Sunday, September 13, 2009

o derradeiro poema...

O derradeiro poema

Como o poeta também eu quero o meu derradeiro poema
Um poema que acenda as estrelas
Um poema que erga ao vento o seu riso
Que seja amável e exprima as realidades mais espontâneas e menos premeditadas
Que me afaste das punhaladas cegas e enraivecidas
Que seja arrebatador como um suspiro sem pranto
Que tenha a superioridade das flores sem aroma
O ardor dos amantes que se escondem de mão dada
Um poema de pecados imensos
O retrato da pura imensidade
Que seja um jardim aconchegado à minha porta
Um poema que não perturbe a minha caminhada
Um poema que interdite o meu sofrer
Um poema que revogue mágoas no meu embaciado olhar
Um poema que me afaste da melancolia
Um poema que encarne a angustia já purificada
Um poema que me deixe exausto sobre as conchas da praia
mas não me deixe morrer no mar
Um poema que me consinta adormecer sem lágrimas
Um poema que seja a minha última oração
Um poema que seja a minha derradeira canção.

Como um condenado eu clamo um último poema
Um poema que seja um espasmo, uma declaração de amor, uma solidão desfeita
Um poema que me segrede o teu nome
Que seja a cor dos teus olhos
Que me autorize contemplar a tua palidez romântica e lunar
Um cartório que me divorcie da velha dor
e das palavras magoadas
Um poema que não embargue o coração
Um poema que não me diga não
Um poema que seja tudo
e não um desígnio interrompido
Um poema que seja o último desejo
Uma melodia escrita com sangue nos versos
e beijos nas tuas mãos.
Luís Galego

Imagem aqui.

14 comments:

Unknown said...

Esta é uma dor deveras sentida ou só mesmo fingida?
Que bonito Luís...

AnaLee said...

Sorte a do poema, do derradeiro ou de outro, de ser de tal poeta!

Maria said...

Belo. Belíssimo!

Abraço

Violeta said...

e quem não quer um derradeiro poema assim?
um bj e bom domingo

João Roque said...

Que escrevas muitos mais "últimos poemas" tão belos como este.
Abraço.

Unknown said...

Um derradeiro poema porque nele o poeta se aborveu.
Mas não decerto o último...

cirandeira said...

Clamar, clamo eu!
- Que este seja o primeiro dos "derradeiros"
e BELÍSSIMOS POEMAS que
compões!
Um belo domingo pra ti...
e um grande abraço

The White Scratcher said...

Fabuloso como sempre Luís.
Obrigado

Diogo said...

Bom poema.

E que dizer da Gripe A?:

Jornal Nacional da TVI (7 de Setembro de 2009) - o embuste da Gripe A e os biliões ganhos pelas farmacêuticas com o medicamento Tamiflu

Jornalista da TVI: Um dos homens que mais tem lidado com a Gripe A em Portugal é o Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral. Fernando Maltês afirma que a Gripe A vai matar menos gente do que uma simples gripe sazonal (gripe comum), que é mais inofensiva e trata-se, na maioria dos casos, com antipiréticos. O Director Geral de Saúde Espanhol é da mesma opinião.

Director Geral de Saúde Espanhol: Se morrem muitas pessoas em Espanha por contaminação atmosférica, ninguém presta atenção. Ou se morrem tantas pessoas por fumar, ninguém lhes presta atenção. Mas se, pelo contrário, morrem duas pessoas com gripe, presta-se muita atenção. É lógico, eu entendo, mas pouco a pouco a sociedade tem que amadurecer e dedicar o tempo que cada problema requer em função da sua gravidade.

Dr. Fernando Maltês: O Tamiflu, desde o princípio desta pandemia, tem sido encarado pela população como uma espécie de fármaco milagroso, o que não é verdade. E no que diz respeito à eficácia, concretamente no vírus da gripe, é uma eficácia que está, digamos, mal documentada. Se houver um conjunto de factores que digam – vale a pena administrar o fármaco – o médico administra, caso contrário, balançando os efeitos benéficos com os potenciais riscos, é preferível não administrar.


Jornalista da TVI: Já lá vão quatro meses desde que foi confirmado o primeiro caso de Gripe A em Portugal e, até agora, não há qualquer morto a registar. Em média, por ano, morrem em Portugal mais de mil e quinhentas pessoas de gripe, sem aberturas de telejornais e sem a Ministra da Saúde todos os dias nas televisões.

A verdade é que o mundo está preocupado com a Gripe A e já há empresas a ganhar milhões à custa do H1N1 (vírus da Gripe A) . A farmacêutica Roche, por exemplo, cujas vendas do seu Tamiflu caíram quase 70% quando o mundo percebeu que já não havia perigo de uma Gripe Aviária, vê agora as vendas desse mesmo medicamento dispararem em mais de 200%.

Ajuda importante também para a Glaxo Smith Kline, o laboratório britânico a quem Portugal já encomendou seis milhões de doses da vacina contra a Gripe A, a 8 euros cada uma (48 milhões de euros) , teve um ano difícil do ponto de vista financeiro. Eis senão quando, surge o tal vírus, H1N1, que deverá render, só ao laboratório britânico, cerca de dois mil milhões de euros, tendo em conta que as encomendas estão quase a atingir as trezentas milhões de doses.

VÍDEO da notícia na TVI

Mar Arável said...

Tudo muito belo

porque não é o último

Venham mais cinco

em cada apeadeiro

Tudo de mim. Ou quase. said...

Como um poema que chora calado, sem soluçar. Pois que um rosário de lágrimas cai em fio, cintilante, pela alma nua

... e adormece em cada palavra que ensurdece.

cirandeira said...

Oi Luís, não sei se tua agenda está "lotada", mas gostaria que desses "um pulinho" lá no meu cantinho, pois faz exatamente 1 ano
que o "cirandeira" passeia pela blogosfera.Terei imenso prazer em recebê-lo. Servirei uma "salada artística" e...!?
Apareça, sim!
Abç

jorge vicente said...

caro luís, mas que belo poema!!!

grande abraço
jorge vicente

Anonymous said...

Discussão exurbitante aqui, post deste modo destacam ao indivíduo que ler aqui :/
Dá maior quantidade de este blogue, a todos os teus seguidores.