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Thursday, January 04, 2007

ao contrário das ondas


É impressionante como numa cidade com uma oferta cultural tão rica como Lisboa (…) há tão pouca procura e se mantém no galarim esta gente bacoca, espertalhona e pobre de espírito que ostenta uns três automóveis de luxo e tem duas casas de veraneio e quantas vezes mistura negócios sujos com o seu peso político. Gente com ódio à liberdade e com desdém pelo povo, excepto quando fazem discursos eleitorais.
"Ao Contrário das Ondas", romance de Urbano Tavares Rodrigues, é um livro ousado, sobre os sentimentos, que questiona o futuro das sociedades actuais. É um romance intimista e que procura descer ao fundo da condição humana que, além de abordar o amor, o tempo e a liberdade, a obra procura suscitar a reflexão sobre "o capitalismo neoliberal", que fomenta cada vez mais a lógica "do rendimento e do êxito". Ao incluir no livro a hipótese de "uma privatização parcial do sistema judicial", pretende levar a reflectir sobre o futuro da sociedade. Segundo o autor, "as privatizações contrariam o sistema socialista e a Democracia", cabendo aos cidadãos "fazer frente ao que parece inexorável, mesmo que para isso tenham de sofrer duras consequências", como sucede com algumas personagens do livro. "A globalização capitalista parece hoje ser o único caminho, apesar de conduzir à desigualdade e à injustiça, mas é possível fazer-lhe frente” e o sentido do título é precisamente esse: ir contra as ondas. Neste cenário de convulsões políticas, o autor inscreveu as vivências das personagens que, num momento actual, "olham para o passado", observando à distância "as máscaras usadas ao longo do tempo" e o conflito que continua a instalar-se "entre as suas ambições e os seus ideais". As palavras de Urbano pintam o retrato da nossa gente, do nosso país. Reflecte-se muito neste livro o desejo de, como o próprio título diz, ir “Ao Contrário das Ondas, de remar contra a maré, num mergulho profundo ao ser humano.

[Foi uma bela prenda de Natal, que li num ápice. Na capa não aparece o mar, mas um comboio. Mas nas duas imagens encontra-se a ideia da vida como uma viagem. Aos 83 anos, e depois de mais de 50 obras publicadas, Urbano Tavares Rodrigues não quer e não deve parar de escrever].

Friday, October 13, 2006

estrada DE MORRER/Urbano Tavares Rodrigues

“Não há dúvida de que a saudade pode matar. Digo-o porque conheci aquele extremo em que, para além do não comer e do não dormir, a ânsia de falar com um ente que nos morreu é tão intensa e desesperada que permite compreender como outros inventam o mito da eternidade”.
Estrada de Morrer, Publicações Europa América, 1996


Finalmente o livro chegou às minhas mãos; já tinha lido excertos por via dos textos de Maria Teresa Horta. Sublime, como é que a dor pode ser sublime?