Numa hora, lenta e calada
desinquieto,
punha um perfume leve
vestia-me de emoção.
Trancava a porta
de um convento solitário.
Puxava de um cigarro
para que o arabesco singular do fumo
me tranquilizasse.
Ensaiava gestos, em ritmo de oração
num porte infantil
de súbitos receios
e temente que a sedução
se travestisse em frustração.
Hora de entardecer,
endoidecido cavalgava sem parar
e na Barata Salgueiro, no silêncio da espera, pesadelos de insónia, sofria de imaginar,
que ela se arrependesse,
ou não quisesse assistir
a uma obra de culto...até a sentir como um relâmpago aparecer.
Extasiado ao vê-la
ternura súbita
arrepio de comoção
como se de súbito um jardim invadisse o meu corpo.
Senti no ar carícias
Prendi nas mãos todo o luar.
Desperdiçava tempo,
a procurar coragem
para que o desejo fosse beijo.
Minutos sem descanso
e os discursos que preparara, desmaiavam ao brotar.
Mas o físico e a alma
reclamavam vencer o medo
e roer a solidão
Hora de fazer milagres
abandonava os dedos descuidados
esgotados de esperar
aflitos rondavam a sua pele
esperando o seu afago
à espera do intimo silencioso
um ar onde o hálito é doce.
Num jardim de segredos
ousava ser homem então.
Na Cinemateca,
uma sala imensa suspensa
na espuma do silêncio
o espírito estremecia
o corpo tremia
o coração ardia
ao som da melodia
a Jeanne Moreau surgia
o brilho de uma estrela
apertava ainda mais a paixão
com uma nova respiração
explodia a relação.
Na Cinemateca,
foi uma noite bela
uma flor poética
que parecendo eterna
invadiu o coração.
desinquieto,
punha um perfume leve
vestia-me de emoção.
Trancava a porta
de um convento solitário.
Puxava de um cigarro
para que o arabesco singular do fumo
me tranquilizasse.
Ensaiava gestos, em ritmo de oração
num porte infantil
de súbitos receios
e temente que a sedução
se travestisse em frustração.
Hora de entardecer,
endoidecido cavalgava sem parar
e na Barata Salgueiro, no silêncio da espera, pesadelos de insónia, sofria de imaginar,
que ela se arrependesse,
ou não quisesse assistir
a uma obra de culto...até a sentir como um relâmpago aparecer.
Extasiado ao vê-la
ternura súbita
arrepio de comoção
como se de súbito um jardim invadisse o meu corpo.
Senti no ar carícias
Prendi nas mãos todo o luar.
Desperdiçava tempo,
a procurar coragem
para que o desejo fosse beijo.
Minutos sem descanso
e os discursos que preparara, desmaiavam ao brotar.
Mas o físico e a alma
reclamavam vencer o medo
e roer a solidão
Hora de fazer milagres
abandonava os dedos descuidados
esgotados de esperar
aflitos rondavam a sua pele
esperando o seu afago
à espera do intimo silencioso
um ar onde o hálito é doce.
Num jardim de segredos
ousava ser homem então.
Na Cinemateca,
uma sala imensa suspensa
na espuma do silêncio
o espírito estremecia
o corpo tremia
o coração ardia
ao som da melodia
a Jeanne Moreau surgia
o brilho de uma estrela
apertava ainda mais a paixão
com uma nova respiração
explodia a relação.
Na Cinemateca,
foi uma noite bela
uma flor poética
que parecendo eterna
invadiu o coração.
Luís Galego
* após ouvir - uma vez mais - Paulo de Carvalho e Sábado à Tarde.
9 comments:
Hum, Sábado à tarde... Quase consigo ouvir o Paulo de Carvalho.
Maravilhoso relato, parece que também lá estivemos!
Infinito, a caber na mão...
Parabéns!
Na cinemateca...
Mais um onde acontece de tudo como outro qualquer.
Haja disposição e vontade.
Abraço-te
Lindo o poema e a cinemateca mais os sentimentos aqui inerentes.
Bom fim de semana.
Lindo!!!
beijinhos
E tinha mesmo que ser na Cinemateca, nesse lugar mágico onde os sonhos cavalgam as realidades da Vida e um beijo pode ser roubado ao ritmo da fita...
Abraço.
Que lugar mágico, que pena tenho de nao pernoitar por lá as vezes que gostaria...
Reparei que Chico Buarque pertence-te. Deixo a sugestão do ultimo livro dele que foi tão extraordinario para mim, passados uns meses ainda o trago por vezes a borbulhar na minha cabeça.
abraço
:)
Gostei!!
Bjitos
Que giro
Na noite de segunda feira 13 Outubro, estive na Cinemateca para assistir ao filme Wolf, integrado no Ciclo filmes e Ambiente e tirei uma foto igual a esta, publicada no meu FB. O mesmo olhar...
e segunda à noite leio este teu poema maravilhoso. parabéns. és fantástico.
abraço
jorge vicente
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