorei a redação... e o que vem da Irlanda, só pode ser demais...
THE CRANBERRIES ahahah
Oie lindinho! Passei para lhe ver e desejar um feliz fim de semana!
Beijos
Tudo o que é humano toca e sensibiliza. O cinema deveria fazer-nos melhores.
PALAVROSSAVRVS REX
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